A PRÁTICA EXTENSIONISTA NA FORMAÇÃO DO
PROFESSOR: REFLEXÕES, INDAGAÇÕES E DESCOBERTAS NO ÂMBITO DO PROJETO “AÇÃO
CULTURAL EM TEATRO”
THE EXTENSIONIST PRACTICE IN TEACHER
TRAINING: REFLECTIONS, INQUIRIES AND DISCOVERIES IN THE SCOPE OF THE “CULTURAL
ACTION IN THEATER” PROJECT
Arão
Paranaguá de Santana
(UFMA)
Resumo
O presente trabalho se
traduz na descrição e análise do projeto de extensão Ação Cultural em Teatro, o qual integra o desenvolvimento
curricular do Curso de Licenciatura em Teatro da Universidade Federal do
Maranhão / UFMA, como parte das atividades das disciplinas Prática de
Extensão I e Prática de Extensão II, ofertadas no 5º e no 7º
períodos. A proposta foi desenvolvida em diversos bairros da capital
maranhense, em 2007, e conta com ações previstas para garantir sua permanência
na trajetória curricular e na experiência institucional, envolvendo a parceria
entre sujeitos – estudantes, professores, jovens e adultos provenientes de
comunidades culturais e grupos artísticos –, instituições escolares, entidades
informais e outras que se propõem à lida com arte e cultura.
Palavras-chave | pedagogia do teatro | teatro
em comunidades | formação de professores | ação cultural em teatro | arte-educação
Abstract
The present work translates the description and
analysis of the extension project called Cultural Action in Theater which integrates the curricular
development of the Course in Theater of the Federal University of Maranhão / UFMA, as part of the activities of the subjects Practice
of Extension I and Practice of Extension II, presented in the 5th and 7th
periods. The proposal was developed in different neighborhoods of the capital
of Maranhão, in 2007, and it counts with preliminary
actions to guarantee its permanence in the curricular course and in the
institutional experience, involving the partnership among subject – students,
teachers, youngs and adults originating from cultural communities and artistic
groups –, school institutions, informal entities and others that
intend to work with art and culture.
Keyword | teather´s pedagogy | theater in communities | teachers'
training | cultural action in theater | art-education
1.
Discussão Inicial
O projeto
político-pedagógico do Curso de Licenciatura em Teatro da UFMA define que a
“prática como componente curricular” é uma das vertentes essenciais para
desenvolvimento da formação discente, ao lado dos conteúdos de natureza
científico-cultural e das atividades complementares, estabelecendo assim a base
instrumental a ser utilizada para a implementação do currículo na dimensão do
cotidiano.1
Com o intuito de
sedimentar essa proposta acadêmica no seio da trajetória curricular, mediante
ações concretas, processuais e rotineiras, concebeu-se o projeto Ação
Cultural em Teatro para vincular o ensino à extensão, congregando
inicialmente treze subprojetos, a maioria deles realizado na forma de oficina
cênica ou montagem de espetáculo, sob a coordenação dos discentes inscritos na
disciplina Prática de Extensão I. Pretendia-se, dessa maneira, capacitar os graduandos
quanto à elaboração, realização e avaliação de projetos transdisciplinares,
o que se deu com parcela considerável de suor e dedicação.
Esse envolvimento
discente em atividades de abrangência comunitária contribuiu de maneira
singular para a sedimentação do princípio da indissociabilidade
entre ensino, pesquisa e extensão, cuja meta remete-se à democratização do
saber acadêmico e à promoção de mudanças significativas no processo pedagógico
vivenciado pelos participantes.
Considerando que a troca
de saberes acadêmico e popular é resultante do confronto com a realidade e
exige relações dialógicas entre universidade e sociedade, o desafio proposto
por Ação Cultural em Teatro buscou o estabelecimento de parcerias
no intuito de equacionar o interesse dos sujeitos e instituições. Algumas
dessas parcerias foram firmadas em locais onde havia envolvimento anterior da
UFMA, e outras onde foi constatado que existiam condições objetivas, tais como
envolvimento dos discentes com agrupamentos artístico-culturais, oportunidade
de bolsa ou motivação de natureza protagonista, levando em conta, sempre, o
desejo sinalizado pela(s) comunidade(s).
Na formatação dos
subprojetos foram contempladas as seguintes estratégias: (i) escolha da temática e da
clientela; (ii) estabelecimento dos
primeiros contatos e redação da proposta pelos discentes, com a orientação do
professor; (iii) ajustamento de metas
pelo Colegiado de Curso; (iv) desenvolvimento
das atividades pelos autores com supervisão docente; (v) avaliação qualitativa dos subprojetos a partir de critérios
específicos; (vi) avaliação coletiva
do conjunto pelos estudantes e professor; (vii)
elaboração de portifólios; (viii) realização de seminário de divulgação dos resultados com a
participação de todos os envolvidos; (ix)
elaboração de relatório final.
Para favorecer o
processo formativo e articular a teoria ensejada aos propósitos de natureza
prática, foi enfatizada a leitura de temas correlatos aos subprojetos,
compondo-se tal material didático de textos selecionados na literatura
especializada,2 em outras fontes e
recursos variados, com utilização de técnicas de registro e coleta de dados no
decorrer do procedimento prático – entrevistas, protocolo, planejamento
didático, portifólio de texto e imagem etc.
Por outro lado, considerando
que a valorização da ação extensionista e sua
institucionalização junto aos setores competentes da universidade são elementos
indispensáveis para a execução de projetos como esse, a avaliação visou
compreender o compromisso institucional e o impacto das atividades junto aos
segmentos sociais envolvidos. No decorrer desse processo foram sendo desenhados
os instrumentos – contendo categorias, indicadores, procedimentos e fontes de
informação –, tendo em vista contemplar quatro dimensões: avaliação diagnóstica,
avaliação político-institucional, avaliação pedagógica e avaliação de impacto
do projeto.
Coordenador de oficina em situação de jogo com
cores junto a seus alunos.
(Foto: Fernanda Rafaela Silva Costa).
Convém ressaltar que as atividades foram planejadas
para serem desenvolvidas de maneira auto-sustentável, com os recursos
provenientes dos próprios sujeitos implicados, do Departamento de Artes e das
instituições que atuaram em parceria.3
Semeado o terreno, seja
na sala de aula, nas reuniões acadêmicas como nos encontros com os parceiros
externos, foram desenvolvidas as atividades previstas, durante os meses de maio
a outubro de 2007, nos treze subprojetos, listados a seguir.
|
Alguns desses subprojetos foram redimensionados no
curso do seu desenvolvimento, para atender às exigências da realidade ou o
interesse dos participantes. Houve também desistência de dois alunos, por
decisão pessoal, sem que isso redundasse em obstáculo para a implementação do
subprojeto que participavam. Seguem-se os relatos a partir da avaliação de cada
um dos subprojetos.
2.1 Jogos teatrais e formação de platéia
Tema: Ensino de teatro, jogos de iniciação e formação do espectador
Coordenadores: Abimaelson Santos Pereira e Fernanda Rafaela
Silva Costa
Público-alvo: Estudantes da Rede
Municipal
Período: Junho e Julho
Parceria: Prefeitura Municipal de São Luís / Projeto Escola Aberta, UEB João
Lima Sobrinho, Coroadinho
As atividades foram desenvolvidas nas manhãs de
sábado, entre junho e agosto, contando com a participação de cerca de 30
estudantes ligados ao ensino básico, na faixa etária dos 10 aos 16 anos, bem
como de familiares e outros assistentes no momento da apresentação do
espetáculo. A parceria com o Projeto Escola Aberta permitiu a continuidade do
trabalho protagonista de Abimaelson, bolsista do
projeto, e a adesão de Fernanda, fato que contribuiu para um impacto bastante
favorável da proposta junto à clientela e à UEB João Lima Sobrinho.
Na
oficina cênica um momento de avaliação utilizando as ferramentas das artes
visuais.
