LABORATÓRIOS
EXPERIMENTAIS SOBRE A INTERPRETAÇÃO MELODRAMÁTICA: METODOLOGIA E ASPECTOS
PEDAGÓGICOS
EXPERIMENTAL LABS ON MELODRAMATIC INTERPRETATION:
METHODOLOGY AND PEDAGOGICAL ASPECTS
Paulo Merisio
(UFU)
Resumo
Este trabalho
parte de um estudo de caso para estabelecer alguns aspectos que norteiam a
realização de Laboratórios Experimentais
em Teatro. Com base na experiência do Laboratório Experimental A interpretação melodramática nos
circos-teatros (UFU/ Uberlândia/MG, 2003.1), disseca analiticamente as
etapas deste procedimento metodológico, ressaltando sua importância como
ferramenta de investigação da cena e como elemento propulsor de experiências
pedagógicas no campo teatral.
Palavras-chave |
Laboratórios experimentais | pedagogia do ator | melodrama | métodos de
pesquisa | circo-teatro
Abstract
This work proposes to study some aspects that
guide the performance in Theatre Experimental Laboratories. Based on the
experience of the Experimental Laboratory on the melodramatic interpretation in
the circus-theatre (UFU / Uberlândia / MG, 2003.1), analyzes the
methodological steps of this procedure, emphasizing its importance as a tool of
investigation in theatre scene and as a stimulating factor of educational
experience in this area.
Keywords | experimental
laboratories | pedagogy of the
actor | melodrama | methods of research | circus-theatre
Os
laboratórios experimentais se configuram como recurso metodológico fundamental
nas pesquisas que vêm sendo realizadas no âmbito do Grupo de estudos sobre o teatro
cômico.1
Sua premissa é de que parte da investigação teatral, centrada em perspectivas
teóricas, se dá por meio de exercícios práticos, de cena ou de formação. No
entanto – e esse dado é imprescindível para a compreensão do lugar que tais
propostas ocupam –, trata-se de experimentação laboratorial que propõe uma
investigação específica, norteada por minucioso planejamento e que não resulta,
necessariamente, em montagem ou exercício público.
Não
se trata de negar o papel da recepção no exercício da cena, aspecto que em
vários momentos torna-se fundamental também para as análises engendradas no
laboratório, mas, sim, fazer com que elementos externos à investigação e
inerentes a uma peça não desviem o olhar do pesquisador. Por exemplo, detalhes
como cenário, figurino ou música, devem ser pensados no caso de ter relação
direta com a investigação. Pode-se citar a experiência do Laboratório
Experimental A interpretação melodramática nos circos-teatros, (UFU/
Uberlândia/MG, 2003.1),2em que se
pretendiam resgatar aspectos que colaborassem no modo de interpretar presentes
no circos-teatros brasileiros, nas décadas de 1970 e 1980. Durante todo o
processo foi delimitada a área de representação, com base na dimensão fornecida
por Vargas (1981: p. 102), de aproximadamente
quatro por sete metros. Operou-se
aí uma escolha. A confecção de telões, além de extremamente trabalhosa, pouco
colaboraria com o eixo da investigação. A visualização por parte dos atores
mediante fotografias caracterizava-se como medida suficiente para a compreensão
do espaço cênico em questão. No entanto, a delimitação da área de atuação
seguiu as dimensões médias de um palco circense-teatral sugeridas por Vargas
(1981), fazendo com que deslocamentos, eixos de relação entre personagens e
ambientações, se circunscrevessem naquele retângulo.
1 – O plano de trabalho
Tais
escolhas se dão em momento-chave da realização dos laboratórios: o
planejamento. Para que os objetivos sejam alcançados, essa etapa é de
importância igual à da própria realização dos laboratórios. Uma obra artística
pode não requerer, em princípio, um planejamento minucioso. O fazer teatral se
dá, muitas vezes, no próprio trabalho, e muitos diretores constroem seus
espetáculos em processo empírico, nos próprios ensaios. Luiz Arthur Nunes
(2000) diz que seu projeto de pesquisa, diretamente ligado a sua produção
teatral, traz como elemento diferenciador de seu percurso anterior o exercício
de registro do trabalho, por meio de relatórios e textos reflexivos. O
encenador considera ainda que haja certo ajuste necessário nesse processo de
navegação, entre a criação e a reflexão, e que o diretor/pesquisador deve estar
atento para qual dos lados da corda pode afrouxar ou apertar.
Esclarecendo
que não se trata de um movimento de valoração, pois a montagem teatral é,
evidentemente, espaço precioso de investigação cênica, aflora aí uma
divergência estrutural em relação aos laboratórios. A não-obrigação de
resultado em montagem faz com que a pesquisa da cena possa abdicar de aspectos
relacionados ao mercado. A peça teatral, mesmo quando objeto de pesquisa,
demanda articulações como divulgação, busca de público, exposição à crítica –
dados que podem muitas vezes acarretar desvios no percurso previamente traçado.
