E quando é morto o imperador? Batalhas memoriais nos funerais de D. Pedro II (1891)

Autores

  • Luciana Pessanha Fagundes Fundação Casa de Rui Barbosa (FCRB), RJ, Brasil. Rua São Clemente, 134, 22260-000, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ. http://orcid.org/0000-0003-3936-7435

DOI:

https://doi.org/10.9789/2525-3050.2016.v1i1.27-52

Palavras-chave:

Rituais fúnebres, Memória, Símbolos de poder, Necrológios, Usos do passado

Resumo

Este artigo tem como objetivo analisar os debates e as manifestações ocorridas durante as cerimônias fúnebres de D. Pedro II, em dezembro de 1891. Um momento marcado por intensas disputas memoriais, cujo cerne envolvia o lugar que esse personagem, símbolo da Monarquia, iria ocupar no passado, que a República brasileira construía. Apesar de os funerais de D. Pedro II terem ocorrido em Paris e Lisboa, o ritual fúnebre foi acompanhado no Brasil, por meio da imprensa, que tratou também de divulgar as inúmeras missas e manifestações aqui realizadas, publicando extensos necrológios sobre o imperador. Como um espaço de luta simbólica, marcado por diferentes interesses e interpretações, a imprensa consistiu em um dos importantes atores envolvidos nesse momento.

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Biografia do Autor

Luciana Pessanha Fagundes, Fundação Casa de Rui Barbosa (FCRB), RJ, Brasil. Rua São Clemente, 134, 22260-000, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ.

Doutora em História, Política e Bens Culturais pelo Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil, da Fundação Getúlio Vargas. Bolsista de pós-doutorado júnior, na Fundação Casa de Rui Barbosa, sob orientação do pesquisador Marcos Veneu.

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Publicado

2019-02-25

Como Citar

Fagundes, L. P. (2019). E quando é morto o imperador? Batalhas memoriais nos funerais de D. Pedro II (1891). Revista M. Estudos Sobre a Morte, Os Mortos E O Morrer, 1(1), 27–52. https://doi.org/10.9789/2525-3050.2016.v1i1.27-52