(Foto:
Fernanda Rafaela Silva Costa).
Foi produzido pelos discentes um extenso relatório
dando conta dos passos metodológicos e das questões pedagógicas que envolveram
o processo, contando ainda com muitas fotos digitalizadas, desenhos e anotações
dos participantes. Considerando a qualidade do trabalho prático, o empenho e o
crescimento intelectual dos discentes – fato que se pode comprovar através da
produção textual do projeto, do relatório final e das apresentações em
encontros científicos –, pode-se dizer que, neste caso, os objetivos de Ação
Cultural em Teatro foram atingidos com êxito, conforme se pode
inferir através da seguinte reflexão, de Abimaelson e
Fernanda, no relatório final do subprojeto Jogos
teatrais e formação de platéia:
O trabalho realizado serviu para desmistificação as pré-noções enraizadas na cabeça dos alunos, no sentido que, mostramos uma outra face do fazer teatral, frisando a importância da platéia, e deixando claro que sem ela não temos Teatro. Sabemos quão grandes são as dificuldades de disseminar o teatro-educação em nosso estado, devido à falta de estrutura mínima para o desenvolvimento do processo, todavia com o empenho dos estudantes conseguimos aplicar um método satisfatório cujo relação entre receptor e transmissor foi recíproca, dessa forma, ambos se fizeram sujeitos das historias que ali estavam sendo desenvolvidas. As atividades de cunho prático, o desenvolvimento também foi satisfatório, tivemos vários relatórios por parte dos estudantes sobre as atividades, discussões sobre espaço, tempo, lugar, corpo, fluxo respiratório e outras; os debates avaliativos que aconteciam sempre ao final dos encontros mostravam o desenvolvimento gradativo da turma, e a importância do teatro na construção crítica de cada um.
2.2 Leitura dramática e encenação
Tema: Leitura dramática, recepção e encenação teatral
Coordenador:
Antonio Charles de Melo Pequeno
Público-alvo: Adolescentes e adultos
da comunidade
Período:
Março a Novembro
Parceria: Centro Espírita Emmanuel, Cohatrac IV
Quando Charles apresentou a proposta de trabalho
que vinha desenvolvendo junto a adolescentes do bairro Cohatrac
IV, nos debates em sala de aula ainda na UFMA, tornou-se evidente a necessidade
de adequar esses propósitos às exigências do projeto Ação Cultural em Teatro,
de maneira a colaborar com o seu aperfeiçoamento. O que se considerava, naquele
momento, era a capacidade e o potencial da idéia em termos de impacto junto à
comunidade, bem como em relação ao próprio curso de formação de professores de
teatro. Afinal, não são muitas as iniciativas que favorecem a relação
universidade versus sociedade através de um de protagonismo
acadêmico de qualidade. A respeito do início do processo de trabalho, vale registrar
a anotação feita por Charles em 20/01/2007, no relatório final do subprojeto Leitura Dramática e Encenação:
Estou no
Centro Espírita Emmanuel, Cohatrac, São Luís,
Maranhão, Brasil, esperando as pessoas para a primeira reunião visando um
trabalho, ainda pouco definido, com teatro. São 17:50 e o encontro está marcado
para as 18 horas e até agora não chegou ninguém. Devo ter me precipitado mais
uma vez. Estamos em janeiro. Entre o convite aberto e hoje se passaram apenas
três dias... Talvez devesse ter esperado o fim das férias ou pelo menos um
maior tempo de divulgação. Pensei o trabalho para um ano, sendo o primeiro
semestre voltado para os referenciais teóricos e leituras dramáticas, começando
com Édipo Rei de Sófocles. No segundo semestre então, partiríamos para um
trabalho mais prático voltado para a montagem de uma peça com todas as
implicações que isso significa. Às 18:15 começaram a chegar: Leandro, Aline, Marjory, Anunciação, Carol, Silvana, Caio, Lorença e Ricardo [...] Enfim aconteceu o primeiro
encontro, apareceram nove pessoas; três adultos e seis adolescentes; três
homens e seis mulheres.
O fragmento acima alude a uma tensão que aos poucos
foi sendo substituída pelo rigor com que o grupo manteve-se unido em torno dos
objetivos traçados e da vontade de ler peças de teatro em grupo, durante todo o
ano de 2007. No texto do projeto, seu autor adverte que há uma distância entre
a leitura compartilhada e a encenação, envolvendo todo um universo de
referenciais teóricos, técnicas de interpretação, direção de atores e escolhas
estéticas. Após a realização de parte das atividades previstas, emergiu a
certeza de que a opção pela leitura dramática, numa perspectiva interativa,
colaborou para encurtar essa distância, apresentando-se como oportunidade de enriquecimento
cultural e formação de grupo, apontando caminhos para o ato de fazer teatro. A
título de exemplo, segue-se um trecho do relatório final, com depoimentos dos
participantes acerca da leitura da peça de Bertold
Brecht O Mendigo ou o Cachorro Morto:
Caio – É crucial perceber como o poder dissertativo de um réles [sic] mendigo pode influenciar e atingir tão profundamente um incrível imperador, capaz de definir o mundo à sua volta tão fingido mas vivido.
Carol – É uma peça extensa, que dá um enredo maluco, mas possui um final envolvente e interessante.
Leandro – As duas peças foram muito boas. Gostei principalmente da peça “O Mendigo e o cachorro morto” mas também a peça “Pato Selvagem” foi bacana. Um pouco dramático mas bem feita.
Bruna – Bem achei a peça “O Pato Selvagem” legal, mas a do mendigo e do cachorro foi perfeita e eu dou o maior apoio em atuar nela. É muito massa.
Marjorie – Achei as duas peças muito interessantes. Gostei bastante.
Ricardo – Achei meio confusa no começo, mas ao final da apresentação, notei a poesia de que se tratava.
Laiza – Ambas as obras são críticas e alegóricas, não tão simples de serem compreendidas, mas apreciei muito os textos, visto que todos trouxeram surpresas nos enredos.
Cena
de fragmento O fim, com Carol e Caio.
(Foto:
Antonio Charles Melo Pequeno).
A avaliação final registra a montagem e
apresentação (duas vezes) de um espetáculo engendrado no decorrer do processo,
bem como para sua continuidade em 2008, junto à disciplina Prática de Extensão II.
2.3
O fazer teatral: arte sem preconceito
Tema: Arte e terapia; ensino do teatro
Coordenadoras: Camila Kelly Feitosa Sampaio, Eliane Cristina Marques Hortegal e Silmara Layce Pereira
Garcia
Público-alvo: Crianças portadoras do
vírus HIV
Período: Junho a Agosto
Parceria:
Casa Sonho de Criança, bairro Fé em Deus
A proposta original das discentes era a de mostrar a
importância da criação cênica para uma clientela composta de crianças pequenas,
na perspectiva da inclusão sócio-educativa, através da criação de bonecos e de jogos
teatrais, estímulos esses que são considerados essenciais para o
desenvolvimento cognitivo e afetivo, na infância. Neste sentido, as atividades
lúdicas previstas seriam as brincadeiras tradicionais, os jogos com regras e
outras modalidades de iniciação teatral, tendo como mote pedagógico o
desenvolvimento de habilidades motoras através do teatro, enfatizando ainda o
interesse da criança na criação de histórias e bonecos.
A recepção calorosa por parte da diretora da Casa Sonho de
Criança, dando conta da importância do trabalho voluntário das discentes,
desvelou, contudo, as limitações que seriam impostas ao trabalho, inclusive em
termos da impossibilidade de uso dos materiais previstos, como papel, cola e
tesouras, o que resultou em novas estratégias e objetivos, conforme atestam as
autoras no seu relatório final:
Passamos a trabalhar pedagogicamente com elas [as crianças] toda a base necessária para a compreensão do que queríamos abordar, pois não a tiveram na escola nem na família. A ética e o compromisso com o trabalho foi desenvolvido para melhorar a disciplina e para maior aprendizagem. Passamos a ensiná-las nas tarefas escolares e assim percebemos quais eram as suas reais necessidades de aprendizagem. Promovemos estímulos para que o estudo básico tivesse maior importância na vida dessas crianças que não recebem apoio da família e nem possuem perspectiva de vida [...] Iniciam o trabalho mas não terminam porque somente fazem as coisas conforme seu interesse.
