A teatralização da performance instrumental na música para violão de Arthur Kampela
Palavras-chave:
Gesto instrumental. Teatralidade. Arthur Kampela. Violão. Técnica percussiva.Resumo
Este artigo busca investigar o potencial cênico inerente às obras para violão (em maioria peças solistas ou para pequenas formações camerísticas) do compositor brasileiro Arthur Kampela. Com este intuito, e almejando identificar em tais obras o elo existente entre performance e escrita musical, as comparamos àquelas de certos compositores do século XX; é assim que identificamos pontos comuns - sobretudo considerando o gesto instrumental como ponto focal - com o teatro instrumental de Mauricio Kagel, com a musique concrète instrumentale de Helmut Lachenmann e com as técnicas estendidas presentes no repertório violonístico dos últimos sessenta anos. Faz-se um levantamentos das ações instrumentais que o violonista executa a partir de gestos percussivos e estendidos; identificam-se as elaboradas construções rítmicas que permitem-lhe emancipar o movimento de uma mão em relação à outra e que conferem à performance um aspecto coreográfico. Constatamos que a teatralidade das peças de Arthur Kampela vem, em grande parte, da própria relação entre o instrumentista e seu instrumento, do potencial sonoro de seu corpo e do potencial cênico da própria situação de concerto. O movimento corporal engendrado pelos gestos instrumentais é visto como uma série de ações físicas e musicais; ele é também abordado em sua perspectiva espacial (ocupação e exploração do instrumento), propostas que encontram sua origem nas ideias de personalidades do teatro e da dança, tais como Jerzy Grotowski e Klauss Vianna. Colocando-se constantemente como intérprete, Kampela permite que suas obras tenham o instrumentista e sua personalidade como tema principal.
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