O escotismo e a morte em Portugal. A construção do imaginário “Eterno Acampamento”
DOI:
https://doi.org/10.9789/2525-3050.2020.v5i9.109-124Palavras-chave:
Escoteiros – Portugal – Eterno Acampamento – Protocolo – JuventudeResumo
O presente artigo aborda a relação do universo escotista português com os conceitos de “morte” e “Eterno Acampamento” nas décadas de 1910 a 1930. As premissas do fundador inglês Robert Baden-Powell para que os jovens pudessem aspirar a uma cidadania ativa e produtiva, através de acampamentos e práticas pedagógicas em contextos orográficos agrestes, cedo provocaram divergências internas sobre a finalidade da formação cívica, social, moral e religiosa dos escoteiros, e estenderam-se aos cinco continentes. Porém, o caso português apresenta ainda um outro debate - o problema do destino metafísico dos escoteiros – que, depois de morrerem, para onde iriam as suas almas? Através da leitura da imprensa associativa portuguesa, pode observar-se que o “Eterno Acampamento” é muito mais que um lugar comum. A sua construção e utilização na gíria escotista conseguiu ser um ponto de convergência nos conflitos de interpretação religiosa sobre o destino final de todos estes jovens cidadãos.Downloads
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