O trabalho foi realizado durante as tardes de terça-feira,
tendo continuidade mesmo após o encerramento o prazo estipulado originalmente
pelo projeto. Além das atividades discutidas no depoimento acima, foi
privilegiado o espaço de jogos e brincadeiras, valendo-se as autoras da
experiência adquirida junto ao processo de aprendizagem acadêmica. Por uma
questão de impedimento institucional não foi possível registrar em imagens o
trabalho desenvolvido pelas coordenadoras discentes com as crianças, mantendo
veladas as suas identidades.
2.4 Meu lar de
imagens
Tema: Resgate de memória através dos jogos teatrais
Coordenadores:
Ivaldo Cantanhede Junior e Marinildes
de Brito Souza
Público-alvo: Moradoras do Lar
Universitário Rosa Amélia Gomes Bogéa
Período:
Junho a Agosto
Parceria: UFMA/Lar Universitário - LURAGB
Janelas
da sala onde foi realizada a oficina Meu
lar de imagens.
(Foto:
Ivaldo Júnior).
O propósito de Meu lar de imagens se volta à
necessidade de contribuir para o resgate de identidade das moradoras do Lar
Universitário, rememorando a origem social, as histórias e o trajeto de vida
que as fez chegar até ali, através de jogos e exercícios teatrais, na tentativa
de preencher, por um lado, a lacuna da falta de atividades com fins de
entrosamento, vivência coletiva e relacionamento interpessoal, e, por outro
lado, fortalecer a imagem dessas universitárias quanto ao seu papel junto grupo
em que estão inseridas.
A partir da iniciativa
de Marinildes, moradora do Lar Universitário, que
contou com a adesão de Ivaldo Cantanhede Junior –
fotógrafo desta e das demais atividades do projeto de extensão analisado neste
trabalho –, a oficina foi realizada em sete tardes de sábado, mesmo sendo
parcos os recursos materiais fornecidos pela UFMA e complicada a administração
do tempo em face dos compromissos assumidos pelas participantes.
A
imagem mostra a confecção do diário de bordo, instrumento utilizado para
pesquisa do universo de pessoalidades a ser trabalho nos jogos teatrais.
(Foto:
Marinildes Brito).
Ao final de cada encontro abria-se uma roda de avaliação, a
qual apontou para um bom resultado no âmbito geral, conforme o depoimento que
se segue, citado no relatório final do subprojeto Meu Lar de Imagens:
O objetivo central [do subprojeto] seria a vivência do processo-chave, a amarelinha, e o registro áudio-visual mostrando o jogo como um todo, os relatos pessoais, a vivência na atual residência, um memorial vivo das participantes que se configura em seus depoimentos, a trajetória de cada uma até a casa. Entretanto, devido a falta de recursos [financeiros] para edição das imagens, nós coordenadores optamos pela entrega do material bruto em um outro momento, dando continuidade ao processo.
2.5
Leitura dramática com a comunidade
Tema: Iniciação ao ensino do teatro
Coordenadora: Raimunda Pinheiro de Souza Frazão
Público-alvo: Estudantes da
comunidade na faixa etária de 12 a 16 anos
Período:
Agosto
Parceria:
Movimento Ecológico Regional de Saúde com Arte / MOVERSARTE
O envolvimento da
coordenadora discente (D. Rai) com uma associação
beneficente, criada por ela e seu marido, quando ainda vivo, sugeriu o lócus
ideal para desenvolvimento de um subprojeto voltado para a leitura em interação
com o fazer teatral em um ambiente de extrema carência social e cultural.
Faz-se mister esclarecer que a comunidade de São
José dos Índios, situada no município de São José de Ribamar (ilha de São Luís-MA), é formada por cidadãos que contam com escassos
serviços públicos na área cultural, tendo crianças e jovens em situação de
muita carência, sobretudo de atividades artísticas. Assim, a proposta original
quanto à leitura dramática de textos teatrais com pré-adolescentes e jovens foi
redimensionada para atender às necessidades dos participantes, incluindo a
produção, leitura e compreensão de textos literários.
Os recursos foram conseguidos face ao empenho da
coordenadora discente e DEART, garantindo as condições necessárias para o
desenvolvimento das atividades: pasta, papel, canetas, lápis etc. A considerar
a avaliação coletiva, há possibilidade de continuidade de projetos semelhantes junto
à MOVERSART, sendo imprescindível, para tanto, o envolvimento de novos
coordenadores de jogo, conforme ressalta o seguinte fragmento escrito por D. Rai, citado no relatório final do subprojeto Leitura Dramática com a Comunidade:
No dia 25 de
agosto encerramos as atividades com a avaliação do curso feita pelos alunos e
degustação de frutas típicas da nossa região. Quanto a minha avaliação pessoal
acho que as vinte horas da oficina foram bem aproveitadas e tivemos um saldo
positivo, uma vez que todos os participantes se mostraram dispostos a
participar de novas atividades que viermos a desenvolver, se contarmos com a
colaboração de outros colegas nossos.
2.6. Ação
teatral: construindo sonhos e melhorando indivíduos
Tema:
Ensino de teatro, jogos teatrais, dramatizações
Coordenador: Sérgio Murilo Ribeiro Melo
Público-alvo: Alunos do ensino
fundamental
Período:
Maio a Setembro
Parceria: Escola Modelo (Rede Estadual de Ensino)
A oficina pretendeu ofertar um curso gratuito de teatro
para crianças e adolescentes carentes, utilizando o horário disponível
(extra-curricular) para a aplicação de abordagens teórico-metodológicas
apreendidas pelo coordenador nas disciplinas da Licenciatura em Teatro,
conforme explicita o relatório do autor (Murilo), referente ao subprojeto Ação Teatral: construindo sonhos e
melhorando indivíduos:
O projeto se iniciou apenas com a minha vontade de
fazer um trabalho voluntário numa escola pública, perto de minha casa. Após uma
reunião com pais e alunos, comecei atendendo a 25 crianças, nas manhãs de
sábado. Devido à greve na escola houve uma evasão quase que em massa dos
alunos, mas com o reinício das aulas eles retornaram à atividade. Atualmente o
trabalho continua com 10 participantes. Fizemos uma página virtual www.vibefog.com.br/acaoteatral
com o objetivo de registrar todas as impressões sobre o projeto, com textos das
crianças e opiniões sobre seus interesses.
No decorrer do processo
foram implementadas, com os alunos, leituras dramáticas, estudos de texto e
atividades práticas como improvisação, interpretação, alongamento, relaxamento,
expressão corporal e vocal. A cada encontro foi elaborado um planejamento
didático específico, com ênfase no encaminhamento didático proposto por Viola Spolin
e Augusto Boal, contando ainda com o
registro de imagens e outras formas de anotar os dados da realidade. Mesmo após
o encerramento formal das atividades, alguns
alunos deram continuidade aos trabalhos, chegando a finalizar a montagem da peça O livro Mágico, escrita e dirigida por Sérgio
Murilo Ribeiro Melo, apresentada em dezembro de 2007 no palco picadeiro do
Circo da Cidade.
Como o projeto não contou com nenhum tipo de apoio ou
bolsa, a alternativa encontrada foi desformalização
dos procedimentos, garantindo-se, contudo, a freqüência e assiduidade do
coordenador, que registrou o seguinte no relatório final do subprojeto Ação Teatral: construindo sonhos e
melhorando indivíduos:
Sinto que mesmo esse trabalho mesmo sendo executado
precariamente é extremamente necessário porque eles [os alunos] não faltam às
aulas e ficam tristes quando por algum motivo não as têm. De alguma forma sinto
que uma semente está sendo plantada e os frutos virão mais à frente, seja no
teatro ou em suas próprias vidas.
