AIDS E IDOSOS: CONTRIBUIÇÕES PARA O PLANEJAMENTO DO CUIDADO DE ENFERMAGEM

Autores

  • Luana Lima Riba Andrieto Fernandes Escola de Enfermagem Anna Nery
  • Jaqueline Da Silva Escola de Enfermagem Anna Nery

DOI:

https://doi.org/10.9789/2175-5361.2010.v0i0.%25p

Palavras-chave:

Idoso, Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, Enfermagem

Resumo

INTRODUÇÃO: De acordo com a Organização Mundial de Saúde, são considerados idosos indivíduos com idade igual ou superior a 65 anos nos países desenvolvidos e a 60 anos nos países em desenvolvimento (WHO, 2005, p. 8-12), como é o caso do Brasil. O Ministério da Saúde (2006, p. 07) aponta que essa diferença de parâmetro ocorre devido a não associação de melhores condições de vida ao envelhecimento e a rapidez desse processo nos países em desenvolvimento, não permitindo planejamento ou reorganização por parte da sociedade e da área de saúde. A longevidade, o incremento da vida social e o avanço tecnológico contribuem para o aumento das práticas sexuais entre os idosos. O Ministério da Saúde estima que 74% dos homens e 56% das mulheres casados continuem a ter práticas sexuais após os 60 anos, contudo, ainda são escassas iniciativas preventivas e assistenciais para o controle da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) nessa faixa etária, aumentando a vulnerabilidade dos idosos em relação à doença (BRASIL, 2006, p. 116).

OBJETIVOS: (i) Descrever os dados demográficos e epidemiológicos referentes à AIDS no Brasil, na região Sudeste, no estado e no município do Rio de Janeiro para a população geral e a idosa; (ii) Apontar a importância do consumo desses dados para o planejamento do cuidado de enfermagem aos idosos.

METODOLOGIA: Trata-se de estudo corte temporal com abordagem quantitativa. A coleta de dados foi realizada através de consulta documental ao DATASUS. O intervalo de recorte temporal foi de cinco anos. A pesquisa foi limitada até 2007 pela disponibilidade dos dados no DATASUS. Os dados obtidos foram reorganizados em planilhas de Excel® para facilitar a análise.

