Cemitério São Miguel e Almas: uma necrópole confessional e privada em Porto Alegre nas primeiras décadas da República

Autores

  • Mauro Dillmann Universidade Federal do Rio Grande (FURG) Instituto de Ciências Humanas e da Informação (ICHI) Rua Marechal Floriano Peixoto, 2236. CEP: 96170000 - Centro São Lourenço do Sul, RS. http://orcid.org/0000-0002-8315-7788

DOI:

https://doi.org/10.9789/2525-3050.2016.v1i1.147-173

Palavras-chave:

Cemitério privado, Práticas fúnebres, Secularização da morte, Administração cemiterial

Resumo

Este artigo tem por objetivo analisar o significado sociorreligioso de um cemitério privado e confessional do sul do Brasil, no contexto republicano nacional de secularização dos cemitérios e de laicização da sociedade das primeiras décadas republicanas. Na perspectiva histórica, analisa-se um cemitério da cidade de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, o São Miguel e Almas, fundado em 1909 por uma irmandade religiosa homônima, constituída por um grupo social economicamente abastado. A intenção é caracterizar os sentidos da gestão privada dos serviços fúnebres e os significados simbólicos do enterro em espaço sagrado católico, numa sociedade que, embora constitucionalmente secularizada e laica, não restringia as possibilidades tradicionais de administração e de experiências de práticas fúnebres religiosas.

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Biografia do Autor

Mauro Dillmann, Universidade Federal do Rio Grande (FURG) Instituto de Ciências Humanas e da Informação (ICHI) Rua Marechal Floriano Peixoto, 2236. CEP: 96170000 - Centro São Lourenço do Sul, RS.

Doutor em História pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Unisinos/RS. Professor Adjunto da Universidade Federal do Rio Grande, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em História, Mestrado Profissional, da mesma Universidade.

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https://doi.org/10.5380/his.v56i1.28644

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Publicado

2019-02-25

Como Citar

Dillmann, M. (2019). Cemitério São Miguel e Almas: uma necrópole confessional e privada em Porto Alegre nas primeiras décadas da República. Revista M. Estudos Sobre a Morte, Os Mortos E O Morrer, 1(1), 147–173. https://doi.org/10.9789/2525-3050.2016.v1i1.147-173