“Dormiram no Senhor”: memorial on-line como espaço cemiterial adventista no contexto da pandemia de Covid-19
DOI:
https://doi.org/10.9789/2525-3050.2024.v9n17.e12333Palavras-chave:
morte, adventismo, espaços cemiteriais, memorial on-line, obituáriosResumo
O presente artigo consiste no estudo dos memoriais on-line como espaços cemiteriais no contexto da confissão religiosa adventista do sétimo dia. Para isso, analisa-se a plataforma virtual Em Memória, criada em honra às vítimas da denominação que morreram de Covid-19 no Brasil. Este artigo partiu de um levantamento sobre elementos do estado da arte dos estudos de cemitérios virtuais e memoriais on-line, dentre os quais se destacam investigações pioneiras que demonstraram a relevância de tais iniciativas para a construção coletiva da identidade dos mortos e a manutenção de vínculos. Em seguida concentra-se no estudo do memorial virtual, Em memória, em seu diálogo com a perspectiva da confissão adventista do sétimo dia do passamento e das práticas funerárias e cemiteriais. Considera-se que, apesar de não haver uma comunicação dirigida diretamente ao morto, já que na tradição adventista morte significa inexistência, a necessidade de conexão se justifica pela compreensão de que, no retorno de Jesus, os crentes que morreram voltarão a viver.
Downloads
Referências
Andreasen, N. (2011). Morte: origem, natureza e erradicação. In Tratado de Teologia: Adventista do Sétimo Dia (pp. 353-389). Tatuí: Casa Publicadora Brasileira.
Ariès, P. (2014). O homem diante da morte. São Paulo: Editora Unesp.
Ariès, P. (2017). História da morte no Ocidente: da Idade Média aos nossos dias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira.
Bacchiocchi, S. (2007). Imortalidade ou ressurreição? Uma abordagem bíblica sobre a natureza humana e o destino eterno. Engenheiro Coelho: Unaspress.
Bacchiocchi, S. (2012). Crenças populares: o que as pessoas acreditam e o que a Bíblia realmente diz. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira.
Baldini, L. J., & Nascimento, E. M. (2012, janeiro). “Esse verso é um pouquinho de uma vida inteira...”: os inumeráveis e a morte inominável. Revista Linguasagem, 37, 67-90.
Brunt, J. (2011). Ressurreição e glorificação. In Tratado de Teologia: Adventista do Sétimo Dia (pp. 390-420). Tatuí: Casa Publicadora Brasileira.
Bull, M., Lockhart, K. (2007). Seeking a Sanctuary: Seventh-day Adventist and the American Dream, 2nd ed. Bloomington: Indiana University Press.
Campos, L. (2016, setembro a dezembro). Protestantes brasileiros diante da morte e do luto: observações sobre rituais mortuários. Rever, 16 (3), 144-173.
Catroga, F. (2010, janeiro a junho). O culto dos mortos como uma poética da ausência. ArtCultura, 12 (20), 163-182.
Crockett, W. (Ed.). (1996). Four views on Hell. Grand Rapids: Zondervan.
Franco, M. H. (2021). O luto no século 21: uma compreensão abrangente do fenômeno. São Paulo: Summus.
Fuchs, F. (2021). Sobre a tipologia de espaços fúnebres cemiteriais. Paisagem e Ambiente, 32 (48), e183969. https://doi.org/10.11606/issn.2359-5361.paam.2021.183969.
Giamattey, M. E. (2020). Processo de luto diante da ausência de ritual fúnebre na pandemia da COVID-19: análise documental jornalismo on-line. [Dissertação de Mestrado em Saúde Mental e Atenção Psicossocial, Universidade Federal de Santa Catarina].
Giamattey M. E. P., Frutuoso J., Bellaguarda, M. L. dos R.. (2022). Rituais fúnebres na pandemia de COVID-19 e luto: possíveis reverberações. Escola Anna Nery. Revista de Enfermagem, 26, spe, e20210208. https://doi.org/10.1590/2177-9465-EAN-2021-0208.
Goulart, A. (2003). Um cenário mefistofélico: gripe espanhola no Rio de Janeiro. [Dissertação de Mestrado em História, Universidade Federal Fuminense].
Hayashi, M. C., Maroldi, A. M., Hayashi, C. R. M. (2021). Reconhecimento científico e avaliação post-mortem em obituários acadêmicos da revista pesquisa FAPESP: estudo bibliométrico e de conteúdo. Brazilian Journal of Information Studies: Research Trends, 16, 1-32.
Klass, D., Silverman P. R., Nickman, S. (orgs.). (1996). Continuing bonds: New understandings of grief. London: Taylor & Francis.
Klass, D., & Walter, T. (2001). Processes of grieving: how bonds are continued. In M. S. Stroebe, R. O. Hansson, H. Schut, W; Stroebe (orgs.). Handbook of bereavement research: Consequences, Coping and Care (pp. 431-448). American Psychological Association.
Knight, G. (2005). Em busca de identidade: o desenvolvimento das doutrinas adventistas do sétimo dia. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira.
Le Goff, J. (1990). História e memória. Campinas: Editora da Unicamp.
Lauwers, M. (2015). O nascimento do cemitério: Lugares sagrados e terra dos mortos no Ocidente medieval. Campinas: Editora da Unicamp.
