Morrer mil vezes! As várias mortes de Ana Rodrigues, moradora na Bahia, condenada pela Inquisição
DOI :
https://doi.org/10.9789/2525-3050.2021.v6n12.e11447Mots-clés :
Inquisição, condenação à morte, resistência religiosa, criptojudaísmoRésumé
O artigo pretende analisar o caso da cristã-nova Ana Rodrigues Antunes, matriarca da família Antunes, moradora na Bahia, presa e processada pelo Santo Ofício em fins do século XVI. Morta nos cárceres da Inquisição de Lisboa, seria condenada, mais de dez anos após seu falecimento, a uma segunda morte, tendo os ossos desenterrados e queimados num auto da fé, além de ter sua lembrança exibida de forma trágica num quadro, causando sua morte social quando rememoravam seu final trágico. Se os cristãos-novos foram o grupo mais perseguido pelo Tribunal da Inquisição, o caso de Ana Rodrigues destaca-se pelo rigor da pena estipulada. A partir da análise de sua trajetória, é possível perceber algumas das estratégias de resistência dos neoconversos para a continuidade judaica em tempos de perseguição. É possível, ainda, compreender as estratégias e a lógica da ação inquisitorial, que iam além da punição do réu, atingindo o grupo que o cercava e servindo didaticamente de aviso a quem intentasse ir contra as normas católicas. “Mundo de medo”, que nem sempre acabava com a morte.
Téléchargements
Références
Assis, A. A. F. de & Vainfas, R. (2005). A Esnoga da Bahia: Cristãos-novos e criptojudaísmo no Brasil quinhentista. In K. Grinberg (Org.). Os Judeus no Brasil: ensaios sobre inquisição, imigração e identidade (pp. 43-64). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.
Assis, A. A. F. de & Vainfas, R. (Org. e apresentação) (no prelo). Ossos queimados, uma octogenária do Brasil penitenciada em Lisboa. Denúncias, confissões e peças fundamentais do processo contra Ana Rodrigues. Leiria: Editora Proprietas.
Assis, A. A. F. de. (2012). Macabeias da Colônia: Criptojudaísmo feminino na Bahia. São Paulo: Alameda Editorial.
Castro, A. S. de. (2004). Os ratos da Inquisição. Lisboa: Frenesi. (Trabalho original publicado em 1883).
Costa, H. J. da. (2009). Narrativa da Perseguição. Brasília: Senado Federal. (Trabalho original publicado em 1811).
Dellon, C. (1996). Narração da Inquisição de Goa (2ª ed.). Lisboa: Edições Antígona. (Trabalho original publicado em 1687).
Ianchel, S. Z. (1981). A Inquisição na Bahia: estudo do processo de Ana Roiz. [Dissertação de Mestrado, Universidade de São Paulo].
Lipiner, E. (1969). Os Antunes, Descendentes dos Macabeus. In E. Lipiner. Os judaizantes nas capitanias de cima (estudos sôbre os cristãos-novos do Brasil nos séculos XVI e XVII) (pp. 122-143). São Paulo: Brasiliense.
Lourenço, L. C. (2016). Palavras que o Vento Leva: A parenética inquisitorial portuguesa dos Áustrias aos Braganças (1605-1673). [Dissertação de Mestrado, Universidade Federal Fluminense].
Mattos, Y. de (Org. e apresentação) (no prelo). Notícias Recônditas sobre o procedimento da Inquisição portuguesa com seus presos. Leiria: Editora Proprietas. (Trabalho original publicado em 1708).
Nazário, L. (2005). Autos-de-fé como espetáculos de massa. São Paulo: Humanitas.
Novinsky, A. (2009). Inquisição: Prisioneiros do Brasil, Séculos XVI a XIX (2ª ed.). São Paulo: Perspectiva.
Oliveira, H. R. S. de. (2012). Mundo de medo: Inquisição e cristãos-novos nos espaços coloniais. Capitanias de Pernambuco, Itamaracá e Paraíba (1593-1595). [Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Rio Grande do Norte].
Saulnier, C. (1987). A Revolta dos Macabeus. São Paulo: Paulinas.
Schiappa, B. (2018). A dimensão Teatral do Auto da Fé. Lisboa: Colibri.
Téléchargements
Publiée
Comment citer
Numéro
Rubrique
Licence
Ce travail est disponible sous la licence Creative Commons Attribution 4.0 International .
Licença Creative Commons CC BY 4.0