Mácula e Contágio: a peste como resultado do miasma em Édipo Rei

the plague as a result of miasma in Oedipus King

Autores

DOI:

https://doi.org/10.9789/2525-3050.2021.v6i11.39-61

Palavras-chave:

Míasma, Peste, Contágio, Pureza, Impureza

Resumo

O presente artigo busca analisar a maneira pela qual a noção de míasma se mostra indispensável para a compreensão do contágio e da peste em Édipo Rei. Para tanto, tratar-se-á de alguns excertos homéricos que demonstram a relação dos personagens com a purificação das mãos antes de ações cultuais, de um lado e, de outro lado, a abordagem que Ésquilo e Sófocles conferem sobre as noções de pureza e impureza. Por fim, será aprofundada a dimensão catastrófica que o míasma pode alcançar, por meio da tragédia Édipo Rei. Desse modo, busca-se sustentar a tese de que a peste contagiosa, em Édipo Rei, é fruto da própria sujeira do personagem-título, sujeira essa para a qual Édipo não providenciou uma limpeza adequada. Nesse sentido, procura-se desvincular da peça a noção de castigo divino, para sustentar que, na tragédia, o sangue possui extrema força como veículo de contaminação.

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Biografia do Autor

Cristina de Souza Agostini, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Professora de História de Filosofia Antiga e de Ensino de Filosofia do curso de Filosofia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.

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Publicado

2021-09-28

Como Citar

Agostini, C. de S. (2021). Mácula e Contágio: a peste como resultado do miasma em Édipo Rei: the plague as a result of miasma in Oedipus King. Revista M. Estudos Sobre a Morte, Os Mortos E O Morrer, 6(11), 39–61. https://doi.org/10.9789/2525-3050.2021.v6i11.39-61