A presença da música popular na primeira obra historiográfica panorâmica sobre a Música Brasileira
Resumo
O presente artigo objetiva analisar a abordagem da música popular no livro A música no Brasil desde os tempos coloniaes até o primeiro decênio da República (1908), de Guilherme de Mello (1867-1932), primeira obra historiográfica panorâmica sobre a música brasileira de que se tem conhecimento. Publicado menos de vinte anos após a proclamação da República, o livro reflete a esperança gerada pelo advento do novo regime na intelectualidade do período. A música popular é definida como resultado da fusão dos costumes das “raças” portuguesa, espanhola, africana e indígena, sendo o lundu, a tirana e a modinha tidos como os gêneros-base da música brasileira. É também mencionado o samba, em suas diversas manifestações regionais. Gêneros urbanos nacionais, como o maxixe e de origem estrangeira, como a valsa e a polca também se fazem presentes, refletindo o estado de espírito cosmopolita do fin de siècle. Já se revela uma valorização da música popular, não tanto per se, mas como potencial material de base para a construção de “obras-primas” elaboradas nos moldes eruditos, raciocínio que se consolidaria nas ideias de Mário de Andrade. A modinha, frequentemente mencionada ao longo de todo o livro, é tratada como a principal “matéria-prima” para a realização dessa tarefa. Entre os compositores de música popular, são destacadas as figuras do carioca Laurindo Rebelo e do baiano Xisto Bahia. Apesar da forte presença da música popular no texto de Mello, esta é sempre vista numa perspectiva de inferioridade em relação à música erudita.Downloads
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Publicado
2015-03-19
Edição
Seção
Artigos - Musicologia