Murilo,
o diretor-oficineiro e meninas de um grupo discutem o
encaminhamento do trabalho.
(Foto:
Arão Paranaguá).
2.7 Radionovela na comunidade
Tema:
Ensino de teatro; jogos teatrais; radionovela
Coordenadores:
João Batista Sousa Santos, Jerrimar Araújo Santos,
Vanessa de Sousa Bastos
Público-alvo: Adolescentes (13 a 17
anos)
Período:
Agosto a Setembro
Parceria: Igreja Nossa Senhora do Carmo, bairro Coroadinho
Cartaz de divulgação da oficina exposto no
mural da Igreja Nossa Senhora do Carmo.
Após muita elucubração entre os membros da equipe em torno
da idéia e da possibilidade de concretizá-la, foi aproveitada a experiência dos
coordenadores discentes em relação ao tema (rádio), organização comunitária e
jogos teatrais, conforme depoimento dos oficineiros,
no relatório final do subprojeto Radionovela na
comunidade:
Conscientes da
necessidade e a importância de um trabalho comunitário com teatro envolvendo
jovens [...] resolvemos trabalhar a questão da comunicação, este mecanismo que
é usado na maioria das vezes como instrumento de alienação, tendo a radionovela como forma de produzir e levar conhecimento
artístico para a comunidade.
No início eram vinte vagas, mas chegaram ao final do
processo apenas quatorze participantes, sendo executado, em oito manhãs de
sábado, o planejamento didático e outras atividades complementares. A avaliação
final aponta para a necessidade de continuidade da oficina, tendo em vista a
gravação em rádio e a difusão das propostas ensaiadas no decorrer do processo,
conforme opinião dos participantes nos depoimentos constantes no relatório
final do subprojeto Radionovela na comunidade:
A proposta final não pôde ser executada [...] mas a experiência
foi muito positiva, serviu para nós alunos avaliarmos o quanto é necessário
levar conhecimento e também aprofundarmos nossos conhecimentos na prática,
vimos como apenas na leitura de obras como a de Viola Spolin,
por exemplo, muita coisa passa despercebida em sala de aula. Esse projeto
deixou claro também o quanto os jovens necessitam de atividades culturais, e
isso foi dado a eles messes poucos encontros em que vivenciamos a experiência
de fazer teatro na comunidade.
Uma das participantes, Francy
Anne, de 17 anos, citado no mesmo relatório:
Ainda bem que estamos tendo a
oportunidade de fazer isso aqui no Coroadinho, era isso que o bairro estava
precisando, de um projeto que estimulasse a comunidade. Podemos mostrar que
aqui temos coisas boas, pois as pessoas de fora pensam que aqui tem só bandido,
mas nós podemos mostrar um outro lado do bairro através desta oportunidade de
fazer teatro.
Coordenador
de jogo dá instrução em laboratório cênico.
(Foto:
João Batista Sousa Santos).
2.8 Oficina de encenação operística
Tema:
Ensino de teatro; teatralização de árias; jogos teatrais
Coordenadores:
Joseleno Moraes Gonçalves de Moura e Antonio Charles
de Melo Pequeno
Público-alvo: Alunos do curso de
canto lírico
Período: Julho
Parceria:
Escola de Música do Estado do Maranhão / EMEM
A Escola de Música Lilah
Lisboa tem experiência de montagem de trechos de óperas, com resultados
consideráveis do ponto de vista musical. No entanto, a ópera requer também um
forte componente de interpretação teatral para o que a escola não conta com
professores especializados. Surgiu daí, por iniciativa dos próprios professores
de canto lírico, a idéia de uma oficina de teatro que pudesse auxiliar os
alunos na composição dos personagens, caracterizações, expressões corporais,
marcações de palco etc.
Assim, este
subprojeto pretendeu aproveitar o período de férias, sobretudo dos estudantes
interessados em melhorar sua performance cênica, contando ainda com o
acompanhamento de professores de canto e piano, e permitindo aos coordenadores
discentes da UFMA, que também professores da EMEM, uma atenção focada
exclusivamente nos elementos de interpretação teatral.
Durante sete aulas foram experimentados jogos
teatrais numa perspectiva stanislavskiana – por
decisão dos coordenadores –, além da audição de óperas e apreciação de filmes.
A avaliação apontou para a riqueza do tema e para desdobramentos posteriores,
face ao desejo dos participantes em dar seqüência ao trabalho e à possibilidade
de consolidar a parceria entre a UFMA e a EMEM.
2.9 Passos no
compasso
Tema:
Expressão corporal; dança-teatro
Coordenadores:
Leônidas de Souza Santos Portela e Thatielle Abreu
Público-alvo: Crianças e adolescentes
Período: Agosto a Outubro
Parceria:
Projeto Escola Aberta / Unidade de
Educação Básica Santa Clara
O
subprojeto Passos no Compasso
enfatizou a dança educativa ao explorar as possibilidades que se apresentam na
esfera da expressão corporal, possibilitando aos participantes o reconhecimento
das suas potencialidades artísticas. Dessa maneira, pretendeu aprimorar a
disciplina, autoconfiança, sensibilidade, poder de expressão, respeito pelo
espaço do próximo, consciência respiratória, espontaneidade e auto-estima.
Ao
revelar a importância do processo ensino-aprendizagem no fazer artístico,
através de encenações lúdicas que diziam respeito ao contexto social dos
alunos, verificou-se que são múltiplas as possibilidades de discussão de temas
transversais no âmbito da escola, o que repercute em maior aceitação de si,
superação de dificuldades aparentes que prejudicam o andamento escolar dos
alunos e defesa contra descriminações inconseqüentes, oriundas do convívio
comunitário. O depoimento de uma aluna, citado no relatório final do subprojeto
Passos no Compasso, alude a essa
realidade:
Eu aprendi que para se fazer qualquer coisa precisamos nos concentrar. O professor falou sobre questões do negro e eu sou negra, eu acho um absurdo um negro ser descriminado. Por que fazem isso? Será que é por nossa pele mais escura? Se for por isso o branco também deveria ser descriminado por sua pele branquinha.
Afastadas as mesas e cadeiras da biblioteca da escola, acontece
uma das atividade da oficina.
(Foto: Thatielle
Abreu).
O número de participantes oscilou de 13 no início do
projeto a 37 no seu encerramento.
(Foto: Thatielle
Abreu).
Apresentação do espetáculo para a comunidade, na quadra da
escola. (Foto: Leônidas Portella).
Emoção de uma mãe ao cumprimentar sua filha após o
espetáculo.
(Foto: Leônidas Portella).
A
exemplo do subprojeto Jogos teatrais e
formação de platéia, a ação institucional da UFMA colaborou para o
aprimoramento de um trabalho que vinha sendo executado com algumas
dificuldades, aumentando bastante o número de participantes, a qualidade das
práticas e contemplando, também, a expectativa quanto a um resultado, posto que
foram feitas três apresentações do espetáculo criado durante a oficina, para um
público numeroso. O depoimento abaixo ressalta um dos aspectos mais
significativos da interação entre escola e universidade, como se lê no
relatório final do subprojeto Passos no
Compasso:
Com a escola aberta para a comunidade, torna-se possível o intercâmbio de conhecimentos entre família, aluno, professores e arte, relação esta que é indispensável ao processo de ensino e aprendizado dos acadêmicos de Licenciados em Teatro.
2.10
Oficina de teatro: o espontâneo
Tema:
Ensino de teatro; criação dramatúrgica
Coordenadores:
Rosianne Silva de Jesus
Público-alvo: Universitários,
estudantes do COLUN e comunidade externa
Período: Agosto a Outubro
Parceria:
UFMA / Assessoria de Qualidade de Vida
Este projeto voltou-se
para a prática da criação cênica, dando ênfase a um procedimento de encenação
colaborativo a partir de improvisações, jogos e exercícios. A partir de
atividades inspiradas em obras como A
poética do espaço, de Gaston Bachelard,
foram exploradas situações cênicas que favoreceram ao grupo extrair um farto
material que fundamentou a montagem do espetáculo Caixa preta.
