Meandros do descaso em cemitérios de Cachoeira e Santo Amaro, Bahia
DOI:
https://doi.org/10.9789/2525-3050.2024.v9n17.e11058Palavras-chave:
Morte, Cemitério, Recôncavo da Bahia, DescasoResumo
Em um contexto de incertezas e dificuldades contemporâneas, contingências em torno da morte e de destinação dos mortos, à medida que resulta em afastamento dos vivos, confluem em situações de descaso no âmbito dos cemitérios. A pesquisa abrangeu dois importantes cemitérios nas cidades de Cachoeira e Santo Amaro no Recôncavo da Bahia. O objetivo foi compreender práticas e estados de conservação que configuram descaso com o patrimônio cemiterial e com os mortos. Dados primários e secundários de diferentes fontes e da observação empírica propiciaram o entendimento de que o descaso nos cemitérios estudados conjuga complexidades, não apenas pela diversidade de fatores envolvidos (sociais, econômicos, religiosos, ambientais), como também pelo fato de que o trato contemporâneo da morte é um negócio cada vez mais lucrativo. Em uma região de ampla vulnerabilidade social, as contingências em oferecer um destino adequado ao falecido, face a despesas funerárias que se elevam, ou a desígnios de ordem religiosa, afetam a percepção da morte, afrouxam os laços ou abreviam os compromissos póstumos.
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