O “terrível mal do Oriente” nas terras capixabas: a cólera, o medo e a morte (1855-1856)

Autores

  • Sebastião Pimentel Franco Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) – Espírito Santo, Brasil
  • Jória Motta Scolforo Arquivo Público do Estado do Espírito Santo (APEES) – Espírito Santo, Brasil

DOI:

https://doi.org/10.9789/2525-3050.2024.v9n17.e12860

Palavras-chave:

morte, imprensa, cólera, medo, Espírito Santo

Resumo

Este artigo investiga, nas páginas do jornal Correio da Victoria, primeiro periódico de circulação regular na Província do Espírito Santo, em edições da década de 1850, nas correspondências do governo provincial e no livro do memorialista Padre Antunes Siqueira, as atitudes da população local diante do pavor e do medo provocados pela cólera, assim como, as providências tomadas pelo governo provincial frente à epidemia. Tal doença, além de provocar grande comoção e temor, proporcionou significativas transformações nos costumes referentes aos cuidados dos doentes e nos procedimentos dedicados aos falecidos. Por meio das fontes pesquisadas, mostrou-se possível observar o quanto a enfermidade alterou os modos de ser e de agir da comunidade capixaba e causou uma série de receios e pânicos diante da sua chegada e alastramento. Para isso, trouxemos um breve histórico sobre a doença e suas consequências no oitocentos e verificamos, nas fontes analisadas, as demonstrações das sensações por ela provocadas; as recomendações indicadas; os medicamentos prescritos, quer pela medicina douta e pela medicina popular; qual estrato social foi mais atingido pela doença e o quantitativo de mortos.

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Biografia do Autor

Sebastião Pimentel Franco, Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) – Espírito Santo, Brasil

Doutor em História Social pela Universidade de São Paulo. É Professor Titular da Universidade Federal do Espírito Santo onde atua no Programa de Pós-Graduação em História Social das Relações Políticas. Atualmente é também professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência, Tecnologia e Educação do Centro Universitário Vale do Cricaré. CV: http://lattes.cnpq.br/9537169486446367

Jória Motta Scolforo, Arquivo Público do Estado do Espírito Santo (APEES) – Espírito Santo, Brasil

Este artigo investiga, nas páginas do jornal Correio da Victoria, primeiro periódico de circulação regular na Província do Espírito Santo, em edições da década de 1850, nas correspondências do governo provincial e no livro do memorialista Padre Antunes Siqueira, as atitudes da população local diante do pavor e do medo provocados pela cólera, assim como, as providências tomadas pelo governo provincial frente à epidemia. Tal doença, além de provocar grande comoção e temor, proporcionou significativas transformações nos costumes referentes aos cuidados dos doentes e nos procedimentos dedicados aos falecidos. Por meio das fontes pesquisadas, mostrou-se possível observar o quanto a enfermidade alterou os modos de ser e de agir da comunidade capixaba e causou uma série de receios e pânicos diante da sua chegada e alastramento. Para isso, trouxemos um breve histórico sobre a doença e suas consequências no oitocentos e verificamos, nas fontes analisadas, as demonstrações das sensações por ela provocadas; as recomendações indicadas; os medicamentos prescritos, quer pela medicina douta e pela medicina popular; qual estrato social foi mais atingido pela doença e o quantitativo de mortos.

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Publicado

2024-01-05

Como Citar

Franco, S. P., & Motta Scolforo, J. M. S. (2024). O “terrível mal do Oriente” nas terras capixabas: a cólera, o medo e a morte (1855-1856). Revista M. Estudos Sobre a Morte, Os Mortos E O Morrer, 9(17). https://doi.org/10.9789/2525-3050.2024.v9n17.e12860