O
primeiro aspecto norteador da elaboração do plano é a questão primordial do
trabalho. O que se pretende investigar? Por que a prática cênica é fundamental
para essa pesquisa? Tais perguntas orientam a seleção das fontes que permitem a
organização dos exercícios. Exemplificando com a experiência do laboratório já
citado, a questão-chave que o norteou foi a investigação da potencialidade de
utilização séria, do melodrama, na
cena atual. De acordo com o Projeto,
O objetivo de nosso trabalho é [...], por meio de tais laboratórios, confrontar essas duas formas de abordagem do melodrama, partindo da hipótese de que, com base num modo de interpretar que traz em si elementos de uma tradição, é possível instaurar momentos tanto de dramaticidade quanto de comicidade (Proposta do Laboratório Experimental Interpretação melodramática no circos-teatros brasileiros, UFU/ UNIRIO, 2003).
2 – Um estudo de caso: Laboratório
Experimental A interpretação
melodramática nos circos-teatros
2.1 – As fontes primárias do
laboratório
De
posse de um rico universo de fontes relacionadas ao período em estudo, foi
realizada uma primeira seleção do material, com foco na atuação dos
personagens-tipo melodramáticos.
No
entanto, para que os alunos/pesquisadores tivessem a oportunidade de se
apropriar da linguagem e para que se pudesse ter uma leitura mais vertical,
optou-se pela escolha de uma única cena a ser trabalhada ao longo do período.
Para que os personagens-tipo melodramáticos pudessem ser investigados em sua
plenitude, estabeleceu-se, como um dos critérios principais para a seleção da
cena, o lugar que os seguintes papéis ocupam: o vilão, os apaixonados (galã e
ingênua), o pai nobre, a dama-galã e os personagens cômicos.
Seqüência do tapa que o vilão dá no
mocinho. Registro do 6o Encontro do I Laboratório experimental A interpretação
melodramática nos circos-teatros brasileiros. UFU/Uberlândia, 2003, em 23/05/03
Na foto: Maria De Maria, Ana Carla
Machado, Fernando Prado e Rodrigo Rosado.
(Foto: Brunno
Ribeiro).
Os papéis ficam bastante evidentes: na
primeira cena, o vilão agride o mocinho; na segunda, a mãe e o servo vão
ampará-lo. Na foto: Marcelo Briotto, Maria De Maria,
Fernando Prado, Ana Carla Machado e Rodrigo Rosado.
(Foto: Brunno
Ribeiro).
A
apresentação dos papéis em seu estado mais patético permitiria investigar como
trabalhar a cena melodramática sem ironizar a linguagem. Foi escolhida, então,
uma cena de Três almas para Deus (1979), de Aldny
Faia. A próxima etapa do planejamento consistiu em definir de que maneira ela
seria trabalhada.
2.2 – Suporte bibliográfico
É
importante delimitar, para o domínio bibliográfico, quais textos serviriam de
estímulo para as reflexões e para a própria atuação. Na medida em que o espaço
do laboratório constituiu etapa de uma investigação maior (o exemplo que
estamos averiguando foi realizado no interior de um projeto de tese), foi
fundamental que a articulação entre prática teórica e prática cênica fosse de
domínio de todos os participantes do processo.
Um
dos objetivos do laboratório era exercitar o modo de interpretação
melodramático, tendo como referência aspectos concretos que influenciaram o
trabalho atorial, tais como sobrevivência, aspectos
sociais, paradigmas estéticos. Para tanto, foram selecionadas algumas obras que
nos deram pistas do universo circense-teatral e do conceito de modo de atuar: Vargas (1981), Sussekind (1993), Duarte (1995), Prado (1995), Silva (1996)
e Rabetti (1999). Trechos significativos dessas obras
foram propostos para leitura e discussão, alimentando as questões relativas à
investigação prática. Em determinado momento, por exemplo, era importante
trazer à tona a discussão sobre conceitos como tipo, estereótipo e papel, na
medida em que os personagens que vinham sendo trabalhados estavam previamente
articulados com determinadas características. Antes de pensar na construção de
“Mirna” ou de “Camargo”, o ator deveria compreender que tais personagens se
enquadram no papel de ingênua e vilão (respectivamente), e que demandam
determinada postura em cena.
2.3 – Objetivos
Com
base na questão a ser investigada e tendo o suporte bibliográfico definido,
faz-se importante pensar sobre o caminho a ser percorrido, para que se pudessem
atingir os objetivos pretendidos. O cronograma foi proposto mantendo-se dois
eixos de percepção, um vertical e outro horizontal, ou seja, ao mesmo tempo em
que se estruturaram os encontros com objetivos específicos, foi fundamental que
se mantivesse o tempo todo a visão global das metas a atingir, tendo como norte
o objetivo geral da proposta.
Para
melhor visualização, pode ser interessante cotejar as duas propostas de
laboratório que foram realizadas no mesmo projeto de tese:
|
É
importante destacar que cada etapa gerou uma série de reflexões e demandou
determinados ajustes. No entanto, manteve-se constantemente a atenção no
objetivo maior de investigação do projeto. O fato de se estar trabalhando com
artistas-pesquisadores fez com que o próprio trabalho gerasse momentos de
sedução em torno de descobertas de potencialidade cênica, que podiam acarretar
desvios. Em ambos laboratórios os alunos expressaram o desejo de montar as
peças que estavam sendo trabalhadas. Nesses momentos, o planejamento impôs-se e
ocupou papel norteador.
