EXÍLIO, RESISTÊNCIA E RAZÃO POÉTICA COM MARÍA ZAMBRANO
Palavras-chave:
María Zambrano. Exílio. Resistência. Razão poética. Travessia.Resumo
A presente proposta concentra-se em pensar a filosofia de María Zambrano como uma filosofia em trânsito e que, como tal, se configura como um modo de resistência à tragicidade de uma existência marcadamente agônica em que os dramas pessoais se agudizaram com as questões políticas do seu tempo, como a sublevação militar de 1936 que originou a guerra civil espanhola que culminou na imposição de um exílio que duraria quarenta e cinco anos. É na condição de exilada que Zambrano escreve. Escreve para lutar contra o despotismo. Escreve para tornar-se livre das circunstâncias que a assediam. É pela contramão que Zambrano faz suas travessias. Na errância, é do pensamento-poético que ela mais se aproxima. Soterrada por meros espaços, a filosofia é a trincheira eleita como seu único lugar. E quando o alheamento e a tirania lhe perseguem, é no rastro da subversão e da rebeldia que ela caminha. Nesse sentido, este texto é permeado por um descaminho, um desfiar, e é também uma correspondência com Zambrano, um diálogo que se estabelece com o suspense das distâncias, diluído no alívio das respostas; com o alento desenhando a letra cega da carta que não chega de Vélez-Málaga. É assim que penso a filosofia de Zambrano: como sua correspondente, sua cúmplice, partilhando uma intimidade selada de quem ainda hoje não se encontra em nenhum lugar senão no verso das coisas. Assim, caminhando sobre minhas próprias ruínas para chegar às páginas de Zambrano, violo destinos e rasuro as linhas do tempo na tentativa de apresentar o conceito de razão poética destacando o caráter imanente de fundação imposta pelo desterro, espécie de “rito iniciativo” como a própria filósofa descreve em “Carta sobre el exilio”, um clamor para resistir a tirania que nos espreita.
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