POLTERGEIST

ESTUDO ACERCA DO VAIVÉM ENTRE PROJETO E MATERIAL, VISÃO E ESCUTA, LEMBRANÇA E ESQUECIMENTO NO PROCESSO COMPOSICIONAL

Autores

  • Austeclínio Lopes de Farias Universidade de São Paulo

Palavras-chave:

Composição Musical, Escrita Musical, Processo Composicional, Visualidade, Técnica Estendida

Resumo

O presente texto empreende uma investigação da obra “Poltergeist” de Austeclínio Lopes de Farias, destinada à execução em flauta solo, propondo uma análise da intersecção entre concepções conceituais e suas interações com a materialidade inerente ao processo composicional. De igual importância é o destaque atribuído aos ensaios colaborativos com a intérprete Vanessa Maria André, cuja contribuição se mostra medular na tessitura da peça. Nesse contexto, a noção de “imagem” assume um papel intermédio, englobando os polos, ideias e materiais que permeiam o tecido composicional. São alçadas à superfície as concepções de “involução” de Dufourt, bem como as estratégias de repetição e variação inerentes ao corpus artístico do pintor Alfredo Volpi, reverenciado como referência artística por um ponto de vista tanto sonoro quanto visual. A abordagem aspira à emancipação do espaço gráfico na escrita musical, assentando-se em uma paralela centralização da materialidade sonora, que se sobrepõe com primazia às categorias conceituais de ordem principalmente abstrata. Em um paralelismo, tais mudanças de paradigma são equiparadas ao modernismo pictórico, sob o prisma das concepções de Greenberg, que primou pela ênfase na planaridade e nos materiais pictóricos, concebidos como elementos imanentes da criação artística. A reflexão culmina com a exploração do conceito de anamorfose, engendrando uma ilustração da mutabilidade da percepção como mediada pela rememoração, em especial no contexto de um objeto retratado, cujo trama se enreda em uma multiplicidade de combinações e permutações de parâmetros musicais, conferindo a “Poltergeist” uma variabilidade contínua do motivo musical. A influência assertiva das estratégias de Volpi na cristalização da obra é enfatizada, congruente com a reflexão exauriente acerca da “pré-audibilidade” assinalada por Grisey, numa intersecção com a emancipação do espaço gráfico, aspectos os quais se imiscuem ao longo de toda a investigação empreendida.

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Publicado

2024-12-08

Como Citar

Lopes de Farias, A. (2024). POLTERGEIST: ESTUDO ACERCA DO VAIVÉM ENTRE PROJETO E MATERIAL, VISÃO E ESCUTA, LEMBRANÇA E ESQUECIMENTO NO PROCESSO COMPOSICIONAL. DEBATES - Cadernos Do Programa De Pós-Graduação Em Música, 28, e282405. Recuperado de https://seer.unirio.br/revistadebates/article/view/12888

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Artigos