2.4 – Registros: produção de fontes
primárias
Como
etapa privilegiada da pesquisa, ao articular a investigação à cena, o
laboratório caracterizou-se como espaço gerador de fontes primárias. O
planejamento das formas de registro dos encontros laboratoriais esteve,
portanto, articulado ao projeto de pesquisa. Operaram-se aí escolhas que
levaram em conta, ao mesmo tempo, as possibilidades estruturais e a dimensão de
interferência que as formas de registro acarretaram para o andamento do
projeto.
Um primeiro registro deve ser o relato da
experiência, com base nos resultados obtidos em função do planejamento. Para
nossa experiência, optamos por seguir modelo elaborado pela professora Elza de
Andrade, em conjunto com a professora orientadora Beti
Rabetti, na realização de seu Laboratório experimental Portas fechadas e
bocas caladas: tipologias
ligeiras do feminino (UNIRIO, 2003):
|
Essa
planilha proporcionou movimento constante de reavaliação do percurso
estabelecido, além do registro da relação entre o que foi proposto e o que foi
alcançado. Sua utilização, no entanto, torna-se muito mais eficaz se o
pesquisador tiver como suporte a presença de um dramaturg. O olhar de outro pesquisador qualificado minimiza a preocupação
em relação à dupla função de condução do trabalho e registro constante de
questões significativas para a pesquisa. Também aqui o planejamento detalhado
do percurso atuou de modo significativo, pois permitiu que o dramaturg afinasse sua percepção com o objetivo
primeiro do trabalho.
Além
da possibilidade de diálogo com outro olhar especializado, a figura do dramaturg em
processo laboratorial colabora também com o registro de imagens, atividade que
requer conhecimento prévio dos objetivos do encontro, além, evidentemente, do
domínio global da pesquisa, pois tais documentos passam a configurar-se como
fontes primárias do trabalho. É, portanto, necessário um planejamento desse
processo, para que tal material, coletado em função da investigação, traga
dados importantes às reflexões. Aspectos como gestualidade, expressão facial e
foco, podem apresentar-se mais nítidos a partir dessas imagens.
No
laboratório que estamos analisando, o processo de registro em vídeo se deu no
final de cada etapa. Trabalhava-se a cena e, ao chegar a um momento de domínio
dos atores, passava-se a cena uma última vez, gravando-a. Essa opção pode
parecer espelhar o conceito de produto acabado, isto é, de que o importante
para a pesquisa seria o produto final – conceito que se poderia configurar
paradoxal em relação ao discurso que sustenta a perspectiva investigativa dos
laboratórios, compreendidos como etapa do processo. Mas é preciso considerar
que, no caso dessa proposta, a visualização do percurso – em que se registram
acertos e erros – dá-se de forma horizontal, ou seja, registrando-se os
diversos momentos para cumprir tinham o objetivo maior, de investigar a
potencialidade séria do melodrama.
2.5 – Estrutura dos encontros:
consciência do percurso
O
primeiro encontro teve como objetivo esclarecer, para todos os pesquisadores, a
dimensão do trabalho em desenvolvimento, o conceito dos Laboratórios
Experimentais e o papel que ocupam no interior da pesquisa. Tal como previa o
plano de trabalho do Laboratório:
O desenvolvimento do Laboratório Experimental Interpretação melodramática nos circos-teatros brasileiros traduz-se em conjunto de atividades vinculadas a:
– Instâncias experimentais da pesquisa teórico-prática do Projeto Integrado Um estudo sobre o cômico: o teatro popular no Brasil entre ritos e festas;
– o caráter teórico-prático do projeto de pesquisa de doutorado Um estudo sobre o modo melodramático de interpretar: o circo-teatro no Brasil nas décadas de 1970 e 1980;
– perspectivas pedagógicas, de formação atorial, de ambos projetos.
(Proposta do Laboratório Experimental interpretação melodramática nos
circos-teatros brasileiros,
UFU, Uberlândia/ MG, 2003.1).
Dividiam-se
esses encontros, basicamente, em duas etapas: uma teórica, em que eram
discutidos textos propostos em função dos objetivos, e outra, de caráter
prático, por meio de aquecimentos, exercícios e trabalho com a cena.
Vale
abrir um parêntese e ressaltar que, a essa estrutura, foi acrescido, no segundo
laboratório, um espaço para discussão e entendimento dos procedimentos, a cada
encontro. Evidentemente, foram realizadas discussões sobre os exercícios
práticos no primeiro, mas não de forma tão sistematizada quanto no segundo, em
que havia um olhar muito mais cuidadoso em relação aos aspectos pedagógicos da
investigação. Todos os pesquisadores apontavam detalhes que desejavam destacar
e que eram registrados na planilha, servindo para que o próprio grupo tivesse
consciência do percurso em realização. No final do processo, foi solicitado um
breve relatório contendo impressões acerca dos resultados com base nos
objetivos propostos.
Isso
se deve a uma revisão do próprio percurso inicialmente traçado para a pesquisa,
pois, do primeiro laboratório para o segundo houve um avanço da percepção da
potencialidade pedagógica dos laboratórios. As reflexões engendradas pela
primeira experiência influenciaram a própria estruturação da segunda.
