A improvisação livre não é lugar de práticas interpretativas

Autores

  • Rogério Luiz Moraes Costa USP

Palavras-chave:

improvisação, práticas interpretativas

Resumo

Proponho aqui uma reflexão sobre o significado da expressão práticas interpretativas – que, no contexto da música de concerto de tradição europeia, me parece fortemente ligada às ideias de reprodução e adequação – em comparação com a ideia de performance no contexto da improvisação livre. Não se trata de desvalorizar ou deslegitimar o processo de interpretação de obras do passado ou do presente por músicos que se dedicam com seriedade a essa tarefa, mas sim de demarcar os diferentes pressupostos, caracterizando os lugares sociais onde estas duas práticas musicais ocorrem e as perspectivas segundo as quais elas se delineiam. Para desenvolver estas reflexões, me baseio principalmente na minha prática artística e pedagógica em diálogo com alguns conceitos de Foucault, Deleuze, Guattari e Simondon.

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Biografia do Autor

Rogério Luiz Moraes Costa, USP

Possui o diploma de Licenciatura em Artes com Habilitação em Música pela Universidade de São Paulo (1983), mestrado em Musicologia pela Universidade de São Paulo (2000) e doutorado em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2003). Atualmente é professor livre docente e pesquisador vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Música da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Tem experiência na área de artes, com ênfase em composição, teoria e análise musical. Seu principal tema de investigação é a improvisação. Desenvolve projeto de pesquisa a respeito da improvisação musical e suas conexões, particularmente sobre o ambiente da livre improvisação com interação eletroacústica em tempo real, processos criativos e criação coletiva. Faz parte da equipe de pesquisadores do NuSom (Núcleo de Pesquisas em Sonologia) coordenado pelo professor Fernando Iazzetta e sediado no Departamento de Música da ECA/USP. Tem composições para variadas formações incluindo octetos, quartetos, trios, duos, peças para saxofone solo e estudos para piano. Atua ainda como saxofonista e flautista em grupos que se dedicam à música experimental e à livre improvisação. Atualmente é integrante do grupo Entremeios com o pianista e improvisador Alexandre Zamith e os artistas multimídia e improvisadores Alessandra Bochio e Felipe M. Castellani. É também fundador e coordenador do grupo experimental Orquestra Errante. Os dois grupos são sediados no Departamento de Música da ECA/USP.

Referências

BAILEY, Derek. Improvisation, its Nature and Practice in Music, Da Capo Press, Ashbourne, England, 1993.

COSTA, Rogério. O músico enquanto meio e os territórios da livre improvisação, Tese apresentada à banca examinadora da PUC/SP para obtenção do título de doutor, 2003.

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DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil Platôs 1, São Paulo, Editora 34, 1995.

FERRAZ, Silvio. Livro das Sonoridades [notas dispersas sobre composição], Editora 7 letras, São Paulo, 2018.

FOUCAULT, Michel. Terceira parte – Disciplina. In: _________. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Tradução: Raquel Ramalhete. 41. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013. p. 129-214.

GELL, Alfred. Art and Agency; Clarendon Press, Oxford, 1998.

SMALL, Christopher. Musicking: The meanings of performing and listening. Middletown, CT: Wesleyan University Press, 1998.

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Publicado

2018-05-31

Como Citar

Costa, R. L. M. (2018). A improvisação livre não é lugar de práticas interpretativas. DEBATES - Cadernos Do Programa De Pós-Graduação Em Música, (20). Recuperado de https://seer.unirio.br/revistadebates/article/view/7860