O Regente – seu Habitus, Campo e Estratégia
Resumo
Este trabalho tem por objetivo apresentar a pesquisa de mestrado realizada junto ao PPGM, na linha etnografia das práticas musicais, através da exposição das suas questões fundamentais e da análise das observações de campo. O objeto desta pesquisa é o agente com a função específica de organizar uma música de conjunto, isto é, os sujeitos que atuam com regência. Partindo da etnografia de uma orquestra sinfônica, propõe-se uma reflexão sobre a função social do regente enquanto mediador e agente da construção, manutenção e reprodução dos discursos tradicionais sobre a música de concerto. Usando os conceitos de habitus, campo e estratégia, sintetizados por Pierre Bourdieu, pretende-se levantar que ideologias os regentes dissimulam e como elas podem ser evidenciadas. A hierarquia, que se manifesta na orquestra sinfônica através da sua estrutura física, da organização das famílias de instrumentos e da disputa pela liderança dos naipes, pode ser vista também como homologia da estrutura social. O maestro atua reforçando essas diferenciações através da produção da crença de uma essência universal da música de concerto – que não estaria, neste sentido, inserida em qualquer cultura – e de um plano musical sobrenatural que confere dom a determinados músicos e que o vocaciona para comandar a orquestra. A crença numa eleição transcendental dos maestros se relacionaria com conceitos medievais cujo objetivo era manter a aceitação das diferenciações sociais. Ela ainda contribui para a visão de que a orquestra seria o instrumento do maestro e este o único real intérprete numa situação de concerto sinfônico.Downloads
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Publicado
2015-03-15
Edição
Seção
Artigos - Etnomusicologia/Música Popular