Entre normas e negociações: a presença feminina na restauração musical Católica no Brasil (Menção Honrosa)
Resumo
O presente trabalho aborda a presença de mulheres no contexto da Restauração Musical Católica no Brasil, entre 1903 e 1963, bem como a ausência feminina ou seu lugar de menor destaque na historiografia da música no Brasil. Assim, questiona-se: as mulheres tiveram atuação no cenário musical religioso católico nos sessenta anos que antecederam o Concílio Vaticano II (1962-1965)? Quais nomes as fontes para o estudo da música revelam e quais funções estas mulheres exerciam? Como a presença feminina nas práticas musicais em geral no Brasil tem sido abordada pela historiografia e por trabalhos acadêmicos recentes? Para tanto, foi empreendida pesquisa bibliográfica e documental, no âmbito de nossa investigação doutoral. Os dados aqui apresentados tiveram como principais referenciais de análise os trabalhos de Joël Candau e Michael Pollak acerca das memórias, esquecimentos e identidades. Os resultados apontam para um crescente número de trabalhos que têm se ocupado da atuação feminina nas práticas musicais no Brasil, especialmente aqueles redigidos ou organizados por Lopes e Nogueira, Bellard Freire e Portela, Neiva, Porto Nogueira e Fonseca, Ribeiro e suas colaboradoras, dentre outros. No plano das práticas musicais católicas no Brasil, percebeu-se que apesar das normas eclesiásticas, foram encontradas soluções locais, tal como a chamada missa privada, nas quais poderiam soar coros mistos. A documentação musicográfica recolhida a diversos acervos do país revela a massiva presença feminina, seja como cantoras, instrumentistas ou regentes. Exemplificam tal presença Maria da Anunciação Lorena Barbosa, Elvira Barcellos, Celeste Jaguaribe, Amélia de Mesquita, Sebastiana de Godoy Lima, Philonila e Theonila Paiva, Edesia Aducci, Adelaide Socrates, Flavia Nicacio, Nair Alves Ferreira, Madre Julia Cordeiro, Marcelle Guamá, Cândida Acatauassú Nunes, religiosas da Ordem das Ursulinas e da Congregação das Filhas de Santana, dentre outras. Resta à historiografia, entretanto, o desafio de preservar as memórias da atuação musical feminina no Brasil.Downloads
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Publicado
2018-06-01
Edição
Seção
Artigos - Musicologia