A obra Quando se muda a paisagem…, de Rodrigo Lima, como um processo de solfejos
Palavras-chave:
Solfejo. Processos criativos. Estruturação composicional, Quando se muda a paisagem, Percepção.Resumo
O presente artigo visa estudar o ato composicional partindo da ideia de solfejos. Tradicionalmente solfejo é tido como a atividade de entoar uma linha melódica (notas e ritmos) de uma partitura sem a ter ouvido previamente, partindo de um repertório perceptivo formado de antemão. Mas tal princípio está também presente de forma profunda e abrangente no ato criativo, pois este lida diretamente com a percepção de quem cria e, por mais que a composição possa ser permeada de buscas pelo novo, ela parte inicialmente de uma bagagem interna construída anteriormente. Portanto, é possível aplicarmos a concepção de solfejo na composição, ampliando-a também à relação entre harmonias, texturas, gestos, afetos, estruturas, etc. Partindo dessa premissa, analisaremos a primeira seção (cc. 1 – 33) de Quando se muda a paisagem…, obra para orquestra de câmara composta por Rodrigo Lima em 2008. Investigaremos pistas de seus solfejos e as diversas camadas que se formam a partir deles. Também faremos considerações sobre o diálogo entre tais solfejos e as ferramentas compositivas escolhidas pelo compositor, abrangendo: 1) exemplos de uso de uma matriz harmônica, 2) algumas formas de continuidade energética, 3) amplificações e coleções de materiais, 4) sobreposições de eventos e 5) cortes.
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