O comportamento suicida na realidade brasileira: aspectos epidemiológicos e da política de prevenção

Autores

  • João Fernando Marcolan
  • Daniel Augusto da Silva

DOI:

https://doi.org/10.9789/2525-3050.2019.v4i7.31-44

Palavras-chave:

Suicídio, Tentativa de suicídio, Saúde mental, Medidas em epidemiologia, Epidemiologia analítica

Resumo

Este artigo objetiva analisar dados epidemiológicos sobre o comportamento suicida e a política de prevenção ao suicídio. O comportamento suicida é um grave problema mundial de saúde pública, pois ocorre uma morte a cada 40 segundos no mundo.  Para cada morte há de 10 a 20 vezes mais tentativas. O Brasil não tem sistema de vigilância ao comportamento suicida nem equipamentos adequados para esse atendimento. A análise de dados pelos boletins da OMS e do Ministério da Saúde sobre o comportamento suicida no mundo e no país indica que o suicídio tem aumentado no Brasil anualmente, desde 1996, de forma vertiginosa. Os estados do sul, sudeste e centro-oeste apresentam as maiores taxas. O país ocupa o oitavo lugar mundial em número absoluto de mortes; não temos profissionais preparados para prestar atendimento qualificado aos sobreviventes. A subnotificação é problema grave que perpassa a temática, e o suicídio ainda é tabu na sociedade brasileira. São necessárias políticas públicas para prevenção ao comportamento suicida.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

João Fernando Marcolan

Doutor em Enfermagem e Pós-doutor em Saúde Pública pela Universidade de São Paulo. Coordenador do Grupo de Estudos e Pesquisas Interdisciplinares em Saúde Mental - GEPISM, coordenador do Projeto de Extensão Atenção em Saúde Mental a Sujeitos com Tentativa de Suicídio.

Referências

ABREU, Salvador Pérez; ÁLVAREZ, Jesús Cuéllar & LOZANO, Dunia Ferrer. Caracterización del intento suicida en adolescentes desde un centro comunitario de salud mental. Revista Archico Medico Camagüey. Camagüey. v. 22. n. 4, p. 465-473. 2018. Disponível em: <http://www.revistaamc.sld.cu/index.php/amc/article/view/5611/3172>. Acesso em: 13/10/2018.

BRASIL. Portaria n.º 104, de 25 de janeiro de 2011. Define as terminologias adotadas em legislação nacional, conforme o disposto no Regulamento Sanitário Internacional 2005 (RSI 2005), a relação de doenças, agravos e eventos em saúde pública de notificação compulsória em todo o território nacional e estabelece fluxo, critérios, responsabilidades e atribuições aos profissionais e serviços de saúde. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 26 jan. 2011. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt0104_25_01_2011.html>. Acesso: 18/08/2018.

BRASIL. Portaria n.º 1.271, de 6 de junho de 2014. Define a Lista Nacional de Notificação Compulsória de doenças, agravos e eventos de saúde pública nos serviços de saúde públicos e privados em todo o território nacional, nos termos do anexo, e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 09 jun. 2014. Disponível em: <http://www.cvs.saude.sp.gov.br/zip/U_PT-MS-GM-1271_060614.pdf>. Acesso: 18/08/2018.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Boletim Epidemiológico. Brasília. v. 48, n. 30, p. 1-14, 2017a. Disponível em: <http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2017/setembro/21/2017-025-Perfil-epidemiologico-das-tentativas-e-obitos-por-suicidio-no-Brasil-e-a-rede-de-atencao-a-saude.pdf>. Acesso: 13/10/2018.

BRASIL. Ministério da Saúde. Agenda de Ações Estratégicas para a Vigilância e Prevenção do Suicídio e Promoção da Saúde no Brasil: 2017 a 2020. Brasília: Ministério da Saúde, 2017b. 34p. Disponível em: <https://www.neca.org.br/wp-content/uploads/cartilha_agenda-estrategica-publicada.pdf>. Acesso: 13/10/2018.

BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Disponível em: < http://datasus.saude.gov.br/>. Acesso: 18/08/2018.

CEZAR, Pâmela Kurtz; ARPINI, Dorian Mônica e GOETZ, Everley Rosane. Registros de Notificação Compulsória de Violência Envolvendo Crianças e Adolescentes. Psicologia: Ciência e Profissão. Brasília. v. 37, n. 2, p. 432-445. 2017. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1414-98932017000200432&script=sci_abstract&tlng=pt>. Acesso: 18/08/2018.

CONTE, Marta et al. Encontros ou Desencontros: histórias de idosos que tentaram suicídio e a Rede de Atenção Integral em Porto Alegre/RS, Brasil. Ciência e saúde coletiva. Rio de Janeiro, v. 20, n. 6, p. 1741-1749, 2015. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-81232015000601741&script=sci_abstract&tlng=pt>. Acesso: 18/08/2018.

FRAGA, Wagner Santana de; MASSUQUETTI, Angélica e GODOY, Marcia Regina. Determinantes socioeconômicos do suicídio no Brasil e no Rio Grande do Sul. Anais Eletrônicos do XIX Encontro de Economia da Região Sul. Florianópolis, ANPEC, 2016. Disponível em: <https://www.anpec.org.br/sul/2016/submissao/files_I/i3-1e941ade6f1aa8ea2da3a6a517b515df.pdf>. Acesso: 18/08/2018.

GARBIN, Cléa Adas Saliba et al. Desafıos do profıssional de saúde na notifıcação da violência: obrigatoriedade, efetivação e encaminhamento. Ciência e saúde coletiva. Rio de Janeiro. v. 20, n. 6, p. 1879-1890. 2015. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/1413-81232015206.13442014>. Acesso: 18/08/2018.

MARCOLAN, João Fernando. Pela política pública de atenção ao comportamento suicida. Revista Brasileira de Enfermagem. São Paulo. v. 71, suppl. 5, p. 2479-2483. 2018. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2018-0256. Acesso: 13/10/2018.

MARQUETTI, Fernanda Cristina; VILARUBIA, Geisy Vilarubia e MILEK, Glenda. Percurso suicida: observação e análise de alterações no cotidiano do indivíduo com tentativas de suicídio. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo. São Paulo. v. 25, n. 1, p. 18-26. 2014. Disponível em: <https://doi.org/10.11606/issn.2238-6149.v25i1p18-26>. Acesso: 08/09/2018.

MATTOS, Julio Cesar de Oliveira; ZILIOTTO, Gisela Cardoso e MARCOLAN, João Fernando. O viver após internação por tentativa de suicídio. Saúde Coletiva. Barueri, v. 43, n. 8, p. 616-621, 2018.

MELO, Maria Aparecida de Souza et al. Percepção dos profissionais de saúde sobre os fatores associados à subnotificação no Sistema Nacional de Agravos de Notificação. Revista de Administração em Saúde. São Paulo. v. 18, n. 71, p. 1-17, 2018. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.23973/ras.71.104>. Acesso: 18/08/2018.

MENEGHEL, Stela Nazareth e MOURA, Rosylaine. Suicídio, cultura e trabalho em município de colonização alemã no sul do Brasil. Interface. Botucatu, v. 22, n. 67, out./dez. 2018. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/1807-57622017.0269>. Acesso: 08/09/2018.

MÜLLER, Sonia de Alcântara; PEREIRA, Gerson e ZANON, Regina Basso. Estratégias de prevenção e pósvenção do suicídio: Estudo com profissionais de um Centro de Atenção Psicossocial. Revista de Psicologia da IMED. Passo Fundo, v. 9, n. 2, p. 6-23, 2017. Disponível em: <https://doi.org/10.18256/2175-5027.2017.v9i2.1686>. Acesso: 13/10/2018.

