PERFIL DE PORTADORES DE HEPATITE C E A VULNERABILIDADE DA POPULAÇÃO: POTENCIALIDADES PARA A ENFERMAGEM

Autores

  • Delmar Teixeira Gomes Universidade Federal de Juiz de Fora - Hospital Universitário
  • Florence Romijn Tocantins Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
  • Fabiana Barbosa de Assumpção Souza Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.9789/2175-5361.2010.v0i0.%25p

Palavras-chave:

Hepatite C, Vulnerabilidade, Enfermagem.

Resumo

INTRODUÇÃO: A infecção pelo vírus da hepatite C (HCV) tem acometido silenciosamente um grande número de pessoas, o que contribui para uma alta estimativa da incidência de infectividade pelo vírus HCV no Brasil e no mundo, o que tem se tornado uma preocupação na área da saúde pública (BRASIL, 2008). A transmissão desse tipo de vírus ocorre predominantemente por via parenteral, e principalmente através do compartilhamento de agulha usada pelos usuários de drogas injetáveis. Uma das principais fontes de infecção foi, até 1990, a transfusão de sangue (BRASIL, 2008). Esta situação mudou quando a pesquisa de anticorpos reativos para HCV passou a fazer parte da rotina da vigilância do sangue. Pode-se dizer que ainda existe uma reduzida participação do enfermeiro na prevenção dessa doença, além da necessidade de uma atuação mais sistematizada em relação à promoção da saúde da população. Diante da situação epidemiológica e social, envolvendo a hepatite C, pode-se traçar o perfil dos portadores do HCV, bem como identificar dimensões de vulnerabilidade, com isso priorizar às necessidades sociais e de saúde desse grupo, seja de forma individual ou coletiva para o planejamento de uma   assistência  com   integralidade (AYRES, 2006).  O enfermeiro ao identificar o indivíduo ou grupos da população como sujeitos com necessidades de saúde, reconhece o contexto de vida ou situação que esteja sendo vivenciado, incluindo limitações em atividades sociais ou funções fisiológicas que comprometem a saúde, e que condiciona a vulnerabilidade do grupo, conforme as concepções de Tocantins e Souza (1997). Sendo assim, o enfermeiro identifica dimensões determinantes e condicionantes para um melhor respaldo quanto à forma de atuar (CROZETA,  et al. 2009), o que permite identificar também as prioridades de assistência e assumir uma responsabilidade muito importante, no sentido de somar esforços a equipe de saúde multiprofissional  para minimizar a vulnerabilidade da população ao vírus da hepatite C.

OBJETIVOS: Descrever o perfil dos usuários de um serviço de saúde, diagnosticados como portadores do vírus da hepatite C e,  Analisar a vulnerabilidade da população para hepatite C, a partir do perfil dos portadores do vírus.

METODOLOGIA: Trata-se de um estudo do tipo transversal, desenvolvido no Centro de Referência em Hepatologia do Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora. A população de estudo foi composta por usuários desse serviço de saúde, diagnosticados como portadores do HCV, entre os anos de 2004 a 2008, com a idade delimitada na faixa etária de 18 a 60 anos. Foram analisados os prontuários de 260 portadores do HCV e após a coleta das informações com base num roteiro contendo 30 variáveis focalizando aspectos sóciodemográficos e relativos à história de vida e de saúde dos portadores de HCV. As informações coletadas foram registradas em banco de dados, através do programa Statistical Package for Social Sciences – SPSS, versão 15.0. Realizou-se a análise univariada das variáveis, em seguida, estas informações foram organizadas, sistematizadas, analisadas, e os resultados foram representados através de tabelas. Posteriormente, foi constituído um quadro de características das dimensões de vulnerabilidades dos portadores da hepatite C, tendo por referencia a concepção de Ayres (2006). Diante dos dados obtidos, utilizou-se também uma análise de conteúdo, fundamentada nas concepções de Bardin (2002).

RESULTADOS: Constatou-se que a faixa etária de 41 a 60 anos de idade apresenta a maior incidência. O sexo masculino apresenta um risco epidemiológico maior, com história de uso de drogas injetáveis, inaláveis e álcool; em suas relações sexuais, não faz uso do preservativo, sendo que uma boa parte dos portadores recebeu hemotransfusão até a década de 90. Com base no perfil e nas características gerais das dimensões de vida dos portadores, podem ser identificadas vulnerabilidades nas dimensões individuais e programáticas. Ao caracterizar as vulnerabilidades é importante reconhecer a interdependência entre as diferentes dimensões , o que poderá fundamentar a proposição das ações de saúde, que visem a satisfazer as necessidades sociais e de saúde da população (TOCANTINS; SOUZA, 1997; CROZETA, et al. 2009).

CONCLUSÕES: O estudo permite agregar novas maneiras de pensar, valorizar e articular a situação do portador do vírus da hepatite C com a vulnerabilidade da população, e apontar para possibilidades e maior visibilidade na atuação do enfermeiro. As situações de vulnerabilidade identificadas estão relacionadas ao estilo de vida adotado pelos portadores, bem como às características do atendimento nos serviços sociais e de saúde, apontando para vulnerabilidade individual e programática. No caso da vulnerabilidade de grupos para a infecção pelo HCV, cabe afirmar que o enfermeiro deve ficar atento a estas questões e converter as limitações da população em práticas de prevenção do agravo e promoção da saúde. O enfermeiro tem competência profissional para valorizar as dimensões de vida desse grupo de portadores do HCV, bem como as vulnerabilidades apresentadas pela população à infecção pelo vírus. Assim, poderá primar pela integralidade do cuidado e elaborar um plano sistematizado de assistência de enfermagem, conforme a realidade individual do portador e de grupos da população na atenção básica.

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Biografia do Autor

Delmar Teixeira Gomes, Universidade Federal de Juiz de Fora - Hospital Universitário

Enfermeiro Obstetra

Mestre em Enfermagem

Professor da SUPREMA (Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de Fora)

Enfermeiro do Hospital Universitário da Universidade Federal de juiz de Fora

Florence Romijn Tocantins, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

Enfermeira, Doutor em Enfermagem; Professor Titular da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto – UNIRIO

Fabiana Barbosa de Assumpção Souza, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

Enfermeira, Doutor em Clinica Médica - UFRJ, Professor Adjunto da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto – UNIRIO

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Publicado

2010-11-25

Como Citar

1.
Gomes DT, Tocantins FR, Souza FB de A. PERFIL DE PORTADORES DE HEPATITE C E A VULNERABILIDADE DA POPULAÇÃO: POTENCIALIDADES PARA A ENFERMAGEM. Rev. Pesqui. (Univ. Fed. Estado Rio J., Online) [Internet]. 25º de novembro de 2010 [citado 18º de abril de 2024];. Disponível em: https://seer.unirio.br/cuidadofundamental/article/view/968

Edição

Seção

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