Bernard-Marie Koltès: uma dramaturgia da relatividade

Autores

  • Christophe Triau

DOI:

https://doi.org/10.9789/2176-7017.2014.v6i2.%25p

Resumo

Sob a aparência de uma dramaticidade de algum modo canônica, a dramaturgia de Koltès subverte o dramático em seu interior e a própria ideia de um quadro de representação estável e centralizado. Isso é particularmente visível no uso do diálogo permanentemente minado pelo monólogo, e este último, por sua vez, se encontra distorcido pela situação de relação dialógica na qual se inscreve. Em resumo, a base identitária, a possível apreensão do personagem é colocada, assim, num complexo jogo, a um só tempo, de exposição e de retraimento. Abandonando a perspectiva psicológica e a lógica das motivações, Koltès constrói a sua dramaturgia segundo modelos mais próximos das leis da física (dinâmica, atração, peso, inércia...). A alteridade não é partilhável dentro de uma mesma esfera (“intersubjetiva”) e, sim, manifesta-se na oposição e na interação de planos diferentes, nos quais os protagonistas parecem com frequência, de modo paradoxal, não se enfrentar diretamente. O que não os impede de revelar, por deslize ou reação, uma violência que se diria contida. Dramaturgia dos espaços-tempos moventes e dos pontos de vista relativos, poderia ser chamada de dramaturgia relativa, ou dramaturgia da relatividade: a instabilidade de uma perspectiva relativa substitui o pressuposto de uma visão central e unificada. O conflito dialogado apresenta-se, então, como um lugar sintomático de descentramento permanente, que afeta os elementos constitutivos de uma dramaturgia koltèsiana de bases abaladas.

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Como Citar

Triau, C. (2015). Bernard-Marie Koltès: uma dramaturgia da relatividade. O Percevejo Online, 6(2). https://doi.org/10.9789/2176-7017.2014.v6i2.%p

Edição

Seção

Dossiê Koltés