O Novacorde: do cinema e rádio à música de Villa-Lobos
Resumo
No decorrer de sua profícua carreira de compositor, Heitor Villa-Lobos (1887-1959) dispensou uma atenção especial à exploração de novos timbres, escrevendo para instrumentos exóticos como o tambu-tambi (Choros nº 6), o camisão (Choros nº 6, nº 9, nº 12 e cantata profana Mandú-Çarará) ou o violinofone, também conhecido como violino de Stroh em função de seu inventor, o alemão Johannes Mathias Augustus Stroh (bailado Amazonas e poema sinfônico Uirapurú). Há também os efeitos extraídos de instrumentos tradicionais através do uso de surdinas em posições especiais como a surdina virada (Quarteto de Cordas nº 3, Trio nº 3 e Choros nº 7) ou mesmo pela exploração da técnica expandida. Entretanto, poucos sabem que Villa-Lobos escreveu para o que pode-se chamar de avô do sintetizador moderno. Este artigo discute o uso que o compositor fez do novacorde, um dos primeiros sintetizadores fabricados no mundo, em algumas de suas mais importantes obras orquestrais. No primeiro movimento da Fantasia para violoncelo e orquestra, Villa-Lobos dispensa uma pequena mas importante parte para esse instrumento, e esse fato comprova quanto o compositor estava atento às novas possibilidades sonoras. Surpreendentemente, nenhuma das gravações comerciais dessa obra, disponíveis no mercado, o usaram. Recentemente o The Novachord Restoration Project, reconstruiu o instrumento e lançou no mercado uma gravação, possibilitando dessa forma, a escuta de seus múltiplos timbres captados de forma eficiente. Conhecer melhor o novacorde é de fundamental importância para os intérpretes de Villa-Lobos, pois assim comprova-se que o compositor fez sua escolha de forma consciente e que os diversos timbres desse instrumento possibilitam o enriquecimento de suas obras de forma contundente.Downloads
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Publicado
2015-03-22
Edição
Seção
Artigos - Teoria e Prática da Execução Musical