Os crânios do cemitério do Vale Superior do Walbrook: tafonomia e ritos

Autores

  • Renato Pinto Departamento de História e Programa de Pós-Graduação em História Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Avenida da Arquitetura, s/n, Cidade Universitária 50740-550 – Recife, PE

DOI:

https://doi.org/10.9789/2525-3050.2017.v2i4.375-395

Resumo

A presença de uma grande quantidade de crânios humanos desarticulados em canais aterrados no vale superior do rio Walbrook está atestada desde o séc. XIX. Desde então, surgiram várias teorias para explicar a desproporção daquela parte anatômica na assembleia estudada. Em 2015, a publicação do relatório que une os resultados de seis escavações realizadas entre 1987 e 2017, no cemitério do vale superior do Walbrook, ao norte de Londinium, indica que a tafonomia pode explicar o fenômeno dos crânios. Interpretações prévias que envolviam rituais de desmembramento, ‘caça à cabeça’ e decapitações, são porfiadas pela prova forense, que indica que a aguda erosão das sepulturas e o deslocamento de restos humanos causados pelas correntes de água são responsáveis pelo processo de deposição. Este artigo-revisão almeja contextualizar os resultados, ao adicionar-lhes outros ainda complexos aspectos, relacionados aos crânios do Walbrook e aos rituais mortuários dos bretões.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Renato Pinto, Departamento de História e Programa de Pós-Graduação em História Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Avenida da Arquitetura, s/n, Cidade Universitária 50740-550 – Recife, PE

Pós-Doutor em Arqueologia pelo Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (MAE-USP), Brasil. Doutor em História Cultural pelo Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas (IFCH-UNICAMP), Brasil. Professor Adjunto III de História Antiga do Departamento de História da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

Referências

ARMIT, Ian. Inside Kurtz’s Compound: Headhunting and the Human Body in Prehistoric Europe. BAR series 1539. Oxford: Archaeopress, p. 1-14, 2006.

BEVAN, Bruce. The landscape context of the Iron Age square barrow burials East Yorkshire. In: DOWNES, Jane & POLLARD, Tony. The loved body’s corruption: archaeological contributions to the study of human mortality. Glasgow, p. 69-93, 1999.

BUTLER, Jonathan. Reclaiming the Marsh: Archaeological Excavations at Moor House, City of London, 1998-2004. Londres: PCA Monograph Series, 2006.

CARR, Christopher. Mortuary practices: their social, philosophical, religious, circumstantial and physical determinants. Journal of Archaeological Method and Theory. S/l, v. 2, n. 2, p. 105-220, jun.1995.

COLLINGWOOD, Robin George & WRIGHT, Richard. The Roman Inscriptions of Britain: Inscriptions on Stone. Vol. 1. Oxford: OUP, 1965.

COLLIS, John. The Celts: Origins, Myths and Inventions. Stroud: R.U. Tempus, 2003. 256p. COOLEY, Alison. The Cambridge Manual of Latin Epigraphy. New York: Cambridge, 2012. 554p.

CORNELL, Tim. (Org.) The Fragments of the Roman Historians: Introduction. Vol. 1. Oxford: OUP, 2013. 662p.

COTTON, Jon. A miniature chalk head from the Thames at Battersea and the ‘cult of the head’. In: BIRD, Joanna; HASSAL, Mark & SHELDON, Harvey (Orgs.). Interpreting Roman London: Papers in memory of Hugh Chapman. Oxford: Oxbow Monograph, p. 85-96, 1996.

ESMOND-CLEARLY, S., Putting the dead in their place: burial location in Roman Britain. In: PEARCE, J, MILLETT, M, STRUCK, M, (Org.). Burial, society and context in the Roman world. Oxford: Oxbow Books; 2000. P. 127–142, 2000.

HAGLUND, William & SORG, Marcella. Human remains in water environments. In:____. (Org) Advances in forensic taphonomy: method, theory and archaeological perspectives. Boca Raton: CRC Press, p. 202-16, 2001.

HARWARD, Chiz; POWERS, Natasha & WATSON, Sadie. The Upper Walbrook valley cemetery of Roman London. Excavations at Finsbury Circus, City of London, 1987-2007. Londres: MOLA Monograph 69, 2015. 215p.

HENIG, Martin. Religion in Roman Britain. Londres: BT Batford, 1984. 263p.

HINGLEY, Richard. Roman Officers and English Gentlemen: the imperial origins of Roman Archaeology. Londres: Routledge, 2000. 224p.

JONES, R., Backwards and Forwards in Roman Burial. Journal of Roman Archaeology 6, p. 427- 33, 1993.

LAING, Lloyd. Celtic Britain. Londres: Paladin, 1981. 190p.

LAMBERT, Frank. Some recent excavations in London. Archaeologia. Londres, v. 71, p. 55-112, 1921.

MARSH, Geoff & WEST, Barbara. Skullduggery in Roman London? Transactions of the London and Middlesex Archaeology Society. Londres, v. 32, p. 86-102, 1981.

MATTINGLY, David J. An Imperial Possession: Britain in the Roman Empire. Londres: Penguin Books, 2006/7. 640p.

PEARCE, Richard. Case studies in a contextual archaeology of burial practice in Roman Britain. Thesis (Doctorate in Philosophy) Department of Archaeology, Durham University, Durham, 1999. 604p.

PERRING, Domenic. Roman London. Londres: Taylor & Francis e-Library, 1991. 150p.

PHILPOTT, Robert. Burial practices in Roman Britain: a survey of grave treatment and furnishing AD 43-410. British Archaeological Reports 219. Oxford: BAR Publishing, 1991. 472p.

PINTO, Renato & RANGEL, Liszt. Aspectos dos “bog bodies’ e do “culto da cabeça decepada” na Bretanha pré-histórica e romana”. Classica - Revista Brasileira de Estudos Clássicos. Belo Horizonte, v. 27, n. 1, p. 155-84, 2014.

READER, Francis. Pile structures in the Walbrook near London Wall. The Archaeological Journal. Londres, v. 60, p. 137-212, 1903.

REDFERN, Rebecca & BONNEY, Heather. Headhunting and amphitheatre combat in Roman London, England: new evidence from the Walbrook Valley. Journal of Archaeological Science. V. 43, p. 214-226, mar.2014.

REECE, Richard. (Ed.). CBA Research Report 22: Burial in the Roman World. Londres: The Council for British Archaeology, 1977. 66p.

REVELL, Louise. Roman Imperialism and Local Identities. Cambridge: CUP, 2009. 240p. SALWAY, Peter. Roman Britain. Oxford: OUP, 1984. 864p.

____. The Oxford Illustrated History of Roman Britain. Oxford: OUP, 1993. 604p. TAYLOR, Timothy. The buried soul: how humans invented death. London, 2002. 353p.

TOYNBEE, Jocelyn. Death and burial in the Roman World. Ithaca, Nova Iorque: Cornell University Press, 1971. 336p.

WILLMOTT, Tony. Excavations in the middle Walbrook valley, 1927-1960. Londres: London Middlesex Archaeological Society, 1991. 189p.

Downloads

Publicado

2019-02-25

Como Citar

Pinto, R. (2019). Os crânios do cemitério do Vale Superior do Walbrook: tafonomia e ritos. Revista M. Estudos Sobre a Morte, Os Mortos E O Morrer, 2(4), 375–395. https://doi.org/10.9789/2525-3050.2017.v2i4.375-395