Oficina realizada no espaço do Restaurante Universitário,
com Rose (coordenadora de jogo) ao fundo.
(Foto: Arão Paranaguá).
Devido ao empenho da coordenadora discente e ao
apoio integral dos participantes, este subprojeto constituiu-se numa das
atividades de maior abrangência de Ação
Cultural em Teatro, levando em consideração o número de pessoas
envolvidas e o tempo – cerca de 100 horas de atividade e a encenação de um
espetáculo visto por um grande público no Centro Histórico de São Luís. Segundo
relatório final do subprojeto Oficina de
Teatro: o espontâneo:
[...] mostrar-se foi uma das atividades mais significativas. O tempo todo se buscou a revelação deste ser e de sua ação na construção teatral, através de jogos, de reflexões sobre a responsabilidade social de cada um na sociedade [...] da assimilação da realidade de si e do outro, focando, durante os jogos baseados no teatro didático de Bertolt Brecht, a questão da consciência crítica [...] idéias e objetivos contidos na mensagem a ser contemplada pelo espectador [...] A montagem de um espetáculo não é nada fácil, é preciso conhecer bem o que estamos trabalhando e todo o grupo precisa participar integralmente nos estudos e processos de criação, que comparo com a construção de uma casa – tem que pensar bem na planta (o texto), no terreno (o palco), nos materiais (cenário, figurino, sonorização etc.) e em todos os operários que darão o sangue para levantar as paredes do resultado final (atores e outros); sem esses elementos não existiria a obra e não teríamos um grande aprendizado, convivendo e respeitando um ao outro, misturando amizade e descoberta, sem medo de ser realmente o que se é.
Duas encenações foram criadas na oficina - Caixa preta e Este espaço é meu - apresentados, respectivamente,
em rua do Centro Histórico de São Luís e no auditório do
CEUMA, como na imagem acima.
(Foto: Rose de Jesus).
2.11 Apreciar e conhecer para
preservar
Tema: Expressividade;
jogos teatrais; consciência para preservação ambiental
Coordenadores: Ana Flávia Frota Ferreira da Costa, Débora Vanessa
Frota Ferreira da Costa, Carla Maria Amorim, Luciana Marques
Público-alvo: Alunos do ciclo de alfabetização do ensino
fundamental
Período: Julho a Agosto
Parceria:
Unidade de Educação Básica Santo
Antônio (Cruzeiro de Santa Bárbara)
A
proposta original do projeto buscava aliar o ensino da arte ao respeito pelo
meio ambiente, aproveitando o espaço externo da escola, fato que provocou nas
crianças euforia e alegria, o que foi bastante positivo para o processo de
trabalho. Desde o início as atividades ocorreram de forma tranqüila, tendo a
criançada participado dos jogos e brincadeiras de maneira bastante
descontraída.
Para
favorecer a atenção foi trabalhada a roda de leitura de poesias e jogos com
bastão (cabo de vassouras), dentre outras atividades que incentivaram a
autoconfiança e o envolvimento com a temática preservacionista. A utilização de
materiais como potes plásticos, cabos de vassouras, sacos plásticos e outros
despertou a consciência junto aos alunos acerca da necessidade de uma coleta
seletiva do lixo, bem sua reciclagem, tornando-os multiplicadores de um
conhecimento a ser veiculado junto aos seus pais e familiares.
A
realização do projeto proporcionou o aumento da interação entre os alunos,
mediante as atividades vivenciadas em grupo, pois a participação das crianças
aconteceu de forma efetiva, contribuindo para o bom desenvolvimento do projeto.
Durante
a realização dos ensaios para culminância os alunos mostraram-se bastante
interessados com a possibilidade de serem assistidos pelos seus pais; contudo,
devido a problemas internos, a grande maioria dos alunos faltou no dia do
encerramento do projeto, embora os que se fizeram presentes foram capazes de
realizar a encenação com êxito.
2.12 Oficina de produção textual
Tema:
Produção textual
Coordenador:
Eldimir Faustino da Silva Júnior
Público-alvo: Professores do ensino fundamental e médio da rede
pública
Período: Outubro
Parceria:
Prefeitura Municipal de São Luís /
SESC
Considerando
a impossibilidade de realizar o subprojeto tal como previsto, com pessoal da
‘melhor idade’ ligado à Universidade Integrada da Terceira Idade (UNITI), foi
concedido ao coordenador-discente a sua reelaboração,
para que a proposta fosse executada durante a I Feira do Livro de São Luís,
através de uma oficina dirigida a professores da rede pública.
O
propósito era o de aprofundar o olhar poético dos professores que atuam na sala
de aula, para além dos livros para-didáticos, bem como estimular a capacidade
de imaginar, fantasiar e criar dos seus alunos. Conhecendo a importância de um
diálogo mais humanizado do professor com a realidade sócio-afetiva dos
discentes, pretendia-se que a poesia se instaurasse enquanto instrumento de
construção de uma consciência estética e política.
Utilizando
dinâmicas pertinentes à área de teatro, como a caixa de palavras, a discussão encaminhava a reflexão sobre o
imaginário poético, seu banco de memória,
com o propósito de construir e desconstruir textos. A partir do resgate
simbólico da infância de cada participante foi construído um banco de memória
com brinquedos e brincadeiras preferidas. Cada turma criou coletivamente um
texto poético a partir da caixa de
palavras, além das produções poéticas individuais; abaixo, três exemplos de
produção dos participantes da Oficina de
Produção Textual:
O coração num rio de silêncio / Perde a memória / No deserto da tristeza / Corre uma nuvem vazia / Vejo tempestade de escuridão / Nessa palavra sem lua
No voar do vento sou contemplador
A solidão do rio / Se perde na minha / Sonho com a lua que não reflete / Não me vejo em meio à tempestade de silêncio.
2.13
Clown – navegante de emoções
Tema:
Improvisação teatral; técnica circense
Coordenador:
Ezequias Roland Ferreira
Público-alvo: universitários,
estudantes do Colégio Universitário, servidores técnico-administrativos e
comunidade externa (área Itaqui-Bacanga)
Período: Julho
Parceria:
Assessoria de Qualidade de Vida da
UFMA
O
subprojeto visou aproximar a comunidade externa da comunidade acadêmica através
da prática circense e da técnica teatral da improvisação, estudando uma
personagem que passeia no extremo das emoções humanas e não necessita
obrigatoriamente de um texto, mas que possui uma dramaturgia própria – o clown. O número de candidatos esteve
abaixo da expectativa, mesmo contando-se com razoável divulgação, cartaz e
matéria na rádio Universidade FM. Para Ezequias, participante
do subprojeto Oficina: Clown, navegantes
de emoções:
[Foi] pensando no clown que cheguei à improvisação. Enveredar-me pelos caminhos da improvisação, em busca do palhaço contido em cada uma das nossas máscaras sociais [...] pareceu-me o percurso mais sensato, já que a clientela era constituída por iniciantes.
Participantes da oficina em situação de jogo. (Foto: Ezequias Ferreira).
A
discussão entre processo versus produto, intenção versus resultado, quantidade
versus qualidade, presentes na avaliação deste indicou a necessidade de
aprimorarmos procedimentos de averiguação acerca da trajetória acadêmica em si,
trazendo à tona uma discussão de natureza estética e pedagógica, o que se
tentará fazer a seguir.
