OS SOCIOCOMUNICANTES SENSÍVEIS E IMAGINÁRIOS DO CORPO – AS PERCEPÇÕES DO CLIENTE SOBRE O TOQUE / CUIDADO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM NO PÓS-OPERATÓRIO

Autores

  • Vera Lúcia Moura Unirio

DOI:

https://doi.org/10.9789/2175-5361.2010.v0i0.%25p

Palavras-chave:

Percepção tacésica, cuidado de enfermagem, pós-operatório.

Resumo

INTRODUÇÃO. A pesquisa desenvolvida no Curso de Doutorado da EEAN / UFRJ teve como objeto a percepção do cliente quanto ao toque durante o cuidado de enfermagem no pós-operatório. Pauta-se na premissa que a equipe de enfermagem quando toca o cliente durante o cuidado em situações de pós-operatório, emite sinais que são percebidos. Esses sinais são manifestações de expressões verbais, ou não, reveladoras de sentimentos e emoções captadas pelo cliente ao ser tocado. Os clientes no pós-operatório submetidos às cirurgias abdominais portando bolsas de colostomia, drenos e curativos evitam olhar e tocar a região a qual foi realizada a cirurgia. Referem ainda sentimentos como dor, medo, ansiedade, tristeza e solidão, por olhar para o seu corpo algumas vezes lesado ou transfigurado. Essa forma de enfrentar tal realidade tem me feito acreditar que é preciso investigar porque os clientes reagem ao seu corpo operado e que percepções têm sobre ele. O sentido tacésico, embora a palavra nos ligue à mão pelo tato, entendemos que não é só a mão que toca o cliente. Ao cuidar do cliente, tocamos em toda sua dimensão; física, psíquica e afetiva, pelas diferentes formas de olhar, aproximar, ouvir, falar, expressar-se, que é resultante de singularidades físicas ou fisiológicas, aliviar suas dores ou alterações de pressão, manifestadas algumas vezes em seu corpo. Diante disso surge questão norteadora: Qual é a percepção do cliente em pós-operatório de cirurgia abdominal sobre o toque / cuidado de enfermagem em seu corpo? A tese é que a equipe de enfermagem quando toca o cliente durante o cuidado em situações de pós-operatório, emite sinais que são percebidos.  Esses sinais são ou não expressões verbais reveladoras de sentimentos e emoções captados pelo cliente ao ser tocado.

OBJETIVOS: 1 - Identificar as percepções que os clientes em pós-operatório têm acerca do toque durante o cuidado de enfermagem. 2 - Descrever as características e os significados atribuídos a percepção dos clientes ao toque da equipe de enfermagem no pós-operatório.

METODOLOGIA. Acreditamos que o método qualitativo seria o primeiro caminho para a construção do pensamento dos clientes sobre a experiência de ser tocado no pós-operatório, conforme teorizado por Araújo na construção da importância dos sentidos sociocomunicantes. Depois de recebido a aprovação do projeto pelo o Comitê de Ética da Instituição pesquisada atendendo os itens previstos no Conselho Nacional de Saúde através da resolução 196 de 1996, os clientes selecionados foram àqueles submetidos a cirurgias abdominais. O critério de inclusão foi: clientes que concordaram em participar da pesquisa, em um grupo de nove participantes, adultos e idosos, de ambos os sexos.  O processo de exclusão foi constituído de sujeitos que apresentassem desconfortos e ou complicações pós-operatórias tais como neurológicas, respiratórias, circulatórias, gastrintestinais, urinárias, cutâneas e dor, ou portadores de deficiência auditiva ou visual que os impediam de participar do estudo. Todos foram orientados sobre a pesquisa e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (apêndice II). Dos 50 clientes em pós-operatório no período entre os meses de Agosto e Setembro de 2006, definidos para a produção de dados, nove clientes se enquadravam dentro dos critérios de inclusão. Utilizamos a música de Kitaro, para Gianno & Pizzoli (2004, p.39) de estilo denominado New age, que se baseia na idéia de que é possível criar música para alterar o estado de espírito e expandir a consciência para o relaxamento, fundamentado na posição de Gauthier (1999 p.23) como importante, pois o grupo que tem a função de pensar o que lhe é solicitado necessita baixar o seu nível de controle de consciência para permitirem novos derives – novas possibilidades de perceber o que lhe é solicitado. Foram desenvolvidas três dinâmicas, a primeira: Vivência das cores. A segunda dinâmica; o jardim sociocomunicante, que definirmos por dois momentos de produção sobre a criação de flores para a percepção do cuidado e a criação de flores para a percepção do toque. E a terceira dinâmica a vivência dos sociocomunicantes.  

RESULTADOS. 1 - Primeira categoria identificada como: o corpo sociocomunicante em pós-operatório percebe sinais sobre o cuidado e o toque como alimento, natureza, suavidade e delicadeza. 2 -A segunda categoria: Os sentidos sóciocomunicantes do corpo captam sinais de percepção e sensação 3 - A terceira categoria: O corpo Mínimo do cliente em pós-operatório como espaço do cuidado, do toque e da comunicação.

