Além do comer: um olhar psicanalítico sobre algumas questões nutricionais
Palavras-chave:
corpo, comer, psicanálise, nutrição, obesidadeResumo
Este estudo discute o tratamento nutricional atribuído, principalmente, às pessoas vistas e diagnosticadas como gordas ou obesas. Assim, esta pesquisa parte da noção de que o corpo não se limita ao orgânico, fisiológico e palpável, mas sofre intervenções subjetivas. Utilizamos a contextualização do conceito de corpo para as áreas biomédicas, levando em consideração a história deste enquanto aquele que era visto como belo há século e que hoje sofre uma pressão para que se encaixe em padrões estabelecidos por meio de médias estatísticas e estéticas, tendo diretrizes e conceitos médicos para auxiliar a normalização deste corpo. A questão daquilo que é considerado normal ou patológico surge em nossa pesquisa como ponto de questionamento do lugar que o corpo gordo foi colocado. A partir dos conceitos psicanalíticos de escuta, pulsão e sujeito, procuramos traçar um outro caminho possível para o olhar para o corpo que se mostra como excessivo, de modo a enxergá-lo não como anormal, mas como parte de algo maior que diz da história de cada sujeito. Considerar que trata-se de um sujeito aquele que entra em um tratamento nutricional, no sentido psicanalítico do termo, portanto sujeito dividido e portador de uma falta impossível de ser satisfeita, tornou-se fundamental para a inclusão dos outros conceitos empregados e para a possibilidade de pensar um modo diferente de atendimento. A apresentação de dois recortes de casos clínicos atendidos em clínica nutricional foram a ponte para a discussão entre aquilo que a nutrição prediz enquanto tratamento e o que a psicanálise se propõe a fazer. Nossa pesquisa objetivou buscar um caminho outro para o modo de atendimento do sujeito que se coloca em um tratamento nutricional, procurando uma aproximação entre duas áreas aparentemente distintas – a nutrição e a psicanálise. Por fim, não apresentamos diretrizes ou um modelo de tratamento a ser seguido pelo nutricionista como modo de substituição ao seu fazer; a proposta que surge é de uma a abertura do olhar do profissional da nutrição para a subjetividade inerente a cada sujeito, subjetividade esta que se entrecruza com a história nutricional e aparece no corpo e no comer.
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