Um lugar para o corpo: fotografias familiares em contexto de luto

Autores/as

  • Carolina Junqueira dos Santos Departamento de Antropologia Universidade de São Paulo (USP) Av. Prof. Luciano Gualberto, 315, 1º andar, sala 1061 http://orcid.org/0000-0002-3867-7004

DOI:

https://doi.org/10.9789/2525-3050.2017.v2i3.8-29

Resumen

Desde o seu surgimento, em 1839, o dispositivo fotográfico foi amplamente utilizado para retratar a família, seus membros e vínculos. A nova imagem técnica logo se tornou parte essencial da vida doméstica, exibindo o meio familiar como instituição social e como portador de laços íntimos e amorosos. O artigo aborda o universo da fotografia   de família, destacando sua produção e seu uso no contexto funerário e de luto. A ideia central é a de que o retrato fotográfico, depois da morte da pessoa retratada, torna-se o novo corpo do morto, lugar de contato e vínculo. O luto é pensado como um estado permanente de conexão do vivo com os seus mortos. Olhar a fotografia do ausente é uma forma do vivo ser olhado de volta, um meio dele também não ser esquecido. A presença de ambos os corpos, o do vivo e o do morto, é essencial no processo simbólico que se desenrola, que faz projetar uma relação sempre atualizada. Mas, por fim, talvez sejam as fotografias objetos puramente melancólicos e vazios, através dos quais se evidencia a solidão dos sobreviventes.

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Biografía del autor/a

Carolina Junqueira dos Santos, Departamento de Antropologia Universidade de São Paulo (USP) Av. Prof. Luciano Gualberto, 315, 1º andar, sala 1061

Pós-doutoranda no Departamento de Antropologia da Universidade de São Paulo (USP/FAPESP). Doutora   em Artes pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com estágio sanduíche na Faculté des Sciences Sociales/Université de Strasbourg. Pesquisadora do GRAVI - Grupo de Antropologia Visual, da Universidade de São Paulo (USP).

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Publicado

2019-02-25

Cómo citar

Santos, C. J. dos. (2019). Um lugar para o corpo: fotografias familiares em contexto de luto. Revista M. Estudos Sobre a Morte, Os Mortos E O Morrer, 2(3), 8–29. https://doi.org/10.9789/2525-3050.2017.v2i3.8-29