"Cuidar mais da saúde dos vivos do que do descanso dos mortos": a Santa Casa da Misericórdia no trato da morte em Vitória-Espírito Santo, na segunda metade do século XIX
DOI:
https://doi.org/10.9789/2525-3050.2019.v4i8.397-418Palavras-chave:
Santa Casa de Misericórdia, história da morte, Vitória, história do Espírito Santo, modernizaçãoResumo
Este artigo tem o objetivo de verificar como se deu a atuação da Irmandade da Santa Casa da Misericórdia no processo de modificação do entendimento da morte e do morrer na cidade de Vitória-ES, durante a segunda metade do século XIX. Analisando jornais e relatórios de inspetores de higiene produzidos nesse período, sustentaremos a hipótese de que o malogro da Santa Casa da Misericórdia em modificar alguns hábitos funerários da população local – como o reposicionamento do cemitério público na cidade e a tentativa de monopolizar o aluguel de esquifes – representou não apenas a força política das antigas irmandades naquela cidade, como também a persistência de formas tradicionais de entendimento da morte e do morrer na capital do Espírito Santo, até os anos iniciais da Primeira República. Por fim, o artigo tem o objetivo de preencher uma importante lacuna nos estudos a respeito dessa temática na historiografia capixaba, considerando os contornos que o processo de modernização da morte possuiu, ao longo da história do Espírito SantoDownloads
Referências
ABREU, Laurinda. Misericórdias, Estado Moderno e Império. In: PAIVA, José Pedro (Coord.). Portugaliae Monumenta Misericordiarum. Vol. 20. Lisboa: União das Misericórdias Portuguesas, p. 245-277, 2017.
CABRAL, Jacqueline e VELLOSO, Verônica Pimenta. Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro. In: Dicionário Histórico-Biográfico das Ciências da Saúde no Brasil (1832-1930). On-line. Disponível em: <http://www.dichistoriasaude.coc.fiocruz.br/iah/pt/verbetes/stcasarj.htm>. Acesso em: 13/11/2018.
FRANCO, Renato Júnio. O modelo luso de assistência e a dinâmica das Santas Casas de Misericórdia na América portuguesa. Estudos Históricos. Rio de Janeiro, v. 27, p. 5-25, 2014.
FRANCO, Sebastião Pimentel. Terribilíssimo mal do Oriente: a cólera na província do Espírito Santo (1855-1856). Vitória: EDUFES, 2015. 242p.
KOSELLECK, Reinhart. Futuro passado: contribuição à semântica dos tempos históricos. Rio de Janeiro: EDPUCRJ, 2006. 368p.
NASCIMENTO, Mara Regina do. Irmandades leigas em Porto Alegre: práticas funerárias e experiência urbana, séculos XVIII e XIX. Tese (Doutorado em História). Programa de Pós-Graduação em História, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2006. 362p.
PERINI, Júlia Freire. Deixai morrer, deixai viver: as mudanças no sentido da morte na cidade de Vitória-ES durante a segunda metade do século XIX e os primeiros anos da República. Tese (Doutorado em História). Programa de Pós-Graduação em História, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, 2019. 257p.
PIVA, Izabel Maria da Penha e SIQUEIRA, Maria da Penha S. A Santa Casa da Misericórdia de Vitória: ação da irmandade no atendimento à pobreza em Vitória – ES (1850-1889). Revista Ágora. Vitória, n. 2, p. 1-26, 2005.
ROCHA, Levy. Viagem de Dom Pedro II ao Espírito Santo. Vitória: Arquivo Público, 2008. 285p.
RODRIGUES, Cláudia. Lugares dos Mortos na cidade dos Vivos: tradições e transformações fúnebres na cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Secretaria Municipal de Cultura, 1997. 274p.
RUSSEL-WOOD, Anthony John R. Fidalgos e filantropos: A Santa Casa de Misericórdia da Bahia, 1550-1755. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1981. 383p.
SÁ, Isabel dos Guimarães. Quando o Rico se faz Pobre: Misericórdias, Caridade e Poder no Império Português, 1500-1800. Lisboa: CNCDP, 1997. 319p.
SANTOS, Estilaque Ferreira dos. História da Câmara Municipal de Vitória: os atos e as atas. Vol. 1. Vitória: Câmara Municipal de Vitória, 2014. 540p.
SCHWAB, Affonso e FREIRE, Mário Aristides. A Irmandade e a Santa Casa da Misericórdia do Espírito Santo. Vitória: Arquivo Público Estadual, 1979. 247p.
WEBER, Beatriz Teixeira. As Artes de Curar no Brasil: medicina, religião e positivismo na República Rio-Grandense (1889-1928). Santa Maria: Ed. da UFSM; Bauru: EDUSC – Editora da Universidade do Sagrado Coração, 1999. 249p.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Licença Creative Commons CC BY 4.0