3. Considerações de Natureza
Acadêmica
O texto original
de Ação Cultural em Teatro
contemplava uma discussão acadêmica a respeito das questões conceituais que
alicerçam os propósitos do projeto, ressaltando ali as relações de pertinência
deste com o projeto político pedagógico do curso de Licenciatura em Teatro.4
A respeito disso vale salientar que o mencionado projeto de curso estabelece
que a prática como componente curricular é uma das vertentes essenciais para
desenvolvimento da formação discente, ao lado dos conteúdos de natureza
científico-cultural e das atividades complementares, compondo assim a base
instrumental a ser utilizada para a implementação do currículo na dimensão do
cotidiano.5
O
curso de Licenciatura em Teatro foi criado em 2004 como resultado de um longo
processo de discussão interna, de participação em discussões de âmbito nacional
e de envolvimento com a pesquisa (SANTANA, 2005: capítulos 4 e 5). Pautado nas diretivas que naquele momento se
cristalizavam na educação brasileira e nos documentos geradores das diretrizes
curriculares traçadas pelo Conselho Nacional de Educação, buscou-se contemplar
a prática como componente curricular
através de "situações didáticas em que os futuros professores coloquem em
uso os conhecimentos que aprenderem, ao mesmo tempo em que possam mobilizar
outros, de diferentes naturezas e oriundas de diferentes experiências, em diferentes
tempos e espaços curriculares".6
Achamos
importante registrar que o ato normativo que instituiu a Licenciatura em Teatro
na UFMA talvez seja o primeiro documento curricular que contempla a extensão como
atividade regular do currículo pleno na forma de disciplina, no âmbito da UFMA
– e quiçá nas demais IES brasileiras –, uma vez que a prática extensionista está sedimentada em muitos cursos e
instituições, embora de forma complementar e geralmente desarticulada do
ensino.7
Ademais,
o curso em tela agrega ao currículo pleno a prática como componente curricular
também por intermédio das atividades complementares, dando ênfase à ação direta
dos discentes em situações contextualizadas, registrando essas observações
através de seminários, oficinas, espetáculos, tecnologias da informação,
narrativas orais e escritas, estudo de casos etc.
A
ementa das disciplinas Prática de
Extensão I e II contemplam o
seguinte enunciado: "Estabelecimento de relações entre o conceito de
extensão e sua efetivação concreta no âmbito do ensino do Teatro, a partir dos
critérios regulamentados pelo Colegiado do Curso, privilegiando-se a execução
de trabalhos de caráter prático, em atuação conjunta com o Dept° de Extensão da
Pró-Reitoria de Extensão".8 Essa nova
concepção de currículo pressupõe a utilização de uma dinâmica flexível, o
exercício da interdisciplinaridade e a participação ativa dos discentes, tendo
em vista a construção de um conhecimento crítico e investigativo.
Considerando
que alunos e professores constituem-se em sujeitos de um ato educativo que
relaciona teoria e prática; que a fusão dos saberes erudito e popular é uma via
possível de democratização da prática acadêmica; que as mudanças no processo
pedagógico virão como resultante do seu confronto com a realidade, o projeto Ação Cultural em Teatro tem como
propósito alargar as fronteiras do formalismo escolar e ao mesmo tempo
diversificar os procedimentos teórico-metodológicos, contando, para tanto, com
a participação efetiva da comunidade junto à universidade.
A
união do ensino com a extensão aponta
para uma preparação de professores contextualizada, fazendo frente às agudas
questões interpostas pela sociedade contemporânea e permitindo uma atuação na
essência do formativo, o que contrasta com o modelo anterior, caracterizado por
programas de aparição episódica e esporádica no currículo pleno. Em outra via,
a integração do ensino à pesquisa tem como escopo o domínio dos instrumentos e
tecnologias nas quais as profissões se expressam, ação essa que pode
desembocar em programas que extrapolam a sala de aula.
Dessa
maneira, o conceito da indissociabilidade entre os
três pilares da esfera universitária – ensino, pesquisa e extensão –, que
geralmente se ouve falar sem que se fixe uma imagem real a lhe projetar um
sentido pleno, possui, no âmbito deste projeto, uma especificidade situada no
âmago do campo estético-pedagógico, sendo parte fundante
de um percurso da graduação. Como isso não é algo prescrito – bula ou receita
–, só pode mesmo ser construído ao
longo de algum tempo, pela própria comunidade acadêmica em sua convivência
vivencial e midiática, seja no mundo inteiro como no contexto em que se situa,
sobretudo quando essa prerrogativa instaura-se enquanto exigência formal do
currículo.
Nessa
reinvenção da universidade, cabe ao aluno vivenciar o acontecimento como
fenômeno contextualizado, buscando explicações singulares, às vezes unicamente
aplicáveis para aquele determinado caso, adotando também uma perspectiva
analítica de natureza ontológica, na qual a forma de ver o problema compreende
a análise das suas particularidades frente à visão conjuntural observada pelos
sujeitos participantes.
Cientes
de que os conceitos tratados nos parágrafos precedentes implicam em atitudes
afirmativas por parte dos sujeitos que constroem a vida acadêmica, acreditamos
que o projeto Ação Cultural em Teatro
instaura-se como uma contribuição consistente, seja numa perspectiva pontual –
a trajetória formativa dos estudantes – como no panorama social e cultural.
Parafraseando Koudela & Santana, “[...] ainda que
possa ser considerado em grande parte utópico diante da miséria em que se
encontra a educação brasileira, o caminho afigura-se talvez como a última
possibilidade de resgate do ser humano diante do processo social conturbado que
atravessamos na contemporaneidade” (KOUDELA in SANTANA, 2000: p. 4).
Face
à indagação mencionada acima, vale complementar: num país de tantos milhões de
analfabetos na linguagem escrita, quantos seriam os analfabetos estéticos?
Quantos se sentem excluídos dos bens culturais? Quantos terão oportunidade,
alguma vez na vida, de acessar a internet, visitar uma galeria de arte ou
assistir a um espetáculo teatral?
Se
tais questionamentos interessam de perto à universidade e aos seus atores
sociais, há de se vislumbrar a superação desses impasses, ao menos no que tange
à vida acadêmica dos licenciandos e licenciandas em teatro. Como corolário dessa argumentação,
entende-se que a atuação direta dos discentes junto aos contextos culturais
poderá constituir-se em uma maneira socialmente válida de consolidar o seu
próprio processo formativo, seja almejando a profissionalização no decorrer do
percurso que leva à docência, seja na prática de uma ação cultural cujo foco é
a linguagem do teatro.
4. Ampliando o Debate – a Extensão e
a Formação do Educador
Para dotar a avaliação de Ação Cultural em Teatro de
outros elementos teóricos e de estratégias fundamentadas na prática, foi
realizada, durante o X Encontro
Humanístico (UFMA, novembro de 2007), uma mesa-redonda denominada A extensão, o papel social da universidade
pública no Maranhão e a formação do arte-educador,
visando ampliar a base discussão em torno do assunto. Três especialistas deram
contribuições relevantes, conforme discussão a seguir.
O Prof. Dr. Roberto Mauro Gurgel Rocha, coordenador
do projeto Democratizando a ciência (SBPC-UFMA,
1995), discorreu sobre o tema da articulação conceitual e histórica entre
extensão, pesquisa e ensino, reivindicando uma postura mais conseqüente,
agressiva e comprometida, por parte da UFMA, embora apontando saldos favoráveis
em algumas ações pontuais, no passado como atualmente. Demonstrou que a relação
entre teatro e extensão é tão velha como a própria universidade, pois os
estudantes de Bolonha (séc. XI) tinham como atributo visitar as comunidades e
representar teatralmente o resultado de seus estudos. Na América Latina, berço
da extensão entre nós, como no Brasil dos anos 1960, os movimentos populares e
os artistas protagonizaram a construção de uma universidade ativa, lembrando os
capítulos da história cultural brasileira que se reportam aos anos 1960, com as
ações empreendidas pela União Nacional dos Estudantes, pelos Centros Populares
de Cultura e pelos grupos de teatro Arena, Oficina e Opinião.
