Colaboração intérprete-compositor: o contato de Luciano Berio com intérpretes flautistas e a composição da Sequenza I, para flauta solo
Resumo
O presente artigo aborda o relacionamento intérprete-compositor, com foco na colaboração na composição de uma obra musical específica, a Sequenza I (1958), para flauta solo, do compositor italiano Luciano Berio (1925-2003). Berio manteve, ao longo de sua carreira, contato com músicos específicos de diversos instrumentos, fato comprovado pela série de Sequenze, dedicada e motivada por características técnico-musicais de intérpretes específicos. Nesse contexto, a Sequenza I foi elaborada, sobretudo a partir da colaboração do flautista Severino Gazzelloni (1919-1992), conterrâneo e amigo pessoal de Berio. O presente trabalho objetiva introduzir o leitor às correspondências dos intérpretes flautistas Severino Gazzelloni e Aurèle Nicolet a Luciano Berio, consultadas, transcritas e traduzidas na pesquisa de mestrado realizada pela autora a partir de manuscritos situados na Fundação Paul Sacher (Basileia, Suíça)2. Posteriormente, dialogando com as ideias apresentadas por Mark McGregor em Severino Gazzelloni and the music of Berio and Fukushima (2012), evidenciamos as principais passagens da peça em que é notória a influência de Gazzelloni na escritura da Sequenza I por Berio, tais como a exploração de técnicas estendidas para flauta, incluindo o uso de trêmulos com intervalos diversos, cliques de chave e multifônicos. Na conclusão, ressaltamos os reflexos do contato de Luciano Berio com intérpretes flautistas na composição da obra em questão, onde há pleno domínio da escrita instrumental, evidenciado pela exploração das possibilidades do instrumento em uma escrita extremamente idiomática e perfeitamente executável.Downloads
Não há dados estatísticos.
Downloads
Publicado
2015-03-19
Edição
Seção
Artigos - Linguagem e Estruturação/Teoria da Música/Sonologia