Vicente Coelho de Seabra Silva Teles e a reforma dos cemitérios

Autores

  • Ana Cristina Araújo Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Investigadora do Centro de História da Sociedade e da Cultura da Universidade de Coimbra, Coimbra Largo da Porta Férrea 3004-530 Coimbra Portugal

DOI:

https://doi.org/10.9789/2525-3050.2019.v4i8.229-243

Palavras-chave:

Cemitérios, Higiene Pública, Vicente Coelho de Seabra Silva Teles, Cremação, Química

Resumo

Este artigo foca os aspetos práticos e os conceitos teóricos do debate sobre o ar respirável e o impacto que tais ideias tiveram na reforma dos espaços públicos, em particular dos cemitérios. As teorias químicas sobre combustão, oxidação e respiração de organismos vivos foram adotadas por Vicente Coelho de Seabra Silva Teles que as aplicou, de forma radical, à projetada reforma dos cemitérios em Portugal, no final do século XVIII. Vicente Coelho de Seabra Silva Teles foi professor de Química da Universidade de Coimbra e escreveu a Memoria sobre os prejuisos causados pelas sepulturas dos cadaveres nos templos, e methodo de os prevenir, publicada pela Casa Literária do Arco do Cego. Neste livro, discutiu as razões científicas da reforma dos cemitérios e aderiu às ideias do movimento europeu cremacionista, favoráveis à destruição física pelo fogo dos cadáveres. A voz crítica de Vicente Coelhode Seabra Silva Teles integrou-se na campanha internacional em prol da secularização das necrópoles e antecipou, com base nos conhecimentos da Química moderna, os fundamentos práticos do movimento cremacionista do séculos XIX.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Ana Cristina Araújo, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Investigadora do Centro de História da Sociedade e da Cultura da Universidade de Coimbra, Coimbra Largo da Porta Férrea 3004-530 Coimbra Portugal

Professora Associada com agregação do Departamento de História Estudos Europeus, Arqueologia e Artes da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.

Doutorada em História Moderna e Contemporânea. Regente da Graduação e da Pós-Graduação em História e investigadora integrada do Centro de História da Sociedade e da Cultura (FCT).

 

Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra

 

Referências

ABREU, Laurinda. Pina Manique: Um Reformador no Portugal das Luzes. Lisboa: Gradiva, 2013. 484p.

ARAÚJO, Ana Cristina. A Morte em Lisboa: Atitudes e Representações (1700-1830). Lisboa: Editorial Notícias, 1997. 534p.

ARAÚJO, Ana Cristina. Medicina e Utopia em Ribeiro Sanches. In: BORGES, Anselmo; PITA, António Pedro e ANDRÉ, João Maria (Coords.). Ars Interpretandi: Diálogo e Tempo. Porto: Fundação Eng. António de Almeida, 2000, p. 35-85.

ARAÚJO, Ana Cristina. O governo da natureza no pensamento da geração universitária de finais do século XVIII: os Estatutos Literários e Económicos da Sociedade dos Mancebos Patriotas de Coimbra. In:_______ e FONSECA, Fernando Taveira da. A Universidade Pombalina: Ciência, Território e Coleções Científicas. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2017, p. 87-138.

ARIÈS, Philippe. L’Homme devant la mort. Paris: Editions du Seuil, 1977. 341p.

BENSAUDE-VINCENT, Bernadettee STENGERS, Isabelle. Histoire de la chimie. Paris: La Découverte, 1992. 364p.

BENSAUDE-VINCENT, Bernadette. Chimie. In: DÉLON, Michel. Dictionnaire Européen des Lumières. Paris: PUF, 1997, p. 241- 242.

CATROGA, Fernando. Militância laica e descristianização da morte em Portugal 1865-1911. 2 volumes. Tese (Doutorado em História). Faculdade de Letras, Universidade de Coimbra, Coimbra, 1988. 1.100p.

CATROGA, Fernando. O Céu da Memória. Cemitério romântico e culto cívico dos mortos. Coimbra: Minerva, 1999. 367p.

CORBIN, Alain. Le Miasme et la Jonquille. L’odorat et l’imaginaire social (XVIIIe-XIXe siècles). Paris: Aubier-Montaigne, 1982. 334p.

COSTA, António M. Amorim da. Da natureza do fogo e do calor na obra de Vicente Seabra (1764-1804). In: Atas do Congresso “História da Universidade”. Universidade(s): História, Memória, Perspectivas. Coimbra, Universidade de Coimbra, 1991, p. 137-151.

DIAS, Vitor Manuel Lopes. Cemitérios. Jazigos e sepulturas: Estudo histórico, artístico, sanitário e jurídico. Porto: Domingos Barreira, 1963. 523p.

DILLMANN, Mauro. Morte e práticas fúnebres na secularizada República: Porto Alegre, início do século XX. Jundiaí: Paco Editorial, 2016. 428p.

FERREIRA, Pâmela Campos. Da “conservação dos homens” e “decência dos santuários”: os debates políticos sobre a construção dos cemitérios extramuros em Minas Gerais (1800-1858). Dissertação (Mestrado em História). Programa de Pós-Graduação em História, Universidade de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2018. 203p.

GRMEK, Mirko (Dir.). Histoire de la pensée médicale en Occident. Vol. 2: De la Renaissance aux Lumières. Paris: Éditions du Seuil, 1996. 376p.

KURY, Lorelai. Descrever a pátria, difundir o saber. In: _______(Org.). Iluminismo e Império no Brasil: O Patriota (1813-1814). Rio de Janeiro: Editora Fio Cruz, 2007, p. 141-178.

LOCQUENEUX, Robert. Gaz. In: DÉLON, Michel (Dir.). Dictionnaire Européen des Lumières. Paris: PUF, 1997, p. 567-569.

REIS, João José. A morte é uma festa: ritos fúnebres e revolta popular no Brasil do século XIX. São Paulo: Companhia das Letras, 1991. 360p.

RODRIGUES, Claudia. Lugares dos mortos na cidade dos vivos: Tradições e transformações fúnebres no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, 1997. 274p.

URBAIN, Jean-Didier. L’Archipel des morts: Le sentiment de la morte et les dérives de la mémoire dans les cimetières d’Occident. Paris: Librairie Plon, 1989. 358p.

VIGARELLO, Georges. História das práticas de saúde: A saúde e a doença desde a Idade Média. Lisboa: Editorial Notícias, 2001. 292p.

VOVELLE, Michel. La mort et l’Occident de 1300 à nos jours. Paris: Gallimard, 1983. 793p.

Downloads

Publicado

2020-01-29

Como Citar

Araújo, A. C. (2020). Vicente Coelho de Seabra Silva Teles e a reforma dos cemitérios. Revista M. Estudos Sobre a Morte, Os Mortos E O Morrer, 4(8), 229–243. https://doi.org/10.9789/2525-3050.2019.v4i8.229-243