Memória, identidade e diferença nas práticas musicais em Laje do Muriaé em finais do século XIX e a chegada da colonialidade do saber em música: uma constatação a partir de uma fonte histórica e da crítica à narrativa sobre Giuseppe Masini
Resumo
Três trabalhos sobre aspectos históricos da região noroeste fluminense, mais especificamente Laje do Muriaé (RJ), guardadas as suas especificidades, destacam que um músico italiano, chamado Giuseppe Masini, havia chegado na localidade, a partir da segunda metade do século XIX, vindo do Rio de Janeiro e que modificou completamente a vida cultural lajense. O objetivo deste ensaio é abordar uma discussão sobre como a presença do músico italiano pode ser analisada também como a própria presença da colonialidade, constitutiva da modernidade de um saber musical, praticada na região destacada, atuando na mentalidade da pequena freguesia. Notamos que o processo de aburguesamento da sociedade lajense é, de fato, impulsionado pela ascensão econômica da região, sobretudo, a partir das lavouras de café. Contudo, acredito ter sido acentuado também pela presença de uma música cortesã de matriz europeia. Contribuindo assim para a afirmação de um colonialismo do pensamento musical na microrregião e também suas adjacências, com reflexos perenes. O gênero historiográfico da micro-história permite reconhecer realidades conjunturais, já conhecidas, através da exploração das fontes destacadas em trabalhos anteriores e fontes recém desveladas. Apoio os argumentos nos estudos sobre cultura, identidade e diferença, para a compreensão do contexto sociocultural analisado. Pretendo discutir como a presença de Giuseppe Masini, relatada no texto de Manoel Ligiéro (1960), que destaca a passagem de Masini pela região, em diálogo com o registro contido em uma fonte histórica da atividade do músico italiano, confirmam a existência de uma colonialidade entre as práticas musicais historiadas na região.
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- 2024-02-27 (2)
- 2023-03-02 (1)