MacNeil, A., Findlay, B., Bimman, R., Hocking, T., Barclay, T., & Ho, J. (2021). Exploring the Use of Virtual Funerals during the COVID-19 Pandemic: A Scoping Review. Omega, 302228211045288. Advance online publication. https://doi.org/10.1177/00302228211045288
Miklos, J. (2010). A construção de vínculos religiosos na cibercultura: a ciber-religião. [Tese de Doutorado em Comunicação e Semiótica, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo].
Mendonça, A. (2008). O celeste porvir: A inserção do Protestantismo no Brasil. São Paulo: Edusp.
Moskala, J. (2016). Does Isaiah 65:17–25 Describe the Eschatological New Heavens and the New Earth?. Faculty Publications, 206, 187-210. https://digitalcommons.andrews.edu/pubs/206.
Navon, S., & Noy, C. (2022). Like, share, and remember: Facebook memorial Pages as social capital resources. Journal of Computer-Mediated Communication, 14 (1), 1–12.
Novaes, A. (2021, abril). Consolo escatológico: cemitérios, morte e porvir em relatos e obituários adventistas durante a Gripe Espanhola (1918-1920). Revista Brasileira de História das Religiões, 14 (40), 37-58.
Novaes, A., Marcelino, M. A. (2022, maio a agosto). Legados exemplares: a narrativa sobre a vida e as virtudes nas notas de falecimento da “Revista Adventista”. Revista NUPEM, 14 (32), 220-236.
Novaes, R. Os crentes e as razões para viver e para morrer. (1983). In J. Martins (org). A morte e os mortos na sociedade brasileira. São Paulo: Editora Hucitec.
Oliveira, P., & Bezerra, D. (2022). Memorialização e ritualização do luto na era das mídias sociais: uma análise do Memorial Facebook. Mnemosine, 18 (2), 170-194.
Paroschi, W. (2017). Death as Sleep: The (Mis)use of a Biblical Metaphor. Journal of the Adventist Theological Society, 28 (1), 26-44.
Santana, F. (2011). A retórica fúnebre: uma abordagem histórico-discursiva de epitáfios, obituários e memoriais virtuais. [Doutorado em Letras, Universidade Federal de Pernambuco].
Ramos, H. (2015). Além-túmulo no Facebook: Vida após a Morte e Luto na Era Digital. Observatorio (OBS*), 9 (4), 31-50.
Rezende, R. (2011). Um lugar para os mortos: os usos das comunidades virtuais como cemitérios digitais. Anais do XVI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste. Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação.
Rigo, K. (2012). Curtir? Compartilhar? Comentar? Chorar? Cyberespaço e suas manifestações sobre a morte no Facebook a partir da perspectiva da imortalidade de Zygmunt Bauman. Anais do Congresso Internacional da Faculdades EST. Faculdades EST.
Roberts, P. (1999). Tangible Sorrow, Virtual Tributes: Cemeteries in Cyberspace. In B. De Vries (ed.). End of Life Issues: Interdisciplinary and Multidimensional Perspectives (337–358). New York: Springer Publishing.
Roberts, P. (2004a). Here Today and Cyberspace Tomorrow: Memorials and Bereavement Support on the Web. Funerals and Memorial Practices, 28 (2), 41-46.
Roberts, P. (2004b). The living and the dead: community in the virtual cemetery. Omega: the Journal of Death and Dying, 49 (1), 57-76.
Roberts, P.; Vidal, L. (2000). Perpetual care in cyberspace: A portrait of Web memorials. Omega: The Journal of Death and Dying, 40 (4), 521-545.
Roberts, P, Neal, N., & Shamitz S. (1999). Who left the flowers? Visiting in virtual cemeteries. Anais do Annuals Meetings of the Gerontological Society of America. Gerontological Society of America, San Francisco.
Tomasi, J. (2013). “Eternamente off-line”: as práticas do luto na rede social do Orkut no Brasil (2004-2011). [Dissertação de Mestrado em História, Universidade do Estado de Santa Catarina].
Tonetti, M. (2021, novembro). Memorial da pandemia. Revista Adventista, 116, 1375.
Vicente da Silva, A. (2011). Ritualizando o enterro e o luto evangélico: compartilhamento e incomunicabilidade na experiência da finitude humana. [Tese de doutorado em Ciências Sociais, Universidade do Estado do Rio de Janeiro].
Vicente da Silva, A. (2017, janeiro a junho). Vivos e mortos no “Círculo de Oração”: o rito de luto na Igreja Assembleia de Deus. Revista M. Estudos sobre a morte, os mortos e o morrer, 2 (3), 94-115.
Vicente da Silva, A. (2020). Os ‘ritos possíveis’ de morte em tempos de coronavírus. Dilemas: Revista de estudos de conflito e controle social, Seção Reflexões na Pandemia, 1-12.
Vicente da Silva, A., Rodrigues, C., Aisengart. R. (2021, setembro a dezembro). Morte, ritos fúnebres e luto na pandemia de Covid-19 no Brasil. Revista NUPEM, 13 (30), 214-234.
Vieira, W. (2014). O obituário contemporâneo nos jornais e nas coletâneas: uma discussão sobre gênero textual e sociedade. [Dissertação de Mestrado em Estudos Culturais. Universidade de São Paulo, São Paulo].
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Licença Creative Commons CC BY 4.0