O’NEILL, Siobhan et al. Patterns of Suicidal Ideation and Behavior in Northern Ireland and Associations with Conflict Related Trauma. Plos one. San Fracisco, US, v. 9, n. 3, s/p, 2014. Disponível em: <https://doi.org/10.1371/journal.pone.0091532>. Acesso: 13/10/2018.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Relatório sobre a saúde no mundo 2001: Saúde mental: nova concepção, nova esperança. Geneva: Organização Mundial da Saúde, 2001. 150p.

PARENTE, Adriana da Cunha Menezes et al. Caracterização dos casos de suicídio em uma capital do Nordeste Brasileiro. Revista Brasileira de Enfermagem. São Paulo, v. 60, n. 4, p. 377-381, 2007. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S0034-71672007000400003>. Acesso: 08/09/2018.

PIRES, Maria Cláudia da Cruz et al. Indicadores de risco para tentativa de suicídio por envenenamento: um estudo caso-controle. Jornal Brasileiro de Psiquiatria. Rio de Janeiro, v. 64, n. 3, p. 193-199, 2015. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/0047-2085000000078>. Acesso: 13/10/2018.

RIBEIRO, José Francisco et al. Perfil sociodemográfico da mortalidade por suicídio. Revista de enfermagem UFPE on line. Recife, v. 12, n. 1, p. 44-50, 2018. Disponível em: <https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/view/25087/25845>. Acesso: 08/09/2018.

SAMPAIO, Paula Rodrigues et al. Intoxicações exógenas: a subnotificação de dados na cidade de Juiz de Fora MG. Revista APS. Juiz de Fora, v. 20, n. 2, p. 312, 2017. Disponível em: <https://aps.ufjf.emnuvens.com.br/aps/article/view/3719/1105>. Acesso: 18/08/2018.

SANTOS, Simone Agadir et al. Tentativas e suicídios por intoxicação exógena no Rio de Janeiro, Brasil: análise das informações através do linkage probabilístico. Caderno Saúde Pública. Rio de Janeiro, v. 30, n. 5, p. 1057-1066, 2014. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/0102-311X00054213>. Acesso: 18/08/2018.

SILVA, Nayra Karoline Neco da et al. Ações do enfermeiro na atenção básica para prevenção do suicídio. SMAD - Revista Eletrônica Saúde Mental Álcool Drog. Ribeirão Preto, v. 13, n. 2, p. 71-77, 2017. Disponível em: <https://doi.org/10.11606/issn.1806-6976.v13i2p71-77>. Acesso: 13/10/2018.

STEIN, Dan J. et al. Traumatic events and suicidal behavior. In: NOCK, Mattew K.; BORGES, Guilherme & ONO, Yutaka (Orgs.). Suicide: Global perspectives from the WHO World Mental Health Surveys. New York, US: Cambridge University Press. p. 131-147, 2012.

UGALDE, Adrián Calvo. Gesto suicida y resiliencia en un grupo de jóvenes gays y lesbianas de Costa Rica. Revista Pensamiento Actual. Costa Rica, v. 18, n. 30, p. 1-12, 2018. Disponível em: <https://revistas.ucr.ac.cr/index.php/pensamiento-actual/article/view/33804/33283>. Acesso em: 13/10/2018.

WALDMAN, Eliseu Alves e MELLO JORGE, Maria Helena de. Vigilância para acidentes e violência: instrumento para estratégias de prevenção e controle. Ciência e saúde coletiva. Rio de Janeiro, v. 4, n. 1, p. 71-79, 1999. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81231999000100006>. Acesso: 18/08/2018.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Preventing suicide: a global imperative. Geneva: World Health Organization; 2014. 92p.

Downloads

Publicado

2019-09-01

Como Citar

Marcolan, J. F., & Silva, D. A. da. (2019). O comportamento suicida na realidade brasileira: aspectos epidemiológicos e da política de prevenção. Revista M. Estudos Sobre a Morte, Os Mortos E O Morrer, 4(7), 31–44. https://doi.org/10.9789/2525-3050.2019.v4i7.31-44