Considerações sobre o processo composicional do Quarteto nº 2 a partir de relações intertextuais com Villa-Lobos
Resumo
No presente artigo apresentamos o processo composicional do Quarteto nº 2, de minha autoria, tendo em vista suas relações intertextuais com os quartetos de cordas 1, 6 e 14 de Heitor Villa-Lobos, que são objetos de minha pesquisa de doutorado em andamento. Discutimos as possibilidades do uso da textura musical como elemento referencial para a estruturação de uma nova obra a partir desses mesmos quartetos. Inicialmente, fizemos uma breve revisão da literatura sobre intertextualidade musical, apresentando conceitos desenvolvidos por Hatten, Barbosa e Barrenechea, Lima e Pitombeira e Dudeque, e sobre textura musical, apresentando conceitos de Berry e a contribuição de Levy sobre textura e forma, tendo em vista sua utilização no processo criativo da composição do Quarteto nº 2. Discutimos, em seguida, os diversos elementos provenientes da obra de Villa-Lobos para quarteto de cordas que foram utilizados na composição da nova obra, apresentando exemplos musicais e relacionando-os com os diversos tipos de intertextualidade. Assim, a estrutura formal em multimovimentos, o uso da forma livre, rapsódica, o uso de gesto formado por linhas em movimento contrário, a citação direta de motivo, o uso de texturas polifônicas imitativas com densidades diferentes, o uso do timbre específico da surdina e do violoncelo como condutor melódico e o uso de elementos relacionados com aspectos quantitativos e qualitativos texturais em um nível profundo, provenientes dos quartetos de cordas de Villa-Lobos foram importantes referências na concepção e realização da composição do Quarteto nº 2. Finalizamos apresentando possíveis desdobramentos do trabalho, sejam eles referentes à composição de novas obras para formações diferentes, a partir do uso de material proveniente da obra de Villa-Lobos, ou à composição de novos quartetos de cordas, utilizando outros compositores como referência.Downloads
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