RESULTADOS: de forma pontual destacamos alguns dados referentes ao período de 1992 a 2007. (i) Crescimento populacional: no Brasil, o aumento na população geral foi de 27,34% enquanto que na população idosa foi de 62,77%. Na região Sudeste, a população geral teve um crescimento de 26,79% e a população idosa de 65,63%. No estado do Rio de Janeiro, o crescimento foi de 21,85% na população geral e de 54,12% na população idosa. No município do Rio de Janeiro, a população geral cresceu 12,47% enquanto que a população idosa aumentou 38,52%. Assim, apesar de uma desaceleração no crescimento demográfico absoluto do âmbito nacional para o municipal, o crescimento da população idosa em relação à população geral foi de 17,27% no Brasil, de 19,81% na região Sudeste, de 23,43% no estado do Rio de Janeiro e de 35,23% no município do Rio de Janeiro. (ii) Taxas de incidência (por 100.000 habitantes) de AIDS: no Brasil, a taxa de incidência de AIDS na população geral passou de 10,03 para 17,79 representando um crescimento de 69,59%. Já na população idosa a taxa passou de 2.05 para 6,83, um aumento de 233,17%. Na Região Sudeste, a taxa na população geral passou de 17,68 em 1992 para 23,24 em 2007 e o crescimento foi de 12,44%. Na população idosa a taxa passou de 3,5 para 7,64, representando um aumento de 118,29%. No estado do Rio de Janeiro a taxa de incidência na população geral passou de 17,35 para 28,29, um crescimento de 63,05%. Já na população idosa, passou de 4,42 para 8,97, representando um aumento de 102,94%. No município do Rio de Janeiro a taxa de incidência de AIDS na população geral passou de 25,85 em 1992 para 35,91 em 2007, tendo um aumento de 38,92%. Na população idosa essa taxa passou de 6,7 para 10,02 e o crescimento foi de 49,55%. (iii) Casos de AIDS diagnosticados: no Brasil, o aumento foi de 123,54% na população geral e de 556,22% na população idosa. Na região Sudeste foi de 34,71% na população geral e de 251,89% na população idosa. No estado do Rio de Janeiro o crescimento foi de 100,13% na população geral e de 198,25% na população idosa. E no município do Rio de Janeiro foi de 56,07% e 106,98% na população geral e idosa, respectivamente. Esses dados são alarmantes por retratarem um significativo aumento da epidemia de AIDS entre os idosos. De acordo com Zornitta (2008, p. 2), o crescimento do número de idosos com AIDS deve-se, em parte, pela possibilidade de envelhecimento que os pacientes soropositivos tiveram a partir do controle da doença pelos medicamentos antirretrovirais (ARV) mais eficazes. A outra parcela de idosos com o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) descobriu-se infectada recentemente. Segundo Pottes e outros (2007, p.339-350) a causa para esse fenômeno pode ser influência do preconceito social em relação ao sexo na terceira idade, que tem colocado esse público às margens das campanhas de conscientização sobre DST, de maneira que a prevenção e o tratamento da AIDS entre os idosos são negligenciados por causa da crença de que os mesmos não praticam quaisquer comportamentos de risco, tornando-os vulneráveis à contaminação. Além de os dados epidemiológicos serem preocupantes, Brasileiro e Freitas (2006, p. 790-792) afirmam ainda que os efeitos imunossupressores da AIDS manifestam-se mais rapidamente nas pessoas idosas devido à imunossenescência, que de acordo com Macedo-Soares; Matioli & Veiga (2006, p. 873), é um declínio fisiológico da função imune em decorrência do envelhecimento. Destarte, Sousa (2008, p. 63) afirma que a taxa de mortalidade entre idosos soropositivos é maior que entre os mais jovens e a sobrevida e o tempo entre o início da infecção e o aparecimento de sintomas são menores nas pessoas mais velhas. É importante, contudo, atentar-se para as peculiaridades de uma geração de idosos que não está acostumada a discutir e/ou viver livremente sua sexualidade, não está familiarizada com o uso de preservativos ou não tem acesso aos mesmos e não se sente vulnerável de se infectar pelo HIV. Diante disso, é necessário que estudantes e profissionais de enfermagem capacitem-se para acolher o idoso de forma competente nos diferentes níveis e cenários de atenção, oferecendo apoio emocional e educativo a fim de prevenir, buscar o diagnóstico precoce e tratar a infecção pelo HIV nessa clientela.

CONCLUSÕES: Um dos principais desafios impostos à enfermagem gerontológica é utilizar dados e consumir resultados de pesquisas epidemiológico-sociais, disponibilizando aos idosos subsídios informativos e educativos que - através de intervenções cultural e motivacionalmente adequadas às realidades geracionais em seus respectivos contextos nacional e regionais – tem potencial para contribuir efetivamente para redução dos preocupantes percentuais de soropositivos idosos.

REFERÊNCIAS:

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Biografia do Autor

Luana Lima Riba Andrieto Fernandes, Escola de Enfermagem Anna Nery

Mestranda do Departamento de Enfermagem Médico-Cirúrgica(DMEC) do Núcleo de Pesquisa em Enfermagem Hospitalar (NUPENH) da Escola de Enfermagem Anna Nery (EEAN), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Jaqueline Da Silva, Escola de Enfermagem Anna Nery

PhD em Enfermagem Gerontológica (UCSF/USA) e Pesquisa em Drogas (CAMH/UT/Canada). Enfermeira, Pesquisadora, Professora Colaboradora, Membro da Diretoria do Núcleo de Pesquisa em Enfermagem Hospitalar (NUPENH) do Departamento de Enfermagem Médico-Cirúrgica (DEMC) da Escola de Enfermagem Anna Nery (EEAN) / Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

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Publicado

2010-11-17

Como Citar

1.
Fernandes LLRA, Da Silva J. AIDS E IDOSOS: CONTRIBUIÇÕES PARA O PLANEJAMENTO DO CUIDADO DE ENFERMAGEM. Rev. Pesqui. (Univ. Fed. Estado Rio J., Online) [Internet]. 17º de novembro de 2010 [citado 5º de novembro de 2024];. Disponível em: https://seer.unirio.br/cuidadofundamental/article/view/935

Edição

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