2.6 – As reflexões: o memorial
analítico
Paralelamente
ao processo de planejamento, execução e análise dos laboratórios, conforme
previsto, o domínio bibliográfico amadureceu. O rigoroso planejamento dos
trabalhos – que abrigou o pressuposto de que a prática implicaria em ajustes –
e de seu registro fez com que o material a analisado fosse organizado e
alimentasse a elaboração de um Memorial analítico dos laboratórios. No
processo de elaboração do memorial analítico, afloraram, por exemplo, questões
que puderam dialogar com a própria investigação teórica do trabalho. Como a
percepção que se teve, no primeiro laboratório, de que a interpretação
melodramática não estava unicamente assentada em códigos não verossímeis, mas
comporta determinado grau de interpretação considerada realista, baseada na
“verdade cênica”.4
Cena de morte melodramática. Verdade
cênica e exagero presentes na atuação. Melodrama
da meia-noite, (Curso de Teatro, UFU, Uberlândia/MG), em 17/10/08. Ver nota
09. Em cena: Juliana Prados e Wesley Mello.
(Foto: Rebeca Maciel).
Cena de revelação. Verdade cênica e
exagero presentes na atuação.
Melodrama
da meia-noite, (Curso de Teatro, UFU, Uberlândia/MG), em 17/10/08. Ver
nota 09. Em cena: Ronan Vaz, Welerson
Freitas, Samuel Santana, Priscila Bello, Wesley Mello
e Amanda Vieira.
(Foto: Rebeca Maciel).
Como as fontes que engendraram o Laboratório
estavam ligadas à experiência melodramática dos circos-teatros, a compreensão
desta medida de verdade cênica pelos atores tornou-se bem mais nítida após o
contato com a gravação em áudio de uma apresentação da cena que estava sendo
trabalhada (Três almas para Deus, de Aldny Faia, Circo Carlito, São
Paulo, 1976). O áudio, ao evidenciar a entrega emocional e a capacidade dos
atores de circo em emprestar fé cênica ao que estavam fazendo, serviu para
estimular os atores do laboratório a se arriscar mais no universo
melodramático. Para atingir tal estado, é impossível que se mantenha algum grau
de crítica e desconfiança ao trabalho. O áudio ajudou, portanto, a diminuir
essas barreiras trazidas inevitavelmente pelos atores e a fazer com que
passassem a acreditar na possibilidade de atingir momentos de envolvimento do
público nas partes sérias da história, mesmo com todo o estranhamento que a
linguagem melodramática pudesse proporcionar. Tal visão, reforçada após esse
exercício de audição da gravação da cena que estava sendo trabalhada, espelha o
percurso que pode ser observável no próprio melodrama francês.5
Essa
perspectiva, que se abriu a partir dos laboratórios, influenciou a própria
proposta primeira de investigação do melodrama como linguagem cênica atual. É
importante frisar que foram as discussões sobre os processos laboratoriais que
fizeram aflorar uma questão extremamente significativa e que passou a nortear o
olhar que movia a pesquisa: a possibilidade de utilização do melodrama como
ferramenta pedagógica na formação do ator.
3 – Resultados dos laboratórios:
melodrama como ferramenta pedagógica
O objetivo fundamental que norteou os laboratórios
foi o estudo do modo melodramático de interpretar, a partir da experiência
histórica do circo-teatro no Brasil nas décadas de 1970 e 1980. Um primeiro
desdobramento do projeto concentrou-se na investigação da possibilidade de
abordagem do melodrama de forma séria,
tendo-se como norte da investigação do modo melodramático de representar nos
circos-teatros brasileiros.
O projeto
original partiu da referência de duas expressivas experiências significativas
de teatro no Brasil: a montagem do texto de Carlos Alberto Soffredini,
Vem buscar-me que ainda sou teu (datado
de 1979 e resultado de uma pesquisa de cinco anos, durante o qual o autor
conviveu com artistas do universo circense teatral), pela Companhia Melodramática Brasileira no Teatro Sesc Anchieta,
São Paulo/SP (1990), sob a direção de Gabriel Villela; e o espetáculo Melodrama, de Felipe Miguez,
que estreou em 1996 no Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro/RJ,
realizado pela Companhia dos Atores, sob a direção de Enrique Diaz. A primeira,
um metacirco-teatro, traz para o cotidiano de uma
típica companhia circense os conflitos estabelecidos no melodrama. A segunda é
composta por três histórias que se entrecruzam e seguem o modo de interpretar
melodramático. Já na época de elaboração do projeto de tese (em 2001),
confrontando-se as duas experiências, parecia possível apontar duas diferentes
possibilidades de abordagem do melodrama. Uma que investe num movimento
atualizador das próprias características do gênero e outra que instaura
momentos cômicos, parodiando o modo de interpretar melodramático. Propunha-se,
então, por meio dos laboratórios experimentais, confrontar estas duas formas de abordagem do melodrama, partindo-se da
hipótese de que, baseado num modo de interpretar que traz em si elementos de
uma tradição, seria possível instaurar momentos tanto de dramaticidade quanto
de comicidade.
A própria distinção entre a abordagem das duas
montagens paradigmáticas, antes tão evidente, foi-se tornando mais difusa.
Essas questões aprofundaram-se com o avanço da pesquisa, e, como uma das
conclusões do primeiro laboratório, vimos que o melodrama, vencido o primeiro
preconceito, ou primeira abordagem tradicional da recepção contemporânea, pode
prestar-se a uma abordagem séria, ainda que a leitura possa ser
diferenciada por parte dos espectadores. Alguns podem deixar-se envolver pela
narrativa enquanto que outros mantém uma relação distanciada, em função da
crítica e da dificuldade de leitura da linguagem. No entanto, o fundamental é
que o ator desenvolva com convicção seu personagem, acreditando em seu
discurso, por mais anacrônico ou estranho que possa parecer.
