MUDANÇAS E PERMANÊNCIAS NOS RITUAIS FÚNEBRES NO INTERIOR DA PROVÍNCIA DA PARAHYBA DO NORTE EM TEMPOS EPIDÊMICOS (1854 – 1859).
Palabras clave:
Cólera-morbo, Epidemia, Morte, Parahyba do Norte, Século XIXResumen
Na Parahyba o contexto da epidemia do cholera-morbus (1855/1856) acelerou o processo de expulsão dos mortos do mundo dos vivos. A construção dos cemitérios foi desencadeada também pelas representações que os médicos faziam dos cadáveres como sendo uma das principais causas da doença. O trabalho tem por objetivo tentar entender como o processo de transformações nos rituais fúnebres se deu no interior da província paraibana. Ressaltando os impactos da epidemia do cólera-morbus nos rituais funerários. Para isso, foi realizada uma análise, através de procedimentos relacionais, tendo como recorte espacial a Villa do Pilar, a Villa de São João do Cariri, a Villa de Cuité e a povoação de Teixeira, entre os anos 1854 e 1859. Para compreender um pouco melhor como se morria em cada uma das localidades, situadas em espaços diferentes da mesma província, serão analisados, de modo interconectado, alguns obituários elaborados durante o recorte. Por meio dos registros de óbito é possível auferir a recepção dos sacramentos, a cor da mortalha, a encomendação da alma, o local onde o cadáver havia sido inumado e a causa da morte. Durante a análise será levada em conta as especificidades locais e as transformações, sem perder de vista as continuidades e permanências. Foi possível perceber que em tempos de peste, frequentemente os moribundos eram abandonados, e seus corpos eram empilhados e queimados, ou atirados sem cerimônias em covas coletivas, transgredindo assim, alguns rituais fúnebres próprios de uma boa morte. A má morte era predominante; com dezenas de pessoas morrendo todos os dias, não havia tempo para os cuidados e os preparos prescritos pelo cristianismo.
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