Quantz e a performance musical: uma reflexão sobre experiência estética.
Palavras-chave:
Quantz. Experiência Estética. Tratado. Performance Musical. Flauta.Resumo
Este artigo tem por objetivo apresentar uma reflexão sobre experiência estética na performance musical a partir dos apontamentos de Johann Joachim Quantz (interpretação musical relacionada à execução individual e em público) em seu Versuch einer anweisung die flöte traversiere zu spielen. Trouxemos para o artigo um pequeno recorte da nossa dissertação de mestrado em que tratamos da relevância e importância do tratado de Quantz no período de sua publicação (1752) e o quanto pode ser interessante sua aplicação em nossas decisões performáticas contemporâneas, não só para a interpretação do repertório do século XVIII. Muitas vezes levamos para a nossa rotina diária de estudo do instrumento uma prática que dialoga com padrões musicais do século XIX como é o caso de estudos mecânicos repetitivos que priorizam o desenvolvimento da técnica e da sonoridade. Não desconsideramos o valor do estudo técnico, contudo, trazemos a seguinte observação: é necessário dar importância aos nossos sentimentos, sensações, conhecimento do corpo, percepção do todo quando tocamos o nosso instrumento? A compreensão sobre experiência estética nos fornece ferramentas para esta problematização, demonstrando que é possível conquistarmos uma performance musical que pondera aspectos extramusicais.
Downloads
Referências
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
ANDRIOLO, Arley. A imagem: unificação psicossocial por meio da experiência estética. In: A psicologia social e a questão do hífen, 2017. Disponível em: <http://sites.usp.br/ppg-pst/wp-content/uploads/sites/218/2017/03/psicologiasocialquestaohifen.pdf>. Acesso em: 06 mar. 2018.
BORTOLETTO, Claudia Roberta. Johann Joachim Quantz e a arte de ornamentar: O Arioso e Mesto do Concerto para Flauta e Orquestra em Sol maior (QV 5:174), ornamentado com base no Versuch Einer Anweisung die Flöte Traversiere zu spielen. 2015. 141f. Dissertação (Mestrado em Música) – Instituto de Artes, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2015.
BOLOGNESI, M. F.; PORTICH, A.; SILVA, A. S. Z. Estética: História de um Conceito, Visões Contemporâneas e Educação Estética. São Paulo: Unesp, 2012.
BERLEANT, Arnold. The Art in Knowing a Landscape. Diogenes, v. 59, n.1, p. 52-62, 2013.
_________________. Notes for a Phenomenology of musical performance. Philosophy of Music Education Review, n. 2, v. 7, p. 73-79, 1999.
BOURDIEU, Pierre. As regras da arte. Tradução de Maria Lucia Machado. São Paulo: Companhia das letras, 1996.
COELHO, Cecília Maria Valentim Teixeira. A experiência estética tecida pelo canto no processo social: Sensibilidade, Tempo e Pertencimento. 2017. 105f. Dissertação (Mestrado em Psicologia) – Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2017.
CARPENA, Lucia Becker. Sobre a Qualidade das tonalidades e seu efeito na expressão dos ‘affecten’ (Johann Mattheson, 1713): Tradução e breve introdução. Revista Música, v. 13, n. 1, p. 219-241, 2012.
CUNHA, Rosemyriam. A prática musical coletiva. Revista brasileira de música, Rio de Janeiro, v. 26, n. 2, p. 345-365, 2013.
DUFRENNE, Mikel. Estética e Filosofia. 3a ed. São Paulo: Perspectiva, 2008.
DART, Thurston. Interpretação da Música. São Paulo: Martins Fontes, 1990.
ELIAS, Norbert. Mozart: Sociologia de um gênio. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1995.
FRAYZE-PEREIRA, João A. A Alteridade da Arte: Estética e Psicologia. Psicologia USP, v. 5, n. 1-2, p. 35-60, 1994.
FONTERRADA, Marisa Trench de Oliveira. De Tramas e Fios: Um ensaio sobre música e educação. 2. ed. São Paulo: Editora Unesp; Rio de Janeiro: Editora Funarte, 2008.
HANSLICK, Eduard. Do Belo ao Musical: uma contribuição para a revisão da estética musical. Campinas: Editora da Unicamp, 1989.
LIMA, Sonia Albano de. (Org). Performance & Interpretação Musical: uma prática interdisciplinar. São Paulo: Musa Editora, 2006.
LINDE, Hans-Martin. Pequeno Guia para a Ornamentação da Música do Barroco (Séc. XVI – XVIII). Tradução de H. J. Koellreutter. 2a ed. São Paulo: Musicália S/A – Cultura Musical, 1979.
MURILLO, Rodolfo. Spanish Translation of Johann Joachim Quantz Essai D’Une Méthode pour apprendre à jouer de la flute travesière. 1997. 490f. Tese (Doutorado em Música) - Arizona State University, Arizona, 1997.
OLESKIEWICZ, Mary. The Flutes of Quantz: Their Construction and Performing
Practice. The Galpin Society Journal, v. 53, p. 201-220, 2000.
____________________. Johann Joachim Quantz: Thematischsystematisches Verzeichnis. Notes. Disponível em: <http://jjquantz.org/wp-content/uploads/2011/03/REFERENCE%20QV%20by%20Oleskiewicz.pdf>. Acesso em: 22 fev. 2018.
QUANTZ, Johann Joachim. On Playing the Flute. Tradução de Edward Reilly. Edição para ebook. Londres: Faber and Faber, 2010.
RÓNAI, Laura. Em busca de um mundo perdido: Métodos de flauta do barroco ao século XX. Rio de Janeiro: Topbooks, 2008.
REIS, Alice Casanova. A experiência estética sob um olhar fenomenológico. Arquivos Brasileiros de Psicologia, v.63, n. 1, p. 75-86, 2011.
REILLY, Edward. Quantz and the Transverse Flute: Some Aspects of His Practice and Thought regarding the Instrument. Early Music, v. 25, n. 3, p. 428-438, 1997.
RAY, Sonia. Aspectos psicológicos na performance musical. In: XI Simpósio Internacional de Cognição e Artes Musicais, 2015, Anais... 2015.
SWANWICK, K. Ensinando música musicalmente. Tradução de Alda Oliveira, Cristina Tourinho. São Paulo: Moderna, 2003.
SEKEFF, Maria de Lourdes. Da música: seus usos e recursos. 2a ed. São Paulo: Unesp, 2004.
SLOBODA, J. A. What Makes a Musician. EGTA Guitar Journal, v.1, n.5, p. 18-22, 1994.
SIQUEIRA, Victor Pinheiro Faro Homem de. Técnicas de respiração segundo
flautistas: uma perspectiva histórica – de Johann Joachim Quantz (1752) a Michel Debost (2002). 2012. 103f. Dissertação (Mestrado em Música) – Escola de Música, Universidade Federal da Bahia, Salvador.
ZUMPANO, Nivia Gasparini. Os parâmetros expressivos na execução ao cravo e suas abordagens: um estudo sobre a expressividade cravística. 2013. 207f. Tese (Doutorado em Música) – Instituto de Artes, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2013.