Curiosamente, durante o processo de pesquisa, para
confrontar as investigações com os exercícios experimentais do laboratório, foi
possível dialogar com dois processos de montagem de espetáculos melodramáticos,6
realizando um encontro que procurou restabelecer parte do percurso do
laboratório analisado na primeira parte deste artigo. A questão fundamental que
se procurou abordar, em função das conclusões que se vinham engendrando no
processo, foi a compreensão de que o melodrama só se sustenta no teatro
atualmente se os atores utilizarem a “verdade cênica” na construção de seus
papéis. Constantin Stanislavski
(1863-1938) define assim o conceito de “senso da verdade”:
O senso da verdade é o melhor estímulo para a emoção, imaginação, criatividade. [...] A toda arte subjaz uma busca pela verdade artística. O ator deve acreditar em tudo que acontece em cena, e, acima de tudo, [...] no que ele próprio está fazendo, pois só se pode acreditar na verdade.[...] A verdade cênica não é igual a verdade da vida; trata-se de algo peculiar a si mesmo. [...] Em cena, não estamos preocupados com a existência naturalista e concreta daquilo que nos cerca, nem com a realidade do mundo material. Tais coisas só tem validade para nós na medida em que servem de fundo para a expressão de nossos sentimentos. [...] O que importa [...] não é o material de que é feito o punhal de Otelo – aço ou papelão –, mas o sentimento interior do ator que é capaz de justificar o seu suicídio, [...] [como] se as circunstâncias e condições [...] fossem reais. [...] O ator deve desenvolver ao máximo sua imaginação e uma ingenuidade muito semelhante á de uma criança, [...] uma capacidade de sentir a verdade artística [...] em sua alma, e também em seu corpo (STANISLAVSKI, 2001: pp. 167-168).
O grande desafio que se coloca ao se ter que
acionar conscientemente um recurso de construção do personagem claramente associado
ao sistema stanislavskiano é a própria sensação de
paradoxo que se instala no ator. Os exercícios que se baseiam no melodrama
partem da premissa de que se trata de uma linguagem que busca o exagero, a
grandiloqüência, aspectos que se conflitam com as propostas do mestre russo.
Atuar melodramaticamente é assumir e reforçar a medida de convenção inerente ao
teatro. Entretanto, abrir mão da verdade cênica neste exercício de atuação é
ter a crítica ao gênero como pressuposto e a tendência é se atingir uma forma
que não comunica com o público, vazia, paródica, estereotipada.
Essa foi certamente uma das constatações mais
expressivas desse trajeto de pesquisa, pois colaborou também para uma percepção
que amadureceu ao longo do trabalho. Pôde-se perceber que, talvez mais
importante do que sua potencialidade na cena, a linguagem melodramática se
configura como preciosa ferramenta metodológica no percurso do ator. Para
corroborar com essa constatação, cito trecho de obra de Jacques Lecoq (1997) que, dentre várias linguagens, utiliza o
melodrama em uma das etapas da formação de atores, em sua escola:7
Uma das principais dificuldades que acompanha o
aluno é o medo de assumir verdadeiramente os grandes sentimentos em frente a um
público que, por vezes, pode rir. O trabalho do melodrama obriga o comediante a
impor suas convicções ao público. Ele não pode duvidar do que vai dizer. O que
é verdade para ele será também para o público. É muito importante que os alunos
sejam treinados para assumir essa dimensão. É evidente que, se eles devem
interpretar a paródia quando é o desejo do autor (Alfred Jarry, por exemplo),
descobrir e pôr em evidência aspectos bastante específicos da natureza humana.
O melodrama não é uma forma antiga, ele está ainda a nossa volta, naquele que recebe
um telefonema para um trabalho, numa família atingida pela guerra, num homem
que deixa seu país... (LECOQ, 1997: p. 117) (tradução minha).
O
fato de o melodrama ter resistido ao movimento de modernização do teatro
brasileiro, empreendido nas décadas de 1930 e 1940, e o fato de ter encontra
abrigo nos circos-teatros, afloram uma questão extremamente significativa. Tal
processo propôs determinados modelos de interpretação teatral que perduram até
hoje. Uma cena amparada em bases mais realistas, na qual todos os atores devem
ter seus textos memorizados e ansiar pela verossimilhança de seus personagens,
adquire status de paradigma. Nas
escolas de teatro, dominantemente, a primeira abordagem de construção dos
personagens passa a ser a metodologia de Constantin Stanislavski, que dialoga com esses paradigmas, construindo
um complexo sistema que se baseia na articulação de ações interiores e
exteriores. O que interessa apontar é que tais modelos passam a se opor à
interpretação melodramática, que passa a soar anacrônica.
No entanto, é curioso perceber como os laboratórios
puderam indicar que a interpretação melodramática – tendo-se como referência o
modo de interpretar dos circos-teatros brasileiros – pode, em movimento
contrário, trazer determinados desafios para o ator em formação, habituado a se
apoiar em exercício de construção realista. Alguns aspectos detectados nos
laboratórios podem aqui exemplificar tal compreensão. O exercício com a
utilização do ponto – comum aos dois laboratórios aqui citados – demandou dos
atores mais forte estado de alerta, na medida em que há um novo elemento de contracenação, além do público e dos demais atores.
