As relações entre escrita e oralidade na transmissão do choro, dos primórdios à atualidade
Resumo
O objetivo desta comunicação é demonstrar como as práticas escritas e orais dialogam na transmissão e relações de ensino-aprendizagem do gênero musical choro ao longo da história, desde seu surgimento até a atualidade. A investigação faz parte de pesquisa de doutorado em andamento cujo tema é a relação entre escrita e oralidade no ensino e aprendizagem do choro, utilizando como estudo de caso a Semana Seu Geraldo, em Leme -SP. Desde o aparecimento no Brasil dos gêneros musicais que posteriormente viriam a ser conhecidos como choro, na segunda metade do século XIX, a transmissão teve como característica marcante a oralidade, sem no entanto prescindir de registro escrito. As partituras manuscritas, compiladas em cadernos que circulavam entre os músicos, continham basicamente a melodia, sendo que os acompanhamentos rítmicos e harmônicos eram habitualmente transmitidos de maneira oral. A formação dos músicos de sopros normalmente se dava em instituições oficiais, ao passo que o aprendizado de instrumentos harmônicos acompanhadores, como violão e cavaquinho, ocorria quase sempre através da oralidade e imitação. Também não havia escolas especializadas em ensino de música popular. Já na segunda metade do século XX, o exemplo das aulas particulares do violonista Jayme Florence (Meira) revela que sua maneira de ensinar contemplava tanto o aprendizado escrito como o oral, combinando-os em uma metodologia mista. Esta metodologia serviu de base para o surgimento da Escola Portátil de Música, no Rio de Janeiro, e dos festivais de choro promovidos pela instituição, entre eles a Semana Seu Geraldo. O artigo também discute a utilização dos termos escrita e oralidade em detrimento de ensino formal, não formal e informal e a inadequação destes últimos para categorizar processos de ensino e aprendizagem no caso do choro.Downloads
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Publicado
2018-06-01
Edição
Seção
Artigos - Música Popular