Pela vontade de Ahura Mazdā. Morte, monumentalidade e memória na necrópole aquemênida de Naqš-e Rostam

Autores

DOI:

https://doi.org/10.9789/2525-3050.2022.v7i14.295-313

Palavras-chave:

Tecnologia de Memória, Monumentalização, Império Aquemênida, Naqš-e Rostam, Zoroastrismo

Resumo

Este artigo objetiva compreender o papel político, religioso e simbólico das tumbas aquemênidas (século VI AEC – IV AEC) na necrópole de Naqš-e Rostam. A existência destes mausoléus indica que os governantes aquemênida decidiram não seguir a “ortodoxia zoroastrista” (a religião que possivelmente era professada pelos persas neste período), que estipulava um rito funerário baseado na escarnação do cadáver e não previa a cremação, o enterramento ou a construção de túmulos. Assim, é possível argumentar que as tumbas de Naqš-e Rostam foram projetadas como monumentos de cunho político e propagandístico, e não possuíam uma função unicamente espiritual. A análise desta necrópole levará em consideração o conceito de tecnologia de memória no contexto histórico iraniano, como proposto por Matthew Canepa, e a abordagem não-essencialista do zoroastrismo a partir de Philip Kreyenbroek. A partir deste trabalho investigativo conclui-se que, entre os aquemênidas, a monumentalização da morte visava criar uma memória atemporal da autoridade persa.

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Biografia do Autor

Otávio Luiz Vieira Pinto, Universidade Federal do Paraná (UFPR) – Curitiba / PR, Brasil

Doutor em Estudos Medievais pela University of Leeds, Reino Unido. Atualmente é professor de História da África no Departamento de História da UFPR e professor no Programa em Pós-Graduação em História da mesma instituição. CV:  http://lattes.cnpq.br/0807844065927125

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Publicado

2022-07-30

Como Citar

Vieira Pinto, O. L. (2022). Pela vontade de Ahura Mazdā. Morte, monumentalidade e memória na necrópole aquemênida de Naqš-e Rostam. Revista M. Estudos Sobre a Morte, Os Mortos E O Morrer, 7(14), 295–313. https://doi.org/10.9789/2525-3050.2022.v7i14.295-313