Cena do melodrama Três almas para Deus. Atenção ao ponto e
à postura dos papéis: o contraste entre o vigor do vilão e a atitude submissa
dos outros personagens. Aula-espetáculo
Interpretação melodramática nos circos-teatros; II Seminário Interinstitucional
de Projetos Integrados de Pesquisa em Teatro, Udesc,
UNIRIO, UFU, 2003: Modos periféricos de produção e de recepção teatral,
dramaturgia, cena e público, no 17o Festival Universitário de
Teatro de Blumenau, Blumenau/SC. Na foto: Lilian Morais (ponto), Paulo Merisio (fundo), Marcelo Briotto,
Maria De Maria, Fernando Prado, Rodrigo
Rosado e Ana Carla Machado.
(Foto: Brunno
Ribeiro).
O ator vê-se
obrigado a estabelecer um exercício de triangulação entre personagem/ponto e
personagem/platéia, impondo, grosso modo, um exercício de distanciamento
em relação ao personagem. No segundo laboratório, no entanto, que se centrou na
investigação do personagem cômico, o ponto serviu como âncora para os vôos de
improvisação (inerentes a esses personagens). Os atores se arriscaram mais ao
saber que havia ali alguém responsável por retomar o fio da meada, caso fosse
necessário.
Também foi observada a maior fluidez com
que os artistas de circo lidavam com a questão da criação e tornou-se claro que
tal modelo pode ajudar em alguns aspectos. Os alunos-atores, mesmo vendo
determinadas propostas funcionarem no outro ator, que desenvolvia o mesmo
personagem, recusavam-se a delas se apropriar e reelaborá-las. Emergia aí a
referência de que cada construção de personagem deve ser autoral e única. A
suavização dessa visão – e não necessariamente a negação – pode ser extremamente
útil no percurso do ator, pois pode estimulá-lo no processo de investigação e
compreensão do trabalho do outro.
É fundamental, portanto, ressaltar a potencialidade
que vislumbramos no modo de
interpretar melodramático como mais uma ferramenta para o trabalho atorial em formação ou no decorrer de seu ofício. A
construção baseada em papéis impõe ao ator uma série de dados anteriores à
leitura do texto e propõe uma visão diferenciada do personagem a ser
trabalhado. É ainda um exercício de rompimento com valores e conceitos
preestabelecidos em relação ao universo popular, que articula de forma prática
o trabalho atorial ensinado na universidade, ao modo melodramático de interpretar.
Constatou-se que, depois de vencidos alguns
preconceitos, pelos atores, pôde-se atingir uma surpreendente qualidade na cena
melodramática. Qualidade alcançada a partir de uma série de estímulos
realizados com base no exercício da cena e que vieram reforçar a potencialidade
dos laboratórios experimentais como instância de investigação.
Conclusão
O entendimento do lugar que o laboratório
experimental ocupa no trajeto de uma pesquisa é, por si só, momento de
amadurecimento dos alunos/atores como pesquisadores. A possibilidade de
reflexão, a partir de um eixo conceitual comum a uma série de projetos em
desenvolvimento no âmbito de um Grupo de pesquisa, permite aos graduandos
vislumbrar a complexidade de relações que um projeto de pesquisa pode – e deve
– estabelecer: de intercâmbio, de divulgação, metodológicas e analíticas.
Outro aspecto importante, ainda de caráter
metodológico, é a contribuição para a percepção das especificidades do campo de
pesquisa em teatro. É perceber que as artes cênicas permitem, solicitam e, às
vezes, impõem um exercício de
investigação associado à prática. Exercício que num primeiro momento, no
momento de sua autoafirmação como possibilidade
investigativa, esteve associado a disciplinas da graduação em artes cênicas, que certamente se apresentam como um rico espaço de
investigação. Em contrapartida, não se aplicam a todos os processos
teórico-práticos de pesquisa. As montagens exigem um resultado que não raro
demanda aspectos que fogem ao cerne da investigação.
Como prova disso, os laboratórios subsidiaram a
elaboração dos Projetos docentes de pesquisa relacionados ao universo
melodramático (v. nota 1) e a disciplina optativa Interpretação
Melodramática (Curso de Teatro/ UFU). Nestes espaços são realizados
exercícios cênicos investigativos dos códigos melodramáticos, tendo-se como
paradigma o melodrama circense-teatral e as experiências do Boulevard du crime. Pode-se destacar a montagem do
texto A maldição do Vale Negro
(1986), de Caio Fernando Abreu e Luiz Arthur Nunes8
e exercícios de improvisação abertos ao público, intitulados Melodrama da meia-noite9.
Estes trabalhos, que tiveram influência direta dos resultados dos laboratórios,
vêm engendrando pesquisas em várias frentes: na cenografia, na interpretação e
na direção teatral, além de contribuírem com a pedagogia do teatro, nas mais
diversas modalidades (Pesquisa docente, Iniciação científica, Monografia,
Dissertação de mestrado).
