CONSIDERAÇÕES SOBRE O FALO E AS PSICOSES
DOI:
https://doi.org/10.9789/1679-9887.2017.v15i1.87-104Resumo
Em O Seminário, livro 18: De um discurso que não fosse semblante (1971),
Lacan observou a face psicótica dos casos de transexuais apresentados no livro
Sexo e Gênero de Robert Stoller, realçando que tal observação foi eludida por
Stoller, justamente, por lhe faltar qualquer referência ao conceito de foraclusão.
Desde o texto De uma questão preliminar a todo tratamento possível na psicose
(1957-58), Lacan havia pontuado a presença de um gozo transexualista em
Schreber através do Esquema I, bem como pôde descrever em O aturdito (1973)
o efeito de empuxo-à-mulher que se especifica na psicose de Schreber. Em
aspectos gerais, a leitura lacaniana introduziu à teoria psicanalítica um campo
rico que não está alheio aos contextos das psicoses e de sua tendência à
feminização. Se, a partir de Lacan, alguns psicanalistas consideram a
transexualidade enquanto um fenômeno próprio ao campo das psicoses, o
presente artigo objetiva interrogar tal consideração remetendo-se aos
fundamentos que constituem a teoria das psicoses em Freud e Lacan através de
uma investigação sobre a tendência à feminização nas psicoses, decorrente da
foraclusão do Nome-do-Pai e da zerificação do falo, introduzindo uma
dialetização: mesmo que as psicoses, através da noção de empuxo-à-mulher,
possam se aproximar à transexualidade em alguns casos, ambas não são,
necessariamente, correspondentes.
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