O CUIDADO DE ENFERMAGEM E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA PREVENIR A DEPRESSÃO PÓS-PARTO NA ADOLESCÊNCIA
DOI:
https://doi.org/10.9789/2175-5361.2010.v0i0.%25pPalavras-chave:
Depressão pós-parto, Adolescente, Enfermagem.Resumo
Introdução: Ao longo da gestação, a mulher passa por transformações biológicas, sofre com as apreensões de uma nova fase - a maternidade. Durante a adolescência ocorrem significantes transformações no corpo, emocionais e no desempenho de papéis sociais, tais mudanças tomam maiores proporções quando há uma gravidez neste período. Dessa forma, a puérpera adolescente pode ficar mais vulnerável e manifestar alguns transtornos psíquicos específicos, como a depressão pós-parto. Moraes et al (2006) alertam para a relevância da depressão pós-parto como problema de saúde pública e enfatizam a necessidade de estratégias de prevenção e tratamento. O objeto desta pesquisa consiste nas ações e intenções do enfermeiro na prevenção da depressão pós-parto em adolescentes.
Objetivos: Identificar os motivos-para do enfermeiro para a prevenção da depressão pós-parto e Compreender a intencionalidade do enfermeiro mediante suas ações.
Metodologia: Este estudo utilizou a abordagem qualitativa, através da fenomenologia compreensiva de Alfred Schutz. Foi realizada em uma maternidade escola da cidade do Rio de Janeiro, com enfermeiros do alojamento conjunto que cuidam de puérperas adolescentes. Esses foram convidados a participar do estudo e para tanto, assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE), sendo seguidas as determinações da Resolução 196/96. O referencial teórico metodológico de Alfred Schutz propõe uma compreensão através da interpretação da vida do ser humano, como ele é vivido no cotidiano. Suas concepções nos permitem ver o homem em sua totalidade e singularidade. Na fenomenologia, precisamos deixar de lado, em suspensão, nossos conceitos e pré-conceitos, para visualizar as coisas como elas são, como se mostram. O ponto chave de ligação entre o método e a enfermagem se dá exatamente nesta afirmativa, pois para cuidar de um modo empático, integral, singular, precisamos pôr de lado os pressupostos e cuidar do outro tal como ele se revela no dia a dia. Tratando-se de adolescentes, essa suspensão de conceitos se faz ainda mais necessária, tendo em vista a especificidade da clientela e do cuidado. Para Schutz (1972), a conduta e as ações de outra pessoa são captadas por meio de seu corpo. Daí a necessidade de estarmos atentos, no cotidiano assistencial para os sinais que a adolescente-mãe nos dá, mediante suas relações com a maternidade, com a nova vivência maternal.
Resultados: Mediante a entrevista fenomenológica, com as seguintes questões orientadoras: Quais são as ações que você desenvolve com as adolescentes mães para prevenir a depressão pós-parto? O que você tem vista quando desenvolve essas ações?
Para a primeria questão emergiram as seguintes ações e respectivas categorias:
- Ficar mais atenta às relações da adolescente-mãe com seu filho;
- Solicitar acompanhante para a puérpera;
- Conversar mais com a adolescente-mãe;
- Estimular o contato mãe e filho;
Essas ações revelam que o (a) enfermeiro (a) apresenta a intencionalidade de evitar a depressão pós-parto, mediante condutas terapêuticas subjetivas, que ocorrem face à intersubjetiviadade da mãe para com o recém-nascido. Os motivos-para mostram que os enfermeiros identificam a necessidade de um cuidado de enfermagem mais próximo e efetivo, vivenciado de modo singular com cada adolescente. Para compreendermos tais ações, foi preciso desvelar o que estava por trás destas condutas. Não basta identificá-las, mas precisamos compreender as intencionalidades das mesmas.
Diante da segunda questão orientadora da entrevista: O que você tem vista quando desenvolve essas ações? As categorias emergentes constuíram-se em:
- Promover o apego entre mãe e filho;
- Evitar a depressão pós-parto.
O enfermeiro desenvolve as ações, buscando contribuir na formação do apego desta mãe com seu filho, evitando então a depressão pós-parto.
Conclusão: O relacionamento da adolescente com seu filho, com o fenômeno da maternidade tem uma ligação intrínseca das relações dela com seus progenitores, principalmente, sua mãe. Devemos considerar as características desta adolescente, tendo um olhar atento para captação daquilo que está velado por trás do silêncio, do isolamento, da irritabilidade, e muitas vezes, da rebeldia. Compreendemos que os enfermeiros estão direcionados na prática assistencial, ao cuidado integral desta adolescente mãe, desenvolvendo ações de ajuda integral na tentativa de apoiá-las evitando a depressão pós-parto, através do apego do sujeito deste cuidar com o RN.
Referências:
BARBOSA, E. M. S.; SILVA, M. C.; SILVA, M. R.; MONTENEGRO, M. C.; PETRIBÚ, K. Depressão pós-parto na adolescência: um problema relevante? Rev. Saúde Pública. Out. 2006, 40(5):935-937.
MAAKAROUN, MF; SOUZA, RP; CRUZ, AR. Tratado de adolescência: um estudo
multidisciplinar. Rio de Janeiro: Cultura Médica; 1991.
MORAES, I. G. S. et al. Prevalência da depressão pós-parto e fatores associados. Revista de saúde pública v.40 n.1 p. 65-70. 2006. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rsp/v40n1/27117.pdf.
SCHÜTZ, A. A Fenomenologia del Mundo Social: Introducción a la Sociologia Compreensiva. Buenos Aires: Paidós, 1972.
SCHÜTZ, A. El Problema de la realidad social. Buenos Aires, Amorrortu, 1974.
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