Chamada para o DOSSIÊ 22 (Preservação dos espaços cemiteriais e funerários: desafios e soluções): v. 11, n. 22, jul./dez. 2026

2024-12-22

Dossiê v. 11, nº. 22, jul.-dez., 2026

TEMA: Preservação dos espaços cemiteriais e funerários: desafios e soluções

PRAZO PARA SUBMISSÃO DE ARTIGOS: 30 de julho de 2025

DIRETRIZES PARA AUTORES EM: http://seer.unirio.br/index.php/revistam/about/submissions#authorGuidelines

 

Organizadoras:

Profa. Dra. Viviane Maria Cavalcanti de Castro – Universidade Federal de Pernambuco

Profa. Dra. Ana Catarina Peregrino Torres Ramos – Universidade Federal de Pernambuco

Ma. Pollyana Calado de Freitas – Doutoranda do Museu Nacional – Universidade Federal do Rio de Janeiro

 

Chamada

Atualmente, o patrimônio cultural, como categoria de pensamento (Gonçalves, 2002), em uma perspectiva mais ampla, vai além de ser um mero marcador de identidade e incorpora também uma agenda política. A instrumentalização de bens como patrimônio exige uma reflexão que permita desnaturalizar e compreender a complexidade desse conceito, sendo responsabilidade dos órgãos de preservação e da sociedade promover a preservação como uma ação sociopolítica, convertendo o patrimônio em um instrumento político que dialogue com questões relacionadas aos direitos humanos. Nesse sentido, a Portaria n° 375/2018, que institui a Política de Patrimônio Material, estabelece, entre seus princípios, a participação ativa da sociedade, o desenvolvimento sustentável, o direito à cidade e a reparação histórica, visando à preservação e valorização do patrimônio cultural. Assim, no campo da patrimonialização, os cemitérios, como equipamentos múltiplos e plurais, estão conectados aos direitos fundamentais da coletividade, incluindo o direito à cidade e à memória. O reconhecimento dos cemitérios como Patrimônio Cultural e o crescente interesse pelos Estudos Cemiteriais destacam seu valor como campos de análise social e reforçam a proteção de suas referências culturais, que incluem valores históricos, antropológicos, arqueológicos, arquitetônicos, religiosos, artísticos e paisagísticos. Nas grandes cidades, os cemitérios conservam elementos urbanísticos que possivelmente já se perderam no contexto urbano, como traçados, edificações, estilos arquitetônicos, materiais de construção, inscrições literárias e expressões artísticas, contribuindo para a preservação da memória urbana. Contudo, há uma lacuna no entendimento dos instrumentos de proteção, frequentemente vistos como restritivos; quando, na verdade, visam à manutenção e requalificação conforme diretrizes patrimoniais. Ademais, a gestão e a legislação para a preservação desses espaços apresentam desafios para os órgãos competentes, dada a extensa área e a diversidade de elementos que os cemitérios contêm.

Diversas iniciativas têm sido implementadas para promover a preservação e a conservação dos cemitérios, como a publicação do guia "Orientações para Conservação dos Cemitérios" pelo National Trust of Australia; a atuação da Associação de Cemitérios Históricos Monumentais na Europa e a Rede Argentina de Valorização e Gestão Patrimonial dos Cemitérios. No Brasil, a Associação Brasileira de Estudos Cemiteriais (ABEC), fundada em 2004, desempenha um papel significativo nesse contexto, assim como a Carta de Morelia, de 2005, que serve como diretriz patrimonial. É importante destacar que os cemitérios reconhecidos como patrimônio frequentemente possuem elementos arquitetônicos valorizados pela história da arte, sendo comumente classificados como museus a céu aberto e associados à monumentalidade. Contudo, ao reconhecer que o patrimônio cultural é uma construção resultante de disputas sociais, busca-se promover uma abordagem mais inclusiva que também valorize os cemitérios ligados às experiências cotidianas das pessoas comuns, assim como os espaços funerários ou mortuários de contextos dolorosos, cemitérios rurais e quilombolas, entre outros. A preservação dos cemitérios exige comprometimento e esforços para garantir a proteção, acessibilidade e democratização desses locais, respeitando a diversidade das práticas funerárias no Brasil. Visando fomentar o debate multi e interdisciplinar sobre a preservação patrimonial, o dossiê “Preservação dos Espaços Cemiteriais e Funerários: desafios e soluções” reunirá artigos que investiguem iniciativas voltadas para a preservação desses locais, incluindo inventários, ações educativas, roteiros de turismo cemiterial, práticas de musealização e análises de conservação. Além disso, o dossiê incluirá textos que apresentem propostas metodológicas, teóricas ou técnicas com diretrizes para a preservação e conservação de espaços cemiteriais, assim como análises e discussões sobre os processos de patrimonialização de cemitérios e espaços funerários.

 

Referências bibliográficas

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