CONCLUSÕES. Consideramos que a tese confirma-se, pois a equipe de enfermagem quando toca o cliente durante o cuidado em situações pós-operatórias emite sinais que são ou não expressões verbais reveladoras de sentimentos e emoções captados pelo cliente ao ser tocado. Atingi os objetivos propostos, pois  identifiquei que a equipe de enfermagem é percebida na vivência dos sentidos sociocomunicantes através do toque de forma delicada e firme despertando sentimento de proteção, através do toque,  sentimentos de carinho, atenção, dedicação, confiança, paciência, delicadeza, alegria e tristeza, percebem irritação por falta de recursos materiais, sentem necessidade de cuidado com o ambiente e preocupação e atenção com a equipe de enfermagem. Esta percepção do tocar identifica que a linguagem dos sentidos consegue valorizar e aprofundar a relação entre cliente e equipe de enfermagem. Para Figueiredo (2004, p.42) tocar é cuidar básico de enfermagem, exige presença física e espiritual, implicando todos os sentidos corporais, envolve sensações internas como massagens e funcionam como estimuladores profundos das emoções do cliente. Dell”acqua, Araújo e Silva (1998,p.4) confirmam que o ato de tocar é sempre apontado como um tipo especial de proximidade, pois quando uma pessoa toca a outra, a experiência inevitavelmente é recíproca. Toca-se para "passar" algo, "sentir" algo, desde a temperatura, forma, emoção, entre outros... Assim é ressaltada a necessidade do enfermeiro de perceber o processo de comunicação, devendo validá-lo e interpretá-lo sempre no contexto em que ocorre a interação. E o toque faz parte das atividades cotidianas da equipe de  enfermagem e em algumas circunstâncias particulares, devem ser consideradas e receber atenção específica. Essas situações dizem respeito à condição de vivenciar o isolamento, a dor, a auto-estima e a auto-imagem comprometidas, o processo de morrer ou qualquer outra situação. Através deste estudo as características atribuídas pelos clientes à equipe de enfermagem, destacam as atitudes profissionais, emoções e comunicação. Apoiada em Gauthier (1998, p.23) podemos considerar que esta pesquisa foi norteada por estes princípios, adaptada para o uso dos sentidos sociocomunicantes através da qual os  clientes em pós-operatório revelaram percepções acerca do toque durante o cuidado de enfermagem. Foi respeitado suas culturas, categorias, conceitos e sentido espiritual quando geraram suas informações acerca de suas percepções sobre o toque, considerando que eles são responsáveis pela criatividade na criação do aprender, conhecer e pesquisar utilizando vivências. Acredito que agora tenho um novo caminho a percorrer com responsabilidade de manter estudos , pois esta é mais uma maneira de estudar e conhecer o cuidado com todos os nuances e desvelamentos das emoções dos sujeitos da pesquisa , com os Sentidos sociocomunicantes, e testar e estimular graduandos e pós-graduandos e profissionais à tocarem seus clientes, de forma consciente e intencional,  integrados na forma de assistir, mostrando novas formas de pesquisa em vivências de aproximação.

REFERÊNCIAS.

ARAÚJO, S.T. C, Os sentidos corporais dos estudantes no aprendizado das CNV ao cliente na recepção pré-operatória – uma semiologia da expressão através da sociopoética. Tese de doutorado, UFRJ/EEAN. 2000.p.123,124,139,143,145,-157,161,167,179,195 e 196.

DELL”ACQUA, MC.Q; ARAÚJO, V.A. e SILVA, M.J.P. Toque: Qual o uso atual pelo enfermeiro. Revista Latino Americana.V.6,n.2.Ribeirão Preto,abril,1998,p.3 e 4.

FIGUEREDO, N.M.A. Cuidando de clientes com necessidades especiais, motora e social.SP:Difusora,2004,p.42.

GAUTHIER, J A Sociopoética  RJ.Ed. EEAN,1999,p.13 e 23.GIANNOTTI, Lenice Aparecida & PIZZOLI, Lourdes Margareth  Leite, Musicoterapia na dor: diferenças entre os estilos jazz e new age,. Revista Nursing, v.71, n.7,abril 2004,p39

UNIRIO / HUGG. Disponínel em: http://www.unirio.br/hugg/index.htm acesso 011106.

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Biografia do Autor

Vera Lúcia Moura, Unirio

DEMC/EEAP

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Publicado

2010-10-23

Como Citar

1.
Moura VL. OS SOCIOCOMUNICANTES SENSÍVEIS E IMAGINÁRIOS DO CORPO – AS PERCEPÇÕES DO CLIENTE SOBRE O TOQUE / CUIDADO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM NO PÓS-OPERATÓRIO. Rev. Pesqui. (Univ. Fed. Estado Rio J., Online) [Internet]. 23º de outubro de 2010 [citado 21º de novembro de 2024];. Disponível em: https://seer.unirio.br/cuidadofundamental/article/view/829

Edição

Seção

Revisão Sistemática de Literatura

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