Significados e sentidos do repertório em uma roda de choro

Autores

  • Renan Moretti Bertho UNICAMP

Resumo

Ao analisar os dados etnográficos construídos em uma roda de choro de São Carlos, interior de São Paulo, surgem as seguintes inquietações: “Quais são os sentidos do repertório nesse espaço?” e “O que orienta a repetição dos choros na roda?”. Para responder tais questões faço uso da análise cultural da música, conceito desenvolvido por John Blacking (2000) como um programa para pesquisas na área de etnomusicologia. A essa proposta agrego ainda dois aspectos levantados por Thomas Turino (2008), a saber: performance participativa e performance de apresentação. Estas propostas teóricas confirmam a hipótese de que a possibilidade de repetir choros, somente sob algumas condições, caracteriza importante fator estrutural da roda de choro estudada. Deste modo, o presente trabalho tem como objetivos principais mapear os momentos onde é possível repetir músicas que já foram tocadas e elencar questões relacionadas ao repertório, revelando assim características musicais, culturais e sociais. Os resultados apresentam análises de questões centrais, como por exemplo, os significados de tocar sem auxílio de partitura, os revezamentos (tanto entre os músicos quanto entre músicos e público) e a ressignificação das noções de “tempo” e “valor”. A conclusão apresenta uma reflexão sobre os sentidos do repertório neste espaço, enfatizando que a escolha dos choros na roda revela aspectos culturais e sociais fundamentais para compreensão de questões estruturais da prática musical investigada. Tal relação adquire profundidade ao localizarmos o repertório como “calendário da roda”, essencial para limitar o tempo de duração da roda à performance dos choros, mensurando assim a prática à significação musical, cultural e social.

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Biografia do Autor

Renan Moretti Bertho, UNICAMP

PPGIA

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Publicado

2015-03-15

Edição

Seção

Artigos - Etnomusicologia/Música Popular