Morrer mil vezes! As várias mortes de Ana Rodrigues, moradora na Bahia, condenada pela Inquisição
DOI:
https://doi.org/10.9789/2525-3050.2021.v6n12.e11447Palavras-chave:
Inquisição, condenação à morte, resistência religiosa, criptojudaísmoResumo
O artigo pretende analisar o caso da cristã-nova Ana Rodrigues Antunes, matriarca da família Antunes, moradora na Bahia, presa e processada pelo Santo Ofício em fins do século XVI. Morta nos cárceres da Inquisição de Lisboa, seria condenada, mais de dez anos após seu falecimento, a uma segunda morte, tendo os ossos desenterrados e queimados num auto da fé, além de ter sua lembrança exibida de forma trágica num quadro, causando sua morte social quando rememoravam seu final trágico. Se os cristãos-novos foram o grupo mais perseguido pelo Tribunal da Inquisição, o caso de Ana Rodrigues destaca-se pelo rigor da pena estipulada. A partir da análise de sua trajetória, é possível perceber algumas das estratégias de resistência dos neoconversos para a continuidade judaica em tempos de perseguição. É possível, ainda, compreender as estratégias e a lógica da ação inquisitorial, que iam além da punição do réu, atingindo o grupo que o cercava e servindo didaticamente de aviso a quem intentasse ir contra as normas católicas. “Mundo de medo”, que nem sempre acabava com a morte.
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