A identificação do cadáver. A morte aparente no Portugal de finais do Antigo Regime

Autores

  • Bruno Paulo Barreiros Universidade Nova de Lisboa

DOI:

https://doi.org/10.9789/2525-3050.2024.v9n18.e12862

Palavras-chave:

Morte Aparente, Morte real, Literatura médica, Junta de Saúde Pública

Resumo

O presente artigo analisa a forma como o tema da morte aparente se converteu num objeto de discussão ao nível médico e político, em Portugal, na transição do século XVIII para as primeiras décadas do século XIX. Discutir-se-á, em primeiro lugar, a forma como o olhar médico se empenhou numa definição clínica rigorosa dos critérios da morte real. Para esse efeito, o presente texto enceta um diálogo com uma seleção da literatura médica portuguesa e europeia que, tendo incidido sobre a questão da morte aparente, mais circulou no Portugal de finais do Antigo Regime. Num segundo momento, procuramos analisar o impacto desse debate, tecido ao nível literário, na atuação dos legisladores e das autoridades de saúde pública (Junta de Saúde Pública) que, por diversas vias, foram tentando dar solução cabal ao problema da morte aparente. O argumento central que defendemos é que, por via de uma articulação de esforços entre a classe médica e os decisores políticos, podemos assistir em Portugal, no período temporal considerado, à emergência de um novo regime de evidência sobre a morte que, muito lentamente, se foi impondo às sensibilidades coletivas ao longo do século XIX.

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Biografia do Autor

Bruno Paulo Barreiros, Universidade Nova de Lisboa

Doutor em História, Filosofia e Património da Ciência e da Tecnologia, junto à Universidade Nova de Lisboa. Investigador ligado ao CHAM, Centro de Humanidades, da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. CV: https://cham.fcsh.unl.pt/investigador-perfil.php?p=291

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Publicado

2024-06-30

Como Citar

Barreiros, B. P. (2024). A identificação do cadáver. A morte aparente no Portugal de finais do Antigo Regime. Revista M. Estudos Sobre a Morte, Os Mortos E O Morrer, 9(18). https://doi.org/10.9789/2525-3050.2024.v9n18.e12862