Uma análise estrutural de Garota de Ipanema – de Antônio Carlos Jobim e Vinícius de Moraes
Resumo
Este artigo é um recorte da minha pesquisa sobre as técnicas composicionais de Antônio Carlos Jobim e traz uma análise da sua canção Garota de Ipanema, com letra de Vinícius de Moraes, obra mundialmente consagrada e representativa do repertório do movimento da bossa nova. A análise pretende identificar relações entre elementos estruturais da peça, partindo de desdobramentos e adaptações ao repertório da música popular de conceitos teóricos de Heinrich Schenker (1868-1935) e Arnold Schoenberg (1874-1951), como as análises de Forte (1995) para baladas americanas dos anos de 1924 a 1950 e as análises de Araújo e Borém (2013) para composições de Hermeto Paschoal. O resultado da análise demonstra que a peça organizada como uma forma ternária na tonalidade de Fá Maior, possui uma seção A, estável harmonicamente, enquanto sua melodia estrutura-se sobre as notas do arpejo descendente do acorde da dominante (Sol-Mi-Dó). Por outro lado, a seção B, instável harmonicamente, possui uma superfície melódica estruturada sobre o arpejo ascendente das notas do acorde sobre a Tônica (Fá, Lá Dó). A última aparição da seção A traz uma variação melódica, com a inversão da direção de sua estrutura interna, agora ascendente e estruturada sobre as notas Sol, Lá, Dó, Mi. Uma das conclusões da análise é que o compositor faz uso de tensões harmônicas como notas estruturais para suportar o plano melódico de superfície, corroborando as pesquisas anteriores que demonstram o uso de estruturas básicas particulares em obras como Chovendo na Roseira (ALMADA, 2010) e Samba de um nota só (ALMADA, 2011).Downloads
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Publicado
2015-03-19
Edição
Seção
Artigos - Linguagem e Estruturação/Teoria da Música/Sonologia