De olho nos lucros, cursinhos investem no ensino à distância
DOI:
https://doi.org/10.9789/2179-1430.2010.v1i1.%25pAbstract
A lei da oferta e da procura no mercado de concursos públicos tem proporcionado excelentes negócios não só para os candidatos. A ânsia dos concurseiros em trabalhar para o governo tem motivado investimentos de grandes e pequenos cursos preparatórios tanto em Brasília como em outros estados. A grande aposta é no ensino a distância (EAD), seja com cursos telepresenciais, transmitidos por satélite, seja com aulas via internet. A opção reduz custos fixos típicos das unidades físicas e estende o atendimento aos interessados. Somadas, as seis empresas com que o Correio manteve contato vão investir, em 2010, mais de R$ 8 milhões em tecnologia e infraestrutura.
Uma das mais novas empresas do ramo em Brasília, o IMP Cursos, abriu as portas na 602 Sul, em agosto de 2009. Com uma proposta de expansão limitada a 2 mil alunos, os três sócios devem gastar R$ 2 milhões até o fim do ano que vem. Dez meses depois, 800 candidatos estão matriculados, quantidade que superou a expectativa do professor Marcelo Paiva, proprietário do negócio. “Leciono há 30 anos. Quando somos donos, temos que ficar mais atentos a alguns detalhes para manter a qualidade. Por isso, fizemos uma avaliação do mercado e decidimos oferecer um serviço diferenciado”, diz. Desde a inauguração, surgiu a oportunidade de abrir uma segunda unidade, mas ele não se interessou.
Como parte da estratégia, a escolha do corpo docente é criteriosa. “Oferecemos salários maiores aos professores para que só trabalhem aqui os melhores, mas não exigimos exclusividade”, explica Paiva. No cardápio de cursos oferecidos, estão os módulos básicos (com matérias comuns a vários concursos), pacotes montados para seleções específicas e matérias adicionais com cronograma de média duração (entre três e seis meses). “A inspiração do método de ensino foram os cursos pré-vestibulares, com plantão de dúvidas e dinamismo”, completa Antônio Geraldo, professor de raciocínio lógico e coordenador do IMP Cursos.
A ampliação de cursos presenciais está vetada até segunda ordem, mas o mundo virtual está nos horizontes da empresa. A plataforma para as aulas via internet está sendo estruturada. Em breve, será mais do que uma ferramenta para os já matriculados. “Não queremos ser grandes. Não queremos ter milhares de alunos. Queremos que eles venham para estudar e sejam aprovados”, conclui Paiva.
Expandir muito também não é o objetivo do Curso Geraldo Goés, na 513 Norte, que existe há dois anos. O foco são as carreiras de gestão, economia e finanças, como explica a coordenadora pedagógica da empresa, Elizabeth Barros Cavalcante. “Temos três salas, que comportam pouco mais de 160 pessoas. Em épocas de grande procura, alugamos salas em outros locais”,diz. Atualmente, 400 pessoas frequentam as disciplinas ministradas.
Inovando para crescer
As grandes empresas do segmento de concursos públicos estão empenhadas em incrementar o faturamento. Satélites, franquias e internet são agora as estratégias usadas para ampliar os ganhos. Os produtos oferecidos pelas marcas Gran Cursos, Vestcon e Curso Aprovação podem ser encontrados em qualquer região do país. São quase 425 mil concurseiros atendidos por ano com aulas, sem contar os materiais de estudo como apostilas e livros que representam um mundo a parte nesse universo.
Sediado em Curitiba, o Curso Aprovação conta com uma unidade presencial e franquias de teleaulas espalhadas em 103 cidades. “Até o fim do ano serão 150 e ainda há 200 pedidos aguardando aprovação”, conta Carlos André Silva Támez , coordenador- geral do grupo. “O satélite alcança todos os municípios do Brasil, é uma vantagem sobre a internet”, acrescenta. As prioridades são cidades do interior, onde não há cursos preparatórios e onde seria inviável mandar professores mais bem preparados.
Para vencer o desafio, foi construída uma estrutura com oito canais. E outros quatro estarão disponíveis em pouco mais de um mês. “Compramos mais bandas no satélite e equipamentos de transmissão. Temos injetado R$ 1 milhão por ano na expansão da estrutura”, revela Támez. Quem decide investir na marca por meio de franquia precisa desembolsar inicialmente entre R$ 5 mil, para quem já tem estrutura física, e R$ 50 mil, para quem está partindo do zero.
Virtual
Atingir concurseiros que estejam distantes também é a bandeira da Vestcon. O ensino a distância chegou, em 2009, a 4.879 cidades brasileiras e em 181 países. Por esse motivo, o diretor-geral da empresa, Ernani Pimentel, não tem interesse em ter mais que as unidades já existentes na Asa Sul, na Asa Norte e em Taguatinga, todas em Brasília. “Abrimos duas unidades no início do ano e isso basta. Os demais alunos vamos atender com os sistema online”, conta o professor que tem mais de 20 anos de experiência de mercado. O avanço da qualidade em servidores e outros equipamentos tecnológicos consomem cerca de R$ 250 mil mensais.
Em até 45 dias devem ser finalizados os últimos testes do curso à distância do Gran Cursos. A maior empresa brasiliense em número de escolas, com 10 unidades no Plano Piloto, em Taguatinga, Ceilândia, Sobradinho, Gama e, daqui a uma semana, no Guará, vai entrar na esfera das aulas cibernéticas. Só em 2010, serão gastos R$ 3 milhões; para os próximos anos, os investimentos podem chegar a R$ 5 milhões. “Construímos dois estúdios com equipamentos semelhantes aos usados no filme Avatar”, comenta José Wilson Granjeiro, diretor-presidente do Gran Cursos.
fonte: http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia182/2010/05/30/economia,i=195222/DE+OLHO+NOS+LUCROS+CURSINHOS+INVESTEM+NO+ENSINO+A+DISTANCIA.shtml
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Correio Brasiliense, J. (2010). De olho nos lucros, cursinhos investem no ensino à distância. Alcancead, 1(1). https://doi.org/10.9789/2179-1430.2010.v1i1.%p
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