Consolidam-se, portanto, os laboratórios experimentais como possibilidade de método de
pesquisa, definindo-se como espaços de investigação que permitem a exploração
do espaço e do exercício, tradicionalmente exclusivos da preparação da cena,
como fonte de pesquisa de mais longa duração e, ao mesmo tempo, possibilitando
o estabelecimento de um foco mais preciso de análise, cada vez mais cuidadoso,
a despeito de serem recurso metodológico razoavelmente recente no campo da
pesquisa cênica. Participar de momento de afirmação de uma modalidade de
pesquisa específica da área, em constante processo de aprimoramento, é
certamente mais um precioso dado de amadurecimento para esses atores.
Referências
ANDRADE, Elza e
RABETTI, Beti. Laboratório
experimental Portas fechadas e bocas caladas: tipologias ligeiras do
feminino: proposta de atividade de pesquisa. Rio de Janeiro: UNIRIO,
fevereiro/março de 2003.
DUARTE, Regina
Horta. Noites Circenses: espetáculos
de circo e teatro em Minas Gerais no século XIX. Campinas: Editora da Unicamp,
1995.
LECOQ, Jacques. Le
corps poétique: un enseignement de la création théâtrale. Arles: Actes Sud,
1997.
MERISIO, Paulo. Um estudo sobre o modo melodramático de interpretar:
o circo-teatro no Brasil nas décadas de 1970-1980 como fonte para laboratórios
experimentais. Tese (Doutorado em Teatro). Programa de Pós-Graduação em Teatro,
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, 2005.
NUNES, Luiz Arthur. O estado atual da pesquisa em teatro: a pesquisa teórico-prática
em Teatro na UNIRIO. Anais do I Congresso
Brasileiro de Pesquisa e Pós-Graduação em Artes Cênicas (1999). Salvador: Associação Brasileira de
Pesquisa e Pós-Graduação em Artes Cênicas, Abrace, 2000, pp. 33-39.
PRADO, Décio de
Almeida. A personagem no teatro.
In: A personagem de ficção. São
Paulo: Perspectiva, 1995, pp. 81-101.
PRZYBOS, Julia. L’entreprise mélodramatique.
Paris : Librairie José Corti, 1987.
RABETTI, Beti.
Subsídios para a história do ator no Brasil: pontuações em torno do
lugar ocupado pelo modo de interpretar de Dulcina de
Morais entre tradição popular e projeto moderno. Revista do Lume, Campinas, COCEN – UNICAMP, n. 2. 1999. pp. 31-55.
SILVA, Ermínia. O circo: sua arte e seus saberes – o circo no Brasil do final do Século
XIX a meados do XX. Campinas. Dissertação (Mestrado em História) Instituto de
Filosofia e Ciências Humanas, Unicamp, 1996.
STANISLAVSKI, Constantin. Manual do
ator. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
SUSSEKIND,
Flora. Crítica a vapor: a crônica teatral brasileira da virada do século. Papéis colados. Rio de Janeiro: Editora
UFRJ, 1993. pp. 53-90.
THOMASSEAU,
Jean-Marie. O melodrama. São Paulo:
Perspectiva, 2005.
VARGAS, Maria
Thereza. (coord.). Circo: espetáculo de periferia. São Paulo: Departamento de Informação
e Documentação Artísticas, 1981.
Notas
1 Os Laboratórios Experimentais são procedimentos metodológicos que vêm
sendo experimentados, desde 1997, por pesquisadores do Grupo de estudos sobre o
teatro cômico (DGP/ CNPq), coordenado pela Profa.
Dra. Beti Rabetti
(UNIRIO/ CNPq). Este artigo parte tanto das investigações empreendidas na
elaboração de minha tese de Doutorado em Teatro Um estudo sobre o modo melodramático de interpretar: o circo-teatro
no Brasil nas décadas de 1970 e 1980 como fonte para laboratórios experimentais
(PPGT, UNIRIO, 2005), quanto de aspectos discutidos nos meus Projetos docentes O melodrama como recurso poético para
encenadores (UFU, 2006 – 2008) e Sentidos
do melodrama: poéticas, escritas e visualidades (UFU, 2009 – 2011).
2 Laboratório Experimental A
interpretação melodramática nos circos-teatros, (Universidade Federal de
Uberlândia/ Uberlândia/MG, 2003.1). Participaram os seguintes atores: Ana Carla
de Morais (Mirna – a mocinha/ingênua); Fernando Cesar Prado (Carlos – o
mocinho/galã); Lilian de Morais Paiva (ponto); Marcelo Batista Gomes (Rufino –
o servo fiel); Maria De Maria A. Quialheiro (Julieta
– a dama galã/ mãe); Rodrigo Rosado (Camargo – o vilão).
3 O segundo laboratório foi realizado em 2004.2, na UNIRIO,
Rio de Janeiro/RJ. Foi convalidado como Prática de Montagem Teatral do
Departamento de Direção Teatral e teve como suporte técnico os equipamentos do
Projeto Integrado Um estudo sobre o
cômico: o teatro popular no Brasil entre ritos e festas. O objetivo
principal foi investigar o papel do niais, figura cômica que compõe o elenco de personagens
melodramáticos.
