O OLHAR CLÍNICO DE ENFERMEIRAS SOBRE O CORPO TEGUMENTAR: UM ESTUDO DIAGNÓSTICO ACERCA DA PREVENÇÃO DE ÚLCERA POR PRESSÃO

Autores

  • Neuracy Fernandes de Souza UFRJ

DOI:

https://doi.org/10.9789/2175-5361.2010.v0i0.%25p

Palavras-chave:

Cuidados de Enfermagem, Corpo Humano, Úlcera por Pressão

Resumo

 

Neuracy Fernandes de Souza (Enfermeira. Especialista em Enfermagem Dermatológica. Mestranda em Enfermagem da Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ. Coordenadora da Comissão de Métodos Relacionados à Integridade da Pele (COMEIP), do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (UFRJ). E-mail: neuracy.fernandes2@gmail.com.br Nébia Maria Almeida de Figueiredo (Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Professora Titular de Fundamentos de Enfermagem da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Diretora da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto da UNIRIO. )

Descritores : Cuidados de Enfermagem, Corpo Humano, Úlcera por Pressão

 

INTRODUÇÃO: Trata-se de um projeto de dissertação de mestrado em enfermagem com ênfase em aspectos de relevância para a enfermagem fundamental. Neste estudo abordaremos a questão da prevenção de úlcera por pressão úlcera por pressão para ampliar a produção de conhecimentos sobre o que não está dito. Acreditamos que é possível preveni-las a partir de um olhar detalhado que chamamos de “olhar clínico”1 sobre o corpo tegumentar. Esta pesquisa não trata de estudar os cuidados de prevenção para úlcera por pressão durante a internação do cliente, mas de um “olhar clínico” que devemos ter para identificar no corpo tegumentar2 do cliente possibilidades ou não de desenvolvimento de úlcera por pressão, no primeiro dia de internação. “Olhar clínico” sobre o corpo tegumentar é aquele que se fundamenta em conhecimentos científicos, que considera que o corpo e seus sentidos contribuem com diagnósticos e intervenções acerca do risco a integridade da pele, em relação à prevenção de úlcera por pressão. Assim, ao optar pela prevenção de úlcera por pressão destacando o “olhar clínico” como ação de cuidar, objetiva-se ampliar a linguagem e os avanços em estudos que mostrem como as úlceras são desenvolvidas, e ampliar também reflexões sobre sua natureza multicausal. Os fatores já identificados como indicadores de desenvolvimento de úlcera por pressão, como fluxo sanguíneo, oclusão capilar, áreas de saliências ósseas do corpo, pele fina, menos elástica, alimentação, hidratação, colágeno como amortecedor da quebra da microcirculação, já são conhecidos e identificados quando a úlcera por pressão se instala3 Isto leva a crer que o “olhar clínico” da enfermeira, instrumento de prevenção, não se faz no tempo e espaço em que deveria acontecer. E, ainda, destaca-se que é preciso que se desenvolva uma aprendizagem para se olhar a pele como área do corpo capaz de indicar não só sinais e signos, como novos elementos do conhecimento sobre úlcera por pressão. O “olhar” pode ser treinado para melhor ver e assim criar novos argumentos para prevenção das úlceras por pressão, caracterizando-o como um “olhar clínico”. Desta forma, assume-se como hipótese que há uma sistematização no discurso médico (e da saúde) que concebe o “olhar como tecnização da linguagem sobre o corpo”. 4: Isto porque acontecimentos ocorrem e modificam as representações, sistematizando de forma diferente os discursos que a medicina de alguma maneira segue e a enfermagem também. Temos a consciência de este é um novo discurso de prevenção; no entanto, a qualidade clínica do olhar no sentido de prevenir úlcera por pressão, propõe-se fazer “uma troca de sentidos epistemológicos” (11), no qual o invisível se torna visível pela acumulação de pequenas coisas que constituem o que comumente se chama: a clínica. Diante da úlcera por pressão já instalada, levanta-se a questão se a enfermeira sabe realmente olhar para o corpo tegumentar quando o cliente se interna, e o que se valoriza verdadeiramente quando faz o exame físico no ato da internação, em relação à pele. Neste, apenas se vê o visível, provavelmente já instalado em uma mancha, uma hiperemia que se anuncia no corpo, não se voltando “para a tarefa de perceber, após ter por muito tempo especulado escutando mais e melhor, a razão do que a imaginação, é a relação entre o visível e o invisível necessário a todo saber concreto, que mudou de estrutura e fez aparecer sobre o olhar e na linguagem, o que estava justamente além e aquém do seu domínio”. 1 Este é um estudo preliminar sobre a construção de uma linguagem sobre o “olhar clínico” e em um exercício de “ver”. É preciso saber se o que se vê é comum ou diferente para cada um que o faz. Sendo assim, o pressuposto desta pesquisa é o de que a prevenção deveria iniciar-se no ambulatório para clientes candidatos a internação, ou no primeiro dia de internação, e deveria iniciar na ação de olhar. Para isso, deve-se treinar o olhar, para que seja um “olhar clínico”. Na prática, será que a pele que vai ficar sobre pressão está sendo olhada, ou apenas se muda o cliente de posição por orientação de um relógio, de um protocolo ou de uma rotina? Também não é comum relacionar a intervenção de mudar o cliente de posição a questões mais subjetivas e nem associar que seguir apenas o relógio se caracteriza como uma atitude pré fixada, dura, concreta., que não privilegia o valor do sujeito como individual e sua pele como protetora desse corpo. Dois pressupostos são destacados neste estudo: O primeiro é que o cliente deveria ter sua história de vida, de alimentação, de idade, de condições clínicas preservadas ou não, e a partir daí se instituir um diagnóstico minucioso sobre a pele. Um exame que invista num “olhar clínico”que seja de prevenção de úlcera por pressão. Um segundo pressuposto que surge deste “olhar clínico” é que ele se diferencia de um olhar comum feito no exame físico geralmente fundamentado em um exame físico biomédico5 que busca sintomas e causas das doenças, sua diferença está em ver o que não é visível que pode estar na pele, na expressão facial/corpo, coloração e textura por detrás da pele. Desta forma, delimita-se como objeto de estudo o “olhar clínico” da enfermeira para o corpo tegumentar do cliente como forma de prevenção da úlcera por pressão no ato da internação. OBJETIVOS: Identificar como as enfermeiras examinam o corpo tegumentar no ato da internação e que destaques elas dão para o “olhar clínico” com vista a prevenção de úlcera por pressão; Discutir as implicações do “olhar clínico” como instrumento básico de enfermagem na prevenção de úlcera por pressão. METODOLOGIA: é um estudo qualitativo, descritivo, exploratório. O cenário será unidades de internação de clínica médica, de uma Instituição Hospitalar Universitária. Os sujeitos serão as enfermeiras das referidas unidades dessa instituição . A coleta de dados será pelo preenchimento de um instrumento de admissão, no ato da internação, idealizado pela pesquisadora e que será gravada entrevista semi-estruturada PARA A ENFERMEIRA que será gravada em MP4. As informações serão analisadas considerando a análise de conteúdo temática.6 O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho da UFRJ, sob o número de protocolo 020/10 com data de aprovação em 12 de julho de 2010, sendo respeitados os preceitos da Resolução 196 do CNS/MS.7 RESULTADOS: Por se tratar de uma dissertação de mestrado em andamento, ainda não há resultados em sua totalidade, pois a mesma encontra-se na fase de coleta de dados. CONCLUSÃO: O presente estudo pretende promover o fortalecimento da produção de conhecimento para a enfermagem, favorecendo a teoria, formação e a prática; oferecer subsídios para outras pesquisas que ampliem o saber e a intervenção, além de favorecer a compreensão interdisciplinar de úlceras por pressão, contribuindo para a qualificação da enfermagem com cuidados com o corpo tegumentar. Destaca-se, ainda, a contribuição a ampliação dos estudos na área do diagnóstico de enfermagem na prevenção de úlcera por pressão.