A contribuição da Prof. Dra. Maria Teresa Seabra Soares de Britto e Alves, do Departamento de Saúde
Pública da UFMA, externou a preocupação com a política de extensão das
universidades brasileiras quanto ao apoio a programas e projetos, ressaltando
que há necessidade de uma reinvenção do papel da universidade em resposta aos
desígnios e exigências sociais da atualidade. Discutindo as políticas esboçadas
no âmbito do Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas
(FOR-PROEXT), a palestrante enfatizou a importância da flexibilização curricular
no decorrer da graduação, a necessidade de construção de um caminho do estudante rumo à validação
social de seus estudos e pesquisas, bem como a institucionalização de projetos
pautados no projeto político-pedagógico do curso e no perfil do alunado.
A terceira contribuição, da Profa.
Esp. Célida Maria Lima Braga, tratou de um projeto
desenvolvido pelo DEART, em 1995, como parte das atividades de Democratizando a ciência, enfatizando a
tentativa de superação dos entraves epistemológicos subjacentes ao currículo do
curso velho (Educação Artística, com habilitação em artes cênicas), que até
então não havia alimentado a prática extensionista
junto à formação de professores numa perspectiva estética e comunitária. Ao
refletir sobre o processo de montagem da peça O extensionista – que contou com a
coordenação acadêmica e direção artística do Prof. MSc.
Luiz Roberto de Souza, montagem essa que foi desenvolvida junto à disciplina Interpretação II –. Braga apontou alguns
aspectos considerados essenciais para a saudável vivência universitária, tais
como: (i) superação do tempo reservado para os créditos curriculares da
disciplina; (ii) motivação dos participantes para vivenciar a experiência do
palco; (iii) colaboração de estudantes e professores no processo de trabalho,
afora os inscritos na disciplina Interpretação
II; (iv) contribuição do crítico Fernando Peixoto, que ministrou palestra e
teceu considerações sobre o ensaio geral da peça; (v) apresentação da peça em
esquema de temporada com quatro sessões, uma delas com platéia de cerca de mil
pessoas, contando ainda com a presença de dirigentes da SBPC.9
A mesa-redonda destacou, finalmente, a necessidade
da prática de extensão numa visão freireana, como comunicação, processo e compromisso,
superando a noção a ela atribuída enquanto função,
de caráter meramente burocrático e aparição esporádica.10
Neste sentido, foram discutidas algumas questões que devem balisar
a reflexão dos nossos extensionistas,
a saber: a UFMA está comprometida com as necessidades do povo maranhense? Quais
são essas necessidades? Como enfrentá-las? Quais contribuições a área de teatro
poderia dar?
Questionamentos como esses não podem calar, mas sim
ressoar nas das vozes ativas dos sujeitos que se propõem ao desenvolvimento de
projetos de extensão, sobretudo aqueles vinculados ao ensino e pesquisa, como é
o caso de Ação Cultural em Teatro.
Equacioná-las, redimensioná-las, operá-las junto às parcerias institucionais e
aos sujeitos das comunidades, compreende-las com todos os desafios internos e externos,
torna-se, então, ao mesmo tempo a tarefa acadêmica e o valor ético-social da
iniciativa. Resta, então, traçar bons indicadores e conseguir fontes de
informação confiáveis para realizar a avaliação em vários níveis – diagnóstica,
político-institucional, pedagógica e de impacto do projeto em si – para que se
possa verificar, com clareza, a concepção de extensão praticada e sua função
junto ao currículo pleno do Curso de Licenciatura em Teatro.
5. Visão Prospectiva
A discussão empreendida nas duas seções anteriores,
redimensionadas à luz dos doze subprojetos componentes de Ação Cultural em Teatro, justifica a necessidade – e sobretudo a
importância – da viabilização de propostas extensionistas
integradas à formação inicial (graduação), o que exige, por conseguinte, a sua
continuidade. Como corolário dessa argumentação, inserem-se, nesse momento
conclusivo mas nada exaustivo, algumas reflexões pontuais relevantes acerca da
prática em si, atinentes às fases de origem, desenvolvimento e avaliação da proposta
de trabalho. Para efeito de sistematização, essas reflexões alinham-se em duas
vertentes – constatações e recomendações – conforme trataremos a seguir.
5.1 Constatações
Em primeiro lugar insere-se a questão do protagonismo, atitude que, nos dias correntes, não tem sido
uma tônica que personifica os sujeitos que atuam na lida acadêmica, sejam eles
professores ou estudantes.
Neste caso, o gestus protagonista – para
usarmos uma imagem brechtiana – demonstrou ser a
alavanca essencial para a impulsão da jornada. Afinal, os discentes estavam
inscritos em uma disciplina como outra qualquer, mesmo tendo esta uma natureza
diferenciada; não contaram com recursos financeiros nem materiais fornecidos
pelas instituições envolvidas; tiveram que negociar, eles próprios, parcerias e
adesões... mas, no fim das contas, realizaram as tarefas a contento!
Podemos dizer que a dimensão pedagógica foi
bastante salientada, uma vez que o processo de imersão no tema da extensão
provocou uma leitura reflexiva de
questões que são recorrentes na formação do educador e do artista,
ultrapassando, dessa maneira, os saberes veiculados através de disciplinas
convencionalmente ministradas nas licenciaturas, como metodologia de ensino e
estágio supervisionado. Assim, a discussão elaborada por Fusari
& Ferraz
(1992) quanto a saber arte e saber ser
professor de arte constituiu-se em objeto de investigação e de
auto-conhecimento, pois os estudantes puderam aprimorar conceitos e práticas
que estavam em processo de amadurecimento interior, tanto na perspectiva
estética quanto pedagógica e técnica.
Também foi muito explorada a capacidade de redação
dos discentes, desde a elaboração dos projetos, transcrição de depoimentos,
relatórios, resumos de comunicação,11 entre
outros. Contudo, conforme constatou a banca de análise dos projetos – composta
por professores do Departamento de Artes – há de se pretender o aperfeiçoamento
da produção intelectual dos estudantes, elevando o grau de exigência quanto à
redação das peças básicas (subprojetos). Essa deficiência ficou ainda mais
evidenciada nos relatórios finais, uma vez que a grande maioria não apresentou
estrutura textual e imagens em conformidade com o modelo discutido
democraticamente em sala de aula.
Uma outra evidência dessa primeira versão de Ação Cultural em Teatro reporta-se ao
apoio institucional, atribuindo-se, para tanto, o devido crédito relativo ao
empenho dos discentes, do coordenador do projeto e do Chefe do Departamento de
Artes. Considerando as dificuldades naturais para o desenvolvimento de atividades
que extrapolam os limites da sala de aula, nossa proposta extensionista
tornou-se possível graças às parcerias que foram estabelecidas, seja com órgãos
internos e externos, entidades governamentais e da sociedade civil, seja com
artistas, diretores de escola, gestores culturais e pessoas comuns.
5.2
Recomendações
Para a consolidação de práticas extensionistas
vinculadas a uma formação de qualidade – como se tenta fazer com os professorandos no caso em apreço – torna-se imprescindível
o envolvimento político-institucional da Universidade. Se esse apoio se
manifestar no plano concreto – e não somente no papel –, como algo que emerge da mais da coletividade que da
intenção isolada de alguns, pode-se ter a certeza de que a avaliação pedagógica
dos resultados reivindica o encaminhamento de questões que garantam a sua
continuidade.
Neste sentido, torna-se essencial realizar uma
discussão avaliativa acerca do impacto do projeto junto à comunidade, bem como
junto aos discentes, seus maiores beneficiados. Considerando que no caso de Ação Cultural em Teatro a avaliação foi
realizada de forma bastante tímida, seria pertinente considerar este como um
dos objetivos mais importantes do projeto a ser executado em 2008; preocupações
dessa natureza talvez colaborem para a melhoria de qualidade das produções
textuais, sobretudo dos relatórios finais.
Finalmente, registramos o desejo dos integrantes do
projeto, manifestado em reuniões e documentos, quanto à consolidação de um
apoio institucional sob a forma de bolsa para os discentes, materiais para
desenvolvimento das oficinas, equipamentos para registro (imagem/som) e
divulgação das atividades.
