Apresentação do Dossiê nº18: Morte aparente e os fins últimos do corpo (séculos XVIII e XIX)
DOI:
https://doi.org/10.9789/2525-3050.2024.v9n18.e13347Palavras-chave:
Morte aparente, Enterros precoces, Fins últimos, Cadáver, ÓbitosResumo
O que define os limites entre a vida e a morte? Para além de suas dimensões éticas, religiosas, filosóficas e subjetivas, essa pergunta vem acompanhando os debates médicos durante anos. Desde a Antiguidade, ao escreverem seus prognósticos, os médicos procuravam definir os sinais que indicavam o estado de morte. Os textos reunidos neste dossiê revelam as diversas matizes de um debate que se constituiu entre fins do século XVIII e XIX, no contexto europeu e no Brasil. De forma geral, as análises apontam a tentativa dos médicos em se apropriar cada vez mais do corpo morto como objeto da ciência, seja para perscrutar nele os sinais da morte, seja para tomá-lo como objeto de estudo e de manipulação. Por um lado, os médicos buscavam evitar os enterros prematuros; por outro, a morte aparente serviu de mote para defender o monopólio médico sobre os óbitos e os sepultamentos. A despeito dos conhecimentos médicos que se têm hoje sobre a definição de morte, casos de pessoas consideradas mortas que retornam à vida, esses lázaros do século XXI continuam a despertar a curiosidade e o imaginário populares e a suscitar debates entre os médicos sobre os limites entre a vida e a morte.
No intuito de refletir sobre as questões que envolvem os fins últimos do corpo, o presente dossiê reúne artigos que procuram debater sobre o tema. Resultado de um projeto de pesquisa e da colaboração de pesquisadores de instituições brasileiras e internacionais, os textos aqui apresentados perpassam por diversas perspectivas sobre os usos do corpo post-mortem e a morte aparente.
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Referências
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