*Psicóloga. Psicanalista. Mestrado em Psicologia da Educação (FGV-RJ). Mestrado profissional em Psicanálise, Saúde e Sociedade (UVA-RJ). Membro de Formações Clínicas do Campo Lacaniano, Membro da Escola dos Fóruns do Campo Lacaniano, Membro do Fórum do Campo Lacaniano do Rio de Janeiro. Endereço para contato: Rua Soares Cabral, 80/1201 – Laranjeiras/Rio de Janeiro. Cep 22240-070. Tel.: (21) 99616-5014 E-mail: bmal.trp@terra.com.br. 103 O QUE A PSICANÁLISE TEM A DIZER SOBRE CARAVAGGIO?
Résumé
Com base na vida, obra e no contexto em que viveu o pintor italiano Michelangelo
Merisi, conhecido como Caravaggio, busca-se, neste artigo, articular a psicanálise com
sua arte. Traços de uma vida intensa e turbulenta, de um real impossível de
simbolização presentes em seus quadros, antecipam características barrocas de brilhos e
excessos contrastantes. Suas figuras humanas, numa relação contemplativa especular,
transmitem uma insatisfação com o mundo e, a um só tempo, um gozo infinito. Em
sendo o artista sujeito do inconsciente, cabe um olhar psicanalítico sobre sua arte e seus
efeitos nas telas. Seja pelo desafio, pela homossexualidade manifesta, pela transgressão
da Lei, pelos modelos prostitutos representando figuras sagradas, pelo colocar-se em
bandejas para o Outro gozar, sua pintura traz pistas sobre a possibilidade de ter sido ele
um sujeito de estrutura perversa.
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