6. Considerações Finais sobre a
Dimensão Acadêmica do Projeto
Um dos aspectos que mais favoreceram a concepção e
o desenvolvimento dos subprojetos – oficinas, mini-cursos, leituras dramáticas,
encenações etc. – discutidos no presente trabalho, reportam-se à articulação
existente entre ensino e extensão, numa perspectiva pragmática, isso por conta
de uma série de aspectos de natureza acadêmica.
Em primeiro lugar, é de bom alvitre mencionar que
houve um espaço efetivo de coordenação, pois os horários de aula das
disciplinas foram utilizados sistematicamente, seja para a realização de
atividades coletivas com toda a turma ou sessões de exposição teórica e
construção do planejamento, seja para orientação específica – em alguns casos
também para o desenvolvimento das oficinas. Nesse mesmo patamar incluem-se as
obrigações acadêmicas que deram um maior grau de comprometimento da proposta
por parte dos discentes matriculados em Prática de Extensão I.
Outro aspecto preponderante para a motivação dos
sujeitos decorre da participação destes na concepção, elaboração, produção e
execução do Projeto de Extensão Ação Cultural em Teatro, e sobretudo dos
subprojetos sob sua responsabilidade. Ademais, a disciplina Prática de Extensão
I foi ofertada pela primeira vez na história do curso de Licenciatura em Teatro
no semestre letivo 2007-I, tendo como protagonista a primeira turma, sendo
todos alertados acerca do compromisso e da responsabilidade imensa daí
decorrente.
Com base nessa argumentação, pode-se afirmar que
foi instaurado um clima de protagonismo – propositivo
e não menos voluntarioso – por parte de toda a equipe e dos membros das
comunidades que acolheram o projeto, conforme recomenda Paulo Freire (1992).
Como resultante desse exercício prático do
conhecimento curricular, por sinal formalmente ensejado na filosofia do curso,
pode-se considerar que os atributos interdisciplinares contidos nos subprojetos
influenciaram um outro tipo de protagonismo,
qualificado aqui de silencioso, posto
que passou a interferir positivamente nas disciplinas que eram cursadas pelos
participantes do projeto. Assim, sucediam-se os semestres letivos e os alunos
continuavam ligados aos seus projetos, dando vez a uma energia criativa
vinculada à pesquisa, redundando, em muitos casos, em monografias e outras
formas de produção científica. Esse protagonismo
silencioso colaborou para o envolvimento de outros parceiros nas propostas
acadêmicas e estéticas que emergiram no interior curso do projeto e, quiçá,
inspirem as ações vindouras.
Referências
UGMA, BRASIL. Universidade Federal do Maranhão.
Resolução CONSEPE-UFMA n. 523, de 15-03-2007.
___ Resolução CONSUN-UFMA n. 75, de 28-09-2004.
CABRAL, Beatriz. Ensino do teatro:
experiências interculturais. Florianópolis: Imprensa Universitária, 1999.
FÓRUM DE PRÓ-REITORES DE EXTENSÃO DAS UNIVERSIDADES
BRASILEIRAS. Indissociabilidade ensino-pesquisa-extensão e a flexibilização curricular:
uma visão da extensão. Brasília: MEC/SESu, 2006.
___ Plano nacional de extensão universitária.
Ilhéus-BA: Editus, 2001.
FREIRE, Paulo. Extensão ou comunicação? Rio de
Janeiro: Paz e Terra, 1992.
FUSARI, M. F; FERRAZ, M.
H. Arte na educação escolar. São
Paulo: Cortez, 1992.
GURGEL, Roberto Mauro. Extensão universitária:
comunicação ou domesticação? Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.
REVISTA BRASILEIRA DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA. Fórum
De Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras. Vol. 2, n 2
(2004). Rio de Janeiro: UFRJ: UNIRIO, 2004.
SANTANA,
Arão Paranaguá. Relatório do Projeto Ação Cultural em Teatro. São Luís:
UFMA-DEART, 2008.
___ Teatro e
formação de professores. São Luís: EDUFMA, 2000.
Notas
1 Resolução CONSUN-UFMA n. 75, de 28-09-2004, alterada pela Resolução
CONSEPE-UFMA n. 523, de 15-03-2007.
2 Além de vasta bibliografia, construída ao longo do semestre letivo,
consultaram-se os documentos relativos às políticas públicas do setor, a
exemplo dos produzidos no âmbito do Fórum de Pró-Reitores de Extensão das
Universidades Brasileiras.
3 Em 2007 não se contou com nenhum apoio financeiro nem bolsa para os
discentes, mas foram previstos recursos para 2008 (premiação no Edital PROEXT
do MEC-SESu-DEPEM).
4 Tendo em vista a necessidade de alimentar esse debate, foi criado, já
em 2008, um grupo de estudo voltado para a análise da literatura sobre os temas
pertinentes à relação entre teatro e extensão, com o propósito, inclusive de
criar um ambiente virtual de informação e troca.
5 Ver os termos da Resolução CONSUN-UFMA n. 75, de 28-09-2004, que cria o
curso de Licenciatura em Teatro, alterada pela Resolução CONSEPE-UFMA n. 523, de
15-03-2007, que muda a parte curricular do projeto.
6 Parecer CNE n. 09/2001, p. 57.
7 Durante o Encontro Humanístico de 2007, em mesa-redonda a ser descrita
no curso deste Relatório, verificou-se que há vários projetos de extensão na
UFMA, desenvolvidos de maneira concomitante ao currículo de seus respectivos
cursos.
8 Resolução CONSUN-UFMA n. 75, de 28-09-2004.
9 A esse respeito, recomenda-se a consulta à monografia de conclusão de
curso de Célida Maria Lima Braga, que narra e analisa
o procedimento estético e pedagógico da montagem da peça O extensionista, de Felipe Santander.
10 O debate em torno dessas questões motivou a participação do público,
ressaltando-se a contribuição do Prof. Dr. Sávio Araújo (UFRN), sobre as
relações entre as políticas públicas do Estado e da universidade, e do
estudante Abimaelson Santos (UFMA) quanto à ampliação
do universo cultural do alunado. A partir dessas contribuições, discutiu-se
também a questão do impacto favorável junto às comunidades envolvidas, em
termos do seu| crescimento cultural.
11 Em decorrência da qualidade dos relatórios dos seus subprojetos, os
alunos Abimaelson Santos e Fernanda Costa
apresentaram pôster no VI Encontro Humanístico (UFMA, 2007); Ivaldo Cantanhede Júnior e Marinildes de
Brito Souza encaminharam proposta de comunicação para a Reunião Anual da SBPC
do corrente ano.
ARÃO
PARANAGUÁ DE SANTANA é
professor do Departamento de Artes da UFMA e Coordenador da Licenciatura em
Teatro Modalidade à Distância. Licenciado em Desenho e Plásticas pela Universidade
de Brasília (1979), Mestre em Educação pela Universidade de Brasília (1983) e
Doutor em Artes pela Universidade de São Paulo (2000), com concentração de
estudos em Teatro e Educação. Tem experiência e desenvolve pesquisa nas áreas
de ensino da arte, formação de professores e pedagogia do teatro. Em 2006
recebeu o título de Cidadão de São Luís (MA), pela contribuição na área de
cultura e teatro.
ARÃO PARANAGUÁ DE SANTANA,
PhD is an Arts
teacher at the Federal University of Maranhão (UFMA)
and correspondence course in Theater Coordinator. He is licensed to teach
Design and Plastic Arts by the University of Brasília (UNB) (1979), has a
Master’s Degree in Education from UNB (1983) and a Doctorate in Arts from the
University of São Paulo (USP) (2000), concentrating his studies on Theater and
Education. Arão has experience and conducts research
in the fields of arts teaching, teacher training and theater pedagogy. In 2006,
he received the title of Citizen of São Luís (MA),
for his contribution in the fields of culture and theater.