E quando é morto o imperador? Batalhas memoriais nos funerais de D. Pedro II (1891)
DOI:
https://doi.org/10.9789/2525-3050.2016.v1i1.27-52Palavras-chave:
Rituais fúnebres, Memória, Símbolos de poder, Necrológios, Usos do passadoResumo
Este artigo tem como objetivo analisar os debates e as manifestações ocorridas durante as cerimônias fúnebres de D. Pedro II, em dezembro de 1891. Um momento marcado por intensas disputas memoriais, cujo cerne envolvia o lugar que esse personagem, símbolo da Monarquia, iria ocupar no passado, que a República brasileira construía. Apesar de os funerais de D. Pedro II terem ocorrido em Paris e Lisboa, o ritual fúnebre foi acompanhado no Brasil, por meio da imprensa, que tratou também de divulgar as inúmeras missas e manifestações aqui realizadas, publicando extensos necrológios sobre o imperador. Como um espaço de luta simbólica, marcado por diferentes interesses e interpretações, a imprensa consistiu em um dos importantes atores envolvidos nesse momento.Downloads
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