Trágico e angústia do amor:reflexões sobre A hora do lobo, de Ingmar Bergman
Resumo
A questão da angústia do amor emerge da incompatibilidade entre a exigência existencial do cuidado com o outro e a necessidade cotidiana das demonstrações de afeto. O que está em jogo na relação de amor é a ação condicionada pela conservação de um sentimento que deveria ser, por natureza, incondicionado. Desse modo, não faz sentido que o começo, a conservação e o fim do amor sejam determinados pelo comportamento dos amantes como mostra a experiência cotidiana. Como não reside sua conservação no empenho na relação, o fim do amor resta sempre incompreendido na experiência. A superação do fim do amor, por sua vez, parece colocar ao amante o reconhecimento da finitude do amor, e o fim do sofrimento por esta perda traz consigo o dilema de que a própria razão de ser do sofrimento é vazia, e mesmo que pode ter sido um absurdo haver sofrido. Através de uma compreensão trágica do amor, bem como da angústia em que se funda, propõe-se que o amor, em sua singularidade própria, é sempre tudo aquilo que pode ser, não havendo uma legítima justificativa para a dor, o ressentimento, o arrependimento ou a culpa. O amor, em sua verdade, é a cada vez pleno, e tal plenitude se dá em sua própria efemeridade, só não sendo compreendida propriamente quando, em sua realidade finita, é deixado cair na insignificância e no esquecimento.Downloads
Não há dados estatísticos.
Downloads
Como Citar
Moraes, D. (2014). Trágico e angústia do amor:reflexões sobre A hora do lobo, de Ingmar Bergman. Revista Morpheus - Estudos Interdisciplinares Em Memória Social, 4(6). Recuperado de https://seer.unirio.br/morpheus/article/view/4129
Edição
Seção
Artigos originais