 

 

REFERÊNCIAS

1.FOULCAULT,M. O Nascimento da clínica. 5 ed.Rio de Janeiro(RJ):Forence Universitária:2001.

2 FIGUEIREDO, NÉBIA. M.A, MACHADO,WILLIAM C.A, corpo & saúde.Condutas clínicas de cuidar,RJ.ed Águia Dourada,2009.

3.DEALEY,C. Cuidando de feridas: um guia para enfermeiras. São Paulo: Atheneu;1996.

4.ELLENBERG,E. Do olhar clínico ao carinho ético: Por uma nova linguagem médica. Conselheiro Medicam do Arsenal-TBWA-word Health, 50-54Rue de Silly,92100 Boulogne-Billancourt-France.Tradução de Renan Tavares- Rio de Janeiro, ano:2006.

5.PORTO,C.C.Exame Clínico.Bases para a prática médica,RJ:Ed Guanabara koogan,6 edição,ABDR,2008.

6BARDIN,L. Análise de conteúdo. Lisboa. Editora Revista Actualizada,2008.

7 MINISTÉRIO DA SAÚDE.Diretrizes e normas regulamentares de pesquisa envolvendo seres humanos. Resolução 196/96 do conselho nacional de Saúde, de 10 de outubro de 1996.Brasília,1996.

 

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Biografia do Autor

Neuracy Fernandes de Souza, UFRJ

Enfermeira da comissão de métodos relacionados a integridade da pele/ HUCFF

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Publicado

2010-12-20

Como Citar

1.
Souza NF de. O OLHAR CLÍNICO DE ENFERMEIRAS SOBRE O CORPO TEGUMENTAR: UM ESTUDO DIAGNÓSTICO ACERCA DA PREVENÇÃO DE ÚLCERA POR PRESSÃO. Rev. Pesqui. (Univ. Fed. Estado Rio J., Online) [Internet]. 20º de dezembro de 2010 [citado 16º de abril de 2024];. Disponível em: https://seer.unirio.br/cuidadofundamental/article/view/1114

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