Mikhail Bakhtin e John Cage: ato e atividade sonora em 4’ 33’’ – algumas aproximações teóricas

Autores

  • Ricardo Mendonça Petracca UNIRIO

Resumo

Talvez Mikhail Bakhtin (1895-1975) e John Cage (1912-1992) nunca tenham se encontrado em vida. Porém, ao caminhar na direção da indeterminação e do acaso em música, o compositor se aproxima de muitos aspectos abordados por Bakhtin em seus escritos. De um lado, Cage confere importância composicional e conceitual ao momento da execução da obra ao constituí-la de sons não previstos pelo compositor. Com base na filosofia zen, propõe o abandono do desejo de controle da música e sugere uma nova atitude ao escutar música. Ao refletir sobre sons voluntários e involuntários e inserir o acaso em suas obras, considera a atividade dos sons, da forma como estes se apresentam em determinado momento, entendendo que, desta maneira, a dicotomia entre arte e vida desaparece. Bakhtin, por sua vez, constata as características de um evento em um ato único, singular e irrepetível e que pode ser apreendido por meio de uma arquitetônica que descreve os elementos que o constitui. Assim, utilizando-se de um plano único de análise (o ato) o filósofo pretende eliminar a separação entre o mundo da cultura e a vivência. Neste sentido, ao associar a arte e vida, entende a obra de arte como conteúdo de uma atividade estética realizado em um determinado material sem deixar de considerar o aspecto contingencial e o caráter de evento presentes no ato estético. Neste trabalho, verifico a proximidade entre o acaso na música de John Cage e o pensamento de Bakhtin, considerando a obra 4’33’’ de Cage.

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Biografia do Autor

Ricardo Mendonça Petracca, UNIRIO

DOUTORADO

PPGM

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Publicado

2015-02-27

Edição

Seção

Artigos - Composição