A improvisação livre não é lugar de práticas interpretativas
Palavras-chave:
improvisação, práticas interpretativasResumo
Proponho aqui uma reflexão sobre o significado da expressão práticas interpretativas – que, no contexto da música de concerto de tradição europeia, me parece fortemente ligada às ideias de reprodução e adequação – em comparação com a ideia de performance no contexto da improvisação livre. Não se trata de desvalorizar ou deslegitimar o processo de interpretação de obras do passado ou do presente por músicos que se dedicam com seriedade a essa tarefa, mas sim de demarcar os diferentes pressupostos, caracterizando os lugares sociais onde estas duas práticas musicais ocorrem e as perspectivas segundo as quais elas se delineiam. Para desenvolver estas reflexões, me baseio principalmente na minha prática artística e pedagógica em diálogo com alguns conceitos de Foucault, Deleuze, Guattari e Simondon.
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Referências
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