4 Em Manual do ator (2001), Stanislavski define “fé”: “Um ator deve, sobretudo, acreditar no que está acontecendo ao seu redor [...] [e] naquilo que ele próprio está fazendo. [...] A partir do instante em que é levado do plano da realidade para o de uma vida imaginária e acredita nela, ele pode começar a criar. [...] A verdade cênica é tudo que podemos acreditar sinceramente, tanto em nós mesmos quanto em nossos colegas. A verdade não pode ser separada da crença, nem a crença da verdade, [...] e sem ambas é impossível viver o seu papel ou criar qualquer coisa. Se vocês acreditarem em tudo o que dizem ou falam em cena, estarão sendo convincentes.” (Stanislavski, 2001: pp. 92-93). (grifo meu)
5 Refiro-me às experiências emblemáticas de Frédérick
Lemaître na construção dos personagens Robert Macaire e Georges de Germany, nas
peças L’Auberge des Adrets (Antier, Lacoste, Chapponier, 1823) e Trente ans ou la vie d’un
jouer (Victor Ducange,
1831).
6 Vem buscar-me que ainda sou
teu, de Carlos Alberto Soffredini, direção Elza de Andrade. Estreou em maio de 2004 no Teatro II do CCBB, Rio de
Janeiro/RJ. Com a Confraria da Paixão: Alexandre Barros, Angela
Blazo, Flavio Souza. Atores convidados: Daniele
Monte, Fátima Domingues, Kadu Garcia, Ricardo
Gonçalves, Waleska Áreas. Cenografia: Carlos Alberto
Nunes; figurinos Daniela Vidal e Ney Madeira; iluminação: Djalma Amaral;
músicas Fabio Campos; direção de produção: Angela Blazo.
A maldição do vale negro, de Caio
Fernando Abreu e Luiz Arthur Nunes, direção Luiz Arthur Nunes. Estreou em novembro de 2004 no Theatro São Pedro, Porto Alegre/RS. Elenco: Marcos Breda, Camila Pitanga, Bruno Garcia, Leonardo Netto,
Carolina Virguez, Mario Borges e Alice Borges.
Cenário original: Alziro Azevedo; elementos cenográficos: Cláudio Amaral
Peixoto; figurinos: Marcelo Pires; iluminação: Samuel Betts;
direção de produção: Maria Helena Alvarez.
7 A École Internationale de
Théâtre Jacques Lecoq foi fundada em 1956. Em 1976 migra para
seu endereço atual: 57 rue du
Faubourg Saint-Denis, Paris. São trabalhadas diversas
linguagens na formação do ator, tais como bufão, clown, melodrama e commedia dell’arte.
8 A Maldição do Vale Negro, de Luiz Arthur Nunes e Caio Fernando Abreu,
direção Paulo Merisio. Estreou em julho de 2007 no Segundo Festival da Associação de Teatro de
Uberlândia no Teatro Rondon Pacheco, Uberlândia/MG. Com a Trupe de Truões:
Getúlio Góis, Amanda Alves, Ricardo Oliveira, Maria De Maria Quialheiro, Juliana Nazar,
Marcelo Briotto. Ator convidado: Alysson Assis. Cenografia: Paulo Merisio;
figurinos: Getúlio Góis, Marcelo Briotto e Alysson Assis; iluminação: Marcos Prado; sonoplastia: Paulo
Merisio e Getúlio Góis; direção de produção: Maria de
Maria Quialheiro e Juliana Nazar.
9 Melodrama da meia-noite é
uma improvisação aberta ao público. Os alunos-atores executam jogos teatrais
com regras de atuação e desenvolvimento da trama baseados no melodrama. O
público, ao entrar, recebe bolas de meia para serem arremessadas contra os
atores caso a improvisação não esteja boa. Mas se a trama flui ou alguém
convence na interpretação melodramática, a platéia é convidada a se expressar
jogando moedas.
PAULO MERISIO possui graduação
em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal Fluminense (1987),
graduação em Artes Cênicas, habilitação Cenografia (1991), mestrado em Teatro
(1999) e doutorado em Teatro (2005), pela Universidade Federal do Estado do Rio
de Janeiro. Formado ator pela Escola de Teatro Martins Penna (1993). Atualmente
é professor do Curso de Teatro e do Mestrado em Artes da Universidade Federal
de Uberlândia; membro da Comissão Assessora de Avaliação do Instituto Nacional
de Estudos e Pesquisas Educacionais – área Teatro. Tem experiência na área de
Artes, com ênfase em Interpretação e direção Teatral, atuando principalmente
nos seguintes temas: interpretação teatral, encenação, teatro infanto-juvenil,
espaço cênico, melodrama, circo-teatro e teatro popular. Dirige, desde 2002, o grupo uberlandense Trupe de Truões.
PAULO MERISIO, PhD has a Bachelor’s Degree in Architecture and Urbanism
from the Fluminense Federal University (1987) and in
Scenic Arts (Scenography, 1991) from UNIRIO, where he
also received his Master’s Degree (1999) and Doctorate in Theater (2005).
Graduated from the Martins Pena Theater School (1993). Is a Professor of Theater
and Arts at the Federal University of Uberlândia, as
well as a member of the Assessment Advisory Committee of the National Institute
of Studies and Educational Research in the field of Theater.
He works with the following themes: theatrical interpretation, staging,
children’s theater, scenic space, melodrama, circus-theater and popular
theater, and has directed, since 2002, the